He's all like "don't touch me"

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Sala de descanso do CHS.1º andar.

As paredes nevadas características do hospital não estavam presentes na sala onde se encontravam dois dos médicos que compunham a equipe do California Sunny Hospital. A sala de descanso tinha um panorama privilegiado da cidade, abençoada com o sol pouco presente nos Estados Unidos. Um vitral sarapintado preenchia toda a parte superior da fachada hospitalar com o desenho de São Camilo de Lélis – o protetor dos enfermos e profissionais de saúde – e seu reflexo coloria parte da parede oposta no interior da sala, dando um ar de amenidade a qualquer um que aparecesse por ali; o CSH era um hospital oficialmente católico, porém quanto a questões de religião, nunca houve problemas. Muitos se questionariam em razão do nome do hospital, na verdade, quando o pai de Charles Whilmer, mais conhecido como Charlie – o herdeiro e médico-chefe do hospital – fundou o CSH, ele pretendia quebrar o tabu de um hospital onde tudo o que se via era sangue e agulhas, tirar o medo dos olhos de todos quando se falavam em médico, queria tornar ensolarado o dia daqueles que recorressem ao trabalho dos brilhantes cirurgiões que ali trabalhavam. Daí o termo Sunny estampado no letreiro índigo do hospital e o lema tão conhecido aos ouvidos dos clínicos que ali trabalhavam "California Sunny Hospital, ainda que o seu dia esteja nublado, aqui é o fim de seus problemas".

Logo abaixo do vitral perfeitamente recortado, uma imensa janela espelhada permitia aos médicos presentes na sala uma perfeita visão da principal Avenida de Malibu, a qual terminava em uma praia inacreditavelmente inconspurcada. Mesmo com o inverno em sua forma mais rigorosa, os tão aguardados raios de sol já eram projetados na cidade, os feixes de luz que passavam por entre as nuvens e desenhavam-nas o contorno iluminado, tornavam a paisagem um eterno por do sol, onde, no lugar da grama verde, a candura da neve tenra abarrotava o cenário do país. Não é a toa que havia pessoas de todas as partes do mundo na Califórnia e que os melhores médicos dos Estados Unidos preferiam cumprir seu período de residência ali.

Os doutores e cirurgiões que compunham a equipe médica desse exemplar hospital eram formados em Yale, Harvard, Oxford... Nas melhores universidades do país, graduados com mérito e escolhidos a dedo para perpetuar a tradição de um dos melhores hospitais dos EUA.

A mão do neurologista batucava com sincronia na mesa de vidro. Barulhos uniformes e irritantemente constantes ecoavam pela sala branda balançando as cadeiras rotativas de acrílico. Finalmente, quando a garganta já estreita não aguentava mais a tensão de guardar seus pensamentos só para si, uma voz masculina – um tanto quanto rouca e inegavelmente sensual – ecoou pela sala.

- Onde estão aqueles idiotas? – O tom nervoso contrastava com o semblante entediado do médico. Seus incríveis olhos verdes eram incrivelmente atrativos, e brilhavam conforme a luz do sol dançava em seu rosto. Já se passava das oito e meia e nenhum dos membros da equipe de residentes que Harry Styles era responsável a treinar estava presente na sala, para variar.

- Bem, um dos idiotas está sentado bem na minha frente... – O cabelo brilhante da médica estava suavemente jogado nos ombros dando à cardiologista um ar belo que foi, como de costume, ignorado pelo neurologista. Já era de praxe as brincadeiras ofensivas um com o outro, tais eram feitas já naturalmente, sem nenhum esforço para pensar em uma resposta irônica ou sarcástica.

- Não enche, Montgomery. Não estou com saco para você hoje. – O renomado neurologista, Dr. Harry Styles, disse se levantando – Não está na hora de você ir assistir Barney não? – Harry ironizou a diferença de idade que existia entre a médica e provavelmente todos os outros médicos já formados daquele hospital.

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