Finally

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  Enquanto os cabelos enrolados do neurocirurgião balançavam conforme seu passo pelos corredores do hospital na manhã de segunda, tomavam-lhe a mente as imagens que ele vira na sexta, e todas as outras que ele imaginara em seu final de semana de folga. Não era só a cama desarrumada, que permaneceu desarrumada durante o fim de semana. Era tudo. Era quem estava lá. Era quem estava lá, fazendo o que estavam fazendo lá. Era o fato de ser o seu melhor amigo, comendo a mulher mais escrota e mais fudidamente maravilhosa daquele hospital, o "naturalmente" gostosa, já que a grande maioria das mulheres que tinham os mesmos atributos que a Dra. Montgomery naquele hospital tinham passado pelas mãos de Liam Payne em seus anos obscuros de atendimento estético. Era a posição que ela estava. Era a forma como ela sentava e escorregava no corpo do homem embaixo de si, o qual ele não deu a mínima atenção quando percebeu quem estava em cima. Era como a renda delineava o corpo. Era como o cabelo caía de lado e como ela tocava o companheiro. Era tudo. Tudo que ela faria com qualquer um e que não faria com ele.

Já houve muitos escritores que explicaram tal conjuntura. Eles conseguiram sintetizar e escrever, como alguém que nutre um sentimento tão ruim por outro alguém consegue desejar colocar a boca em cada esquina de seu corpo. Como o ódio se transforma em pecado, e a luxúria toma conta. Como Harry escureceu o olhar ao se imaginar no lugar de Zayn, ao desejar estar lá. Tudo isso é a simples síncope do instinto. É a raça, traduzida simplesmente como a sobreposição do impulso à razão. É a liberação constante do desejo e da raiva por não conseguir realiza-lo. Tudo isso transcrito nos gemidos que ele soltou na noite de sexo que teve com Penélope, já que ela era a única do recinto que o satisfaria de uma maneira mais próxima como a que ele achava que Anna faria, e, Deus, como ele queria que ela o tivesse feito. Todo o desejo, a raiva e a dúvida escaparam entre seus lábios avermelhados quando ele chamou o nome de Anna ao invés do da recepcionista na cama.

E tudo aquilo que ele desejava soltar aos sete ventos saiu como um sopro da boca do homem ao ver aquela que dominara os mais maravilhosos pesadelos que ele tivera em toda a vida e seu melhor amigo no fim do corredor. Ela de braços fechados e cabelo preso em uma trança, diferentemente de como ela estava desde a última vez que a vira. O homem... Olhando em sua direção. Vindo em sua direção. Falando, falando, chamando o seu nome. Chamando de novo.

- Harry! – O pediatra empurrou levemente pelo ombro. – Porra, cara. Me escuta! Eu preciso te explicar o que aconteceu sexta.

- Não! – Styles sabia como Zayn ficava quando estava com alguém e, ouvir como Anna era maravilhosa na cama, como o beijo dela era viciante, como ela era perfeita era tudo o que ele não poderia ouvir, por questões de sanidade mental. – Não precisa, eu não ligo se vocês estão namorando, ou o que quer que isso seja. – O homem abanou as mãos no ar e levantou a prancheta, indicando que tinha trabalho.

- Namorando? Não! Você entendeu tudo errado, não tem nado de namoro, nem compromisso... É só físico, só isso. – O neurologista levantou a cabeça e encarou o homem. Balançou a cabeça e respirou fundo. – Vamos... Eu te contaria se tivesse algo mais. Você sabe que sim.

- Não contaria não, da mesma forma que isso acontece há Deus sabe quanto tempo. – Vendo que o amigo abrira a boca para falar ele continuou. – Vamos, Zayn, eu não sou idiota. É a Montgomery. A que não tem um decote fundo ou uma calça que mostre mais do que "deve". A mulher é uma santa e, com você, ela estava como – Ele parou e viu Zayn abaixar a cabeça e balança-la.

- Ok. – O pediatra rendeu-se

- Mas eu não ligo. – Harry suspirou e conseguiu sorrir fraco. – Contanto que não seja na minha casa, eu tô legal com tudo isso. – Ele viu o amigo sorrir, despediu-se e seguiu o caminho do corredor. – Montgomery. – Foram cinco segundos somente. Cinco segundos de perdição, que ele permitiu-se entorpecer pelo perfume que exalava da mulher. – Liam disse que depois do almoço, você, ele, a Parker e eu temos que nos encontrar. Decidir o rumo da pesquisa.

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