Capítulo 3

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 Um pouco distante de Santos, em uma comunidade em área mais simples do litoral, várias famílias lutadoras que ganham a vida com dificuldade, por falta de estudo e de melhores oportunidades, esforçam-se para criar seus filhos e os incentivam a estudar, para que o futuro deles seja melhor que os dos pais.

Douglas termina a faculdade e escolhe essa área para fazer um trabalho voluntário uma vez por semana. A prefeitura local que aceitou a idéia cedeu um terreno e construiu uma quadra de vôlei, uma de basquete, ao redor uma pista de atletismo, e uma grande área coberta para futebol de salão que funcionaria como abrigo para esses esportes em dia de chuva. Douglas obteve todo o material necessário para que ele e mais dois colegas reunissem o maior número possível de crianças, que inscritas, praticariam esporte e ficariam, com isso, longe dos problemas sociais que existiam por lá como em diversos lugares nas periferias. Os três trabalhavam em outros lugares durante a semana e as crianças tinham aulas, o sábado era esperado com ansiedade por crianças e adolescentes que adoraram a idéia.

Sem medir esforços Douglas e seus amigos chegavam às 8hs e só saiam às 18hs. Separavam por idade e por esporte optado, alguns praticavam até mais que um esporte. Depois de alguns meses, mais alguns colegas se apaixonaram pela idéia, toda a área esportiva ficava ativa e cada vez aumentava mais o número de crianças inscritas.

Uma ONG local, onde muitos pais dessas crianças e jovens trabalhavam, conseguiu junto a prefeitura, mais uma área perto das quadras. Em mutirão, construíram uma piscina para que houvesse mais uma opção a seus filhos, a natação, porque a praia ficava um pouco longe e a maioria não sabia nadar.

Douglas, que durante a semana dava aula pela manhã em escola da prefeitura de Santos e a tarde em uma academia, ficava feliz com o trabalho voluntário aos sábados, em auxiliar todas aquelas crianças dispostas a ter uma vida melhor no futuro. Para incentivá-los a estudar durante a semana, só receberiam medalhas nas pequenas competições de que participavam, se suas notas escolares fossem sempre azuis e sem faltas, a menos que fosse por doença.

Em pouco tempo notou-se uma grande diferença no comportamento das crianças e em toda a comunidade que começou a se interessar pelo trabalho dos professores voluntários, e muitos se inscreveram para, voluntariamente também, fazerem a manutenção do local.

Algum tempo depois a prefeitura teve que murar toda aquela área e colocar um posto policial próximo ao local para não ocorrerem mais vandalismos que, por duas vezes, depredaram e picharam o que seria para benefício deles também. As pessoas da comunidade não desanimaram e auxiliaram a prefeitura, arrumando o que foi estragado e pintando tudo de novo, para que ficasse bonito outra vez.

Douglas e seus colegas que já eram em número de oito, seis homens e duas mulheres, faziam um excelente trabalho como instrutores, amigos e muitas vezes confidentes das crianças e dos jovens, estes os procuravam para desabafar questões familiares que os estavam preocupando. Um dia Anete, uma das instrutoras, ouve um relato de uma das adolescentes sobre um problema comum nos dias de hoje, as drogas.

Anete procura Douglas por saber que sua mãe era médica:

- Eu fiquei estarrecida com o que me contou Júlia, sobre o que sua família está passando com seu irmão mais velho do que ela. Além da vida difícil financeiramente, o rapaz pega tudo o que encontra para vender ou trocar por drogas, eles não sabem mais o que fazer para controlar a situação. Ela só me contou porque a peguei chorando sentada perto da piscina encostada na parede, perguntei-lhe o que tinha e desesperada contou-me que o irmão pegou todo o pagamento do pai na noite anterior, e até agora não voltara para casa. Seu pai estava nervoso, pois tinha despesas e obrigações a saudar e tinha que dar um basta desta vez. Júlia tinha medo do que pudesse acontecer ao irmão ou ao pai.

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