Capítulo 5 - Tropicana

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Naquela manhã Karla Morgado desceu da suíte ao lado de sua esposa de mãos dadas. O casal tomou seu primeiro café da manhã juntas desfrutando a vista privilegiada da praia que o quiosque principal do hotel possuía e onde era servido um bufê divino de frutas e pães do caribe. Era um dia particularmente lindo, mas como nem tudo podia ser perfeito Camila tinha de aguentar ouvir sua falsa esposa tagarelando ao seu lado enquanto tentava não ficar secando demais a loira fenomenal da mesa ao lado.

Droga, ela deveria ter trazido óculos escuros.

Para começar toda aquela interação pacifica entre elas era completamente falsa. Só estavam ali para começar a estabelecer socialmente seus disfarces e evitarem levantar suspeitas perigosas, principalmente, quando estavam hospedadas dentro da rede de controle de Bishop e seus capangas ficavam instalados poucos andares abaixo delas. Por isso era essencial manter a discrição sem que com isso deixassem de parecer um casal feliz e satisfeito aproveitando suas férias de verão naquela ilha maravilhosa.

– Você poderia fingir melhor que está prestando atenção em mim, sabia?

Camila lhe devolveu um sorriso sarcástico, respondendo:

– É só me dar algo realmente interessante para focar, amorzinho.

Lauren odiava que a chamassem de coisas no diminutivo. Era tão irritante! E como Camila já havia percebido isso fazia questão de ser uma parceira excelente separando os apelidos mais enjoativos de sua lista para aqueles momentos. Oh, definitivamente, havia se tornado seu maior passatempo naquela missão deixá-la puta da vida.

– Pois bem. – disse a agente do FBI limpando sua boca no guardanapo. – Passe protetor em mim, então. Estou derretendo com esse calor, Karla.

– Como se você fosse tirar a roupa no meio do quiosque.

– E que mal teria nisso?

Camila observou quando sua parceira lhe olhou convencida e desatou o nó da saída de banho presa ao seu pescoço, ficando apenas com a parte de cima do biquíni cobrindo seu busto. Ela tirou a bisnaga de um protetor solar importado da bolsa e pôs em cima da mesa observando a latina arquear sua sobrancelha. Lauren não era uma mulher de meias palavras, então se ela dizia algo era porquê deveria ser levado a sério, só faltava fazer aquela cabeça dura da Cabello entender isso.

– Nós estamos em Cuba meu bem, olhe ao redor está todo mundo de biquíni, claro que você sabe como isso afeta a minha pele e não vai negar esse favor para sua esposa, certo? Isso se conseguir resistir. – Completou Lauren transbordando arrogância.

Camila era Karla Morgado ali fora e como tal tinha o dever de seguir a cena e controlar a vontade de revirar os olhos alguns bilhões de vezes. Deuses, Lauren era gostosa como o inferno, mas conseguia estragar todo o encanto abrindo aquela maldita boca. Parecia que aquela branquela tinha o dom de concentrar todo o egocentrismo do mundo na própria voz junto a sua pose habitual de dona da razão. Era quase como se fosse insuportável para ela sair perdendo em qualquer coisa por mais estúpido que fosse (não que Camila foi muito diferente daquilo).

– Okay. – E Camila tentando ser o mais Karla possível passou o tal protetor por todas as áreas disponíveis ao seu alcance tentando não fazer movimentos raivosos ao tocá-la.

Claro que ela não era ferro e já que estava bancando a esposa prestativa abusou na hora de passar a loção ao redor dos seios e da barriga incrível de sua parceira mesmo que fosse para receber alguns olhares raivosos de volta. Oh, talvez aquela coisa de passar protetor não fosse tão ruim assim.

– Terminei aqui docinho e acho melhor irmos. Você não vai querer se atrasar nas compras, certo?

Obvio que Camila conseguiria ser bem sínica com a situação toda e depois de limpar a oleosidade de suas mãos no guardanapo ajudou até mesmo Lauren com o nó da saída de banho antes de seguirem para fora do quiosque. Já que era para ser dissimulada, então ela seria, no entanto, não perderia a chance de gastar toda a paciência de Lauren junto.

Agente CabelloOnde histórias criam vida. Descubra agora