Capítulo 33

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Stela ficou nos encarando por um tempo, sem dizer nada.

- Cê vai falar o que tinha pra falar ou não? - perguntei, impaciente.

- Vou sim. É que... na verdade... a gente não transou naquela festa.

- Você mentiu pra mim?

- Não! Eu também não sabia! O Rick que veio me falar hoje! Nós dois ficamos muito bêbados e muito loucos e tal, e dormimos no meio da sala. Aí ele nos levou até o quarto e nos deixou nus, pra você ficar com peso na consciência e contar pra Ellie e acabar tudo entre vocês.

- Aham - falei, mexendo no caderno que tinha o roteiro. - A professora também passou esse trabalho na sua sala?

- Que trabalho?

- Do teatro. Eu e a Ellie estávamos ensaiando e você atrapalhou. Né não?... - Olhei para onde a Ellie estava sentada, que agora era só... grama. - Aí, coisa, a Ellie foi embora! Como que eu vou ensaiar agora? Vou ensaiar com você! Pode sentar aí porque a gente vai ensaiar!

- Você ouviu o que eu disse? O Rick armou pra nós dois, Théo.

- Legal. Eu ouvi. Agora confirmou que eu ainda sou virjão, ótimo. NÃO ME INTERESSA MAIS ESSA HISTÓRIA, STELA. A Ellie não me quer mais, eu não tô mais no time...

- Espera, cê é virgem ainda? Ai, cara, quê isso. Não aproveita a vida, como assim?

- É. E não me incomodo com isso.

- Pô, deu até dó de você agora. - Ela me deu uns tapas nas costas num estilo "coitadinho".

Ah, como assim? Ainda existem meninos de 17 anos virgens, né? Qual é o problema? É que eu nunca me interessei muito assim por garotas e nunca senti que tinha que perder a virgindade. Sim, eu bato punheta, só que isso é uma coisa natural do ser masculino. E quem a Stela pensa que é pra ficar falando isso de mim? Ela não pode me julgar!

- Não precisa ficar com dó de mim. Não tenho problemas quanto a isso.

- Quer ajuda?

- Pra que?

- Pra não ser mais virgem.

- Eu não vou transar com você por livre e espontânea vontade, minha filha.

- Fala aí, qual é o problema? A pipa não sobe, é isso?

- Esse assunto está muito desconfortável. Vamos falar sobre outra coisa. Ou melhor... Eu vou embora.

- Por que?

Peguei o caderninho da Ellie e me levantei. Fui pro meu quarto e estudei um pouco, até começar a ficar cansado e entediado. Eu pensei em ir a vários lugares pra desentediar e acabei resolvendo ficar passeando, mas antes eu tinha que devolver o caderno. Ué, eu vou ficar com ele pra quê, né?

Fui até o quarto da Ellie e bati na porta três vezes. Ninguém atendeu. Aí eu abri e vi uma coisa meio chata... Ellie tava se pegando com o... como é o nome do menino? Ah, Jonas. É. Jonas. Os dois me encararam num estilo "Filho, tem alguém atrapalhando e esse alguém não é a gente. É você". Eu coloquei o caderno na cama que estava desocupada e saí. O coração? Não existe mais. Saí de lá super transtornado (tradução: quase chorando) e acabei trombando em alguém. Pela botinha-fashion, era a Stela. Acho que ela tava saindo do quarto dela e eu trombei, sei lá.

- Desculpe.

- Ei, Théo, espera, vem aqui. O que foi? Cê... cê tá legal?

- Tô. Me deixa.

- Não. Espera. Eu tava indo tomar um suco lá no refeitório, vamos lá comigo. Aí você me fala porquê tá assim.

- Né nada não, Stela. Eu tô legal. - Limpei o nariz.

O Menino dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora