Um mês depois.
Era uma fresta pequena na janela do quarto por onde o sol entrava minimamente e se fazia presente, ainda que a luz artificial fosse a forma de energia luminosa predominante ali.
- Você não está bem. – Anna encarava Harry, entorpecida na aura que o cercava e este a analisava como mais uma de suas pacientes, ainda que naquela situação fosse o contrário. – Você definitivamente não está bem. – A cabeça de Harry tombava para o lado enquanto a mulher o encarava quase como se a dor dele conseguisse ser transmitida pelo ar que dividiam. – O que está te deixando nesse estado? – Harry e Anna vitória sempre mantiveram uma relação de necessidade, tanto para se comunicarem – somente quando o necessário – quanto para se ofenderem – sempre–, mesmo quando não fosse necessário – mas ainda assim, depois dos anos de convivência, não há ninguém tão frio e tão simplório que não tenha no mínimo a curiosidade, ou nesse caso a preocupação, sobre o estado de outro ser se isto não lhe parece normal.
- Você não pode tornar isso tão difícil assim, Harry. Não pode fazer isso comigo. – Anna tentava segurar o choro, mas uma lágrima teimosa ainda escorreu de seus olhos trançado seu caminho ao lençol da cama. – Você não tem o direito de me deixar nesse estado.
Harry a encarou assustado. Então aquilo tudo... Ele havia feito aquilo?
- Anna, me desculpa! Eu não... Eu não sei o que eu fiz, mas eu... Eu não tive a intenção. Eu nunca... – A cardiologista colocou a cabeça entre as mãos e negou com a mesma. Harry não sabia o que fazer e a única coisa que tinha certeza era de que:
1) Ele tinha saído da cirurgia e agora estava em um quarto de hospital.
2) Anna Montgomery estava lá conversando/chorando com/por causa ele/dele.
3)Nada que ele dissesse a faria melhorar.
- Doutora? – Alguém estava na porta.
Robert.
Anna limpou o resquício de lágrima deixado em seu rosto, levantou-se da cadeira que puxara para mais peto de Harry e se virou para o homem como se nada tivesse acontecido segundos atrás.
– Eu preciso falar com você. – Anna rolou os olhos e encarou o homem. – Por favor. – O doutor Hill encarou o homem deitado e dirigiu seu olhar para a cardiologista. – Aqui fora.
- Você não precisa ir, Anna. – Harry disse para a mulher que o encarava.
- Eu já volto. – Ela sussurrou e saiu andando para o lado de fora do quarto. Alguns minutos se passaram, Harry podia ver através do vidro eu separava o quarto do corredor, como uma sala de interrogatório, Anna argumentando exaustivamente sobre algum assunto o qual a leitura labial de Harry não foi capaz de discernir. A cardiologista se via cercada de médico de outras áreas, e aparentemente o "motim" era liderado pelo neurologista. Algo no meio da fala de um dos outros médicos a irritou o suficiente para que largasse todos falando sozinha e voltasse para o quarto.
- Filhos de uma – Os médicos insistiram em acompanhá-la fazendo a médica cortar pela metade a frase. – Ele não vai sair daqui. Não vai mesmo. – Anna piscava freneticamente como um personagem de desenho animado, na tentativa de que em uma dessas piscadas todos os infelizes inúteis que povoavam aquela sala desaparecessem. Infelizmente, os médicos, um tanto mais velhos que ela falavam ao mesmo tempo, murmurando coisas as quais Anna não se dava o trabalho de ouvir. Cansada, pegou uma agulha na bandeja do lado esquerdo da cama onde Harry estava. O médico observou-a chamar rudemente a atenção de todos e sem delicadeza nenhuma espetar o seu dedo com a agulha.
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California Sunny Hospital
FanficEla conserta corações, mas o seu está quebrado. Ele organiza mentes, mas a sua se encontra uma bagunça. Ela faz com que o sangue flua, mas algo a entope. Ele faz com que a pessoa pense, no entanto o seu lado racional se encontra fora de área. O corp...