Perception (Real #1)

Quando o Passado Bate à Porta

Summer Sandres não era habituada a ser uma pessoa otimista. A vida havia brincado com as circunstancias de forma a fazê-la entender que nada acontece por acaso, e que nada é, exatamente, aquilo que aparenta ser. Então, quando ela encarou o estranho parado na porta de seu apartamento às sete da manhã de um fim de semana qualquer, ela cerrou os olhos e esperou por uma explicação.

"Posso ajudar?" Ela disse mantendo uma postura firme. O homem à sua frente a encarou sério, como se ela fosse a inconveniência no caminho que ele não esperava encontrar.

"É este o apartamento 302, senhora?!"Ele disse como se estivesse se reportando a um superior. As mãos cruzadas atrás das costas e o rosto sério. Roupas simples, olhar carregado. Summer sentiu os joelhos tremerem ao notar que aquele à sua frente era certamente um oficial das forças armadas.

"Eu não sei quem é você ou o que quer aqui, mas pode dar meia volta e nunca mais voltar." Ela disse sentindo cada batida de seu coração querendo saltar pela boca. Quando ela tentou fechar a porta, ele esticou um braço forte em sua direção e ela imediatamente se encolheu. Ele parou o movimento no meio do caminho.

"Senhora..." Ele tentou falar, mas uma outra voz o interrompeu.

"Mamãe, você acordou eu." Uma garotinha que não poderia ter mais de quatro anos se fez visível e assim que ele direcionou o olhar até dela, a mulher que estava na porta soltou um quase soluço que o fez a encarar outra vez. "Quem é você?" Juliet se aproximou da porta e Summer sentiu como se tivesse perdido a capacidade de reagir. O homem apenas a encarou, sem resposta. A atitude da mulher à sua frente era demasiadamente exagerada, na opinião dele.

"Julliet, volte para o seu quarto, agora!" Ela gritou quando conseguiu recuperar o controle sobre suas cordas vocais. Julliet se assustou com o tom de voz usado pela mãe e imediatamente começou a chorar. Summer sentiu as lágrimas se apossarem de seus próprios olhos. Isso não poderia estar acontecendo. Ela o havia dito para nunca procurá-la. Ele havia prometido. Quem quer que fosse este oficial, ela jamais deixaria que levassem sua filha. Não para ele.

"Senhora, por favor, seja ressonável." Ele disse dando um passo para trás e pronto para sair daquele que agora ele tinha certeza não era o lugar que ele estava procurando. "Eu não quis causar nenhum problema! Estava apenas procurando por..." Mas a frase dele foi interrompida outra vez. A porta que ficava de frente para o apartamento da mulher que o encarava com medo nos olhos se abriu e várias pessoas saíram de lá de uma só vez. O homem suspirou. Aparentemente, o barulho da inacreditável cena no corredor havia acordado os vizinhos. Ótimo!

Quando Ayden ouviu barulhos de conversa do lado de fora, ele apenas virou para o lado na intenção de voltar a dormir. Ele se assustou, no entanto, ao esbarrar em alguém que dormia ao seu lado. Celeste o encarou de olhos arregalados e cabelos desarrumados. Aparentemente, ninguém havia ficado acordado até o fim da maratona de Supernatural da noite anterior. Um olhar na direção do sofá confirmou sua teoria. Ayvan e Luna dormiam da mesma forma como estavam na primeira vez que Ayden os havia flagrado. Uma exclamação mais alta do lado de fora e um choro de criança o tirou de seus devaneios ainda sonolentos.

"Summer!" Celeste exclamou e antes que ele pudesse terminar de processar o significado de tal palavra, ela já estava se levantando e passando apressadamente por cima dele para ir até a porta. O barulho de ela esbarrando na mesa no canto da sala fez os demais ocupantes do apartamento despertarem. Luna sentou-se de repente, reagindo ao susto. Ayvan gemeu quando a cabeça dela fez contato com o queixo dele. Ayden teria rido caso não estivesse tão desnorteado. Puxando um Ayvan cambaleante e ainda sem saber o motivo da confusão pela mão, Luna se direcionou até a porta. Ayden se viu obrigado a fazer o mesmo. Do lado de fora, ele viu um homem de costas para a porta e uma Summer mais branca do que papel parada na porta do apartamento dela.