Capítulo 4

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{ Rose }

Estou agora a dirigir-me para casa. O dia estava frio e já estava a anoitecer.

Senti de novo aquela sensação de estar a ser seguida. Começo a andar mais rápido por uma rua onde não estou habituada a ir. Olho para trás e não vejo ninguém. Eu tenho a certeza que um tom alaranjado cobria as pontas do meu cabelo, afinal, eu sentia o medo a vibrar no meu coração. As minhas pernas começam a ficar dormentes, as minhas mãos suadas e a boca seca...eu não sei ao certo o que fazer a única certeza que tenho é que tenho que andar rápido e nunca olhar para trás. Será que devia correr?

Automaticamente os meus pés pisam o chão com mais velocidade, e a sensação do vento a bater contra a minha cara consome-me.

Paro por um pouco para respirar fundo. Olho à minha volta para ver se vejo alguém, e vi, vi alguém atrás da parede a espreitar. O medo dentro de mim aumenta. Eu estou mesmo a ser perseguida. Em vez de fugir e correr o mais rápido possível, decido parar e tentar decifrar as poucas feições que vi. Era um rapaz de cabelos e olhos verdes.

Parece-me familiar... Aquele cabelo verde não me é desconhecido, tenho a certeza. Será que foi na escola? É impossível, lá os rapazes são todos uns viciados em moda e demasiados vaidosos. Talvez na biblioteca... Já sei!!! Eu vi-o a passar da janela do meu prédio!!! É ele, é mesmo ele!!!

Assim que termino as minhas conclusões procigo o meu caminho de volta a casa, sempre com atenção ao que se passava atrás de mim.

Quando chego à minha rua corro até ao meu prédio e entro, olho pela janela como fiz da última vez, e vejo o rapaz de cabelos verdes a passar, de novo.

Subo as escadas até ao meu andar e entro em casa. Pouso a mochila e vou ter com os meus pais. Ambos se olham seriamente. Vem aí bomba...

Rose: Olá, esta tudo bem?- pergunto com receio.

Mãe: Ai filha, eu nem sei como dizer o que aconteceu...

Rose: O que se passa?

Pai: O rei foi hoje à empresa e contou-me que já matou uma pessoa por ser diferente e ter poderes, e que a partir de amanhã vem um soldado verificar se há mais pessoas diferentes e com poderes- noto que as lágrimas começam a nascer nos olhos do meu pai- eu e a tua mãe não sabemos o que fazer, a única solução é cortares o cabelo. Não te podemos perder!

A minha mãe já estava a chorar e o meu pai a tentar acalma-la.

Rose: O quê? Não! Eu tenho o cabelo assim por alguma razão e vou descobrir qual é!- E ainda por cima, eu não tenho poderes, só tenho o cabelo diferente.-afirmo

Mãe: Filha ouve o teu pai.

Rose: Não, eu não quero cortar o cabelo! Vocês sabem que se o fizer perco tudo, e eu não quero!

Pai: Como te vais esconder quando eles vierem? Eu tenho a certeza que o rei te mataria se visse o teu cabelo. Eu conheço-o Rose, e sei muito bem que ele ia achar que tens poderes se soubesse que o teu cabelo muda de cor.

Rose: Eu não sei o que fazer, mas arranjarei uma maneira de impedir o pior.

Sem dizer mais nada saio dali e corro para o meu quarto.

Começo a chorar descontroladamente. Eu odeio discutir com os meus pais, mas também odeio que digam para cortar o cabelo. Como é que é possível isto estar a acontecer? Eu não tenho muitas opções... Ou corto ou faço uma trança, mas é tão arriscado.

E se mudar de país?

Provavelmente se me mudasse não teria de esconder o cabelo... Vou ver se arranjo um emprego para ganhar dinheiro. Posso precisar dele caso fugir seja a minha última opção...

Magic Colors [Michael Clifford]Onde histórias criam vida. Descubra agora