O covil das ninfas

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Estava observando a água caindo, por trás dela as coisas estavam embaçadas, isso era bom, não queria ver qualquer coisa estranha que passasse por lá. Fazia alguns minutos que os quatro tinham partido, o silêncio que se estalara era quebrado de vez em quando pelos gemidos do garoto ferido.

Sarah estava conferindo pela décima vez os equipamentos, antes dos outros partirem tinham dividido medicamentos, armas, entre outras coisas, igualmente para os dois grupos. Ao seu lado, Estevan gemia. Dave estava encostado em um lado na caverna, do lado da cortina de água que caia, Elisa também, só que estava no outro lado da caverna, tecnicamente, em frente a Dave. O garoto tinha um olhar distante, preocupado. Quando Sarah se afastou, Elisa sussurrou:

-Vocês ainda não se acertaram?

Ele olhou para ela, sorriu e voltou sua atenção para algo além da cortina de água.

-Somos birrentos, não costumamos ceder facilmente.

-Alguém tem que ceder primeiro, não acha? Alias, não sabemos quanto tempo temos até o nosso último suspiro, podemos está discutindo agora e sair para uma batalha e... - ela parou e suspirou, lembrando-se de Pietro - não conseguiremos dizer adeus àqueles que amamos, vamos perdê-los ou morreremos e tudo que mais teremos vontade de fazer é voltar no tempo e resolver tudo, para que nossas últimas lembranças sejam de momentos felizes. Temos que ser realistas, na nossa situação, morrer ou perder alguém são previsíveis possibilidades.

-Por isso que eu não queria que Josh e Sarah viessem... Eu já perdi meu clã, como Sarah te contou, não quero perdê-los também.

Ele finalmente olhou nos olhos da garota. Ela sorriu, envergonhada.

-Quer dizer que você ouviu nossa conversa? - perguntou ela.

-Não estávamos tão longe assim...

-Desculpe se foi intrometida.

-Não, não tem problema. Sabe, eu não me sinto tão triste com isso pois eu era muito novo para ter lembranças que fariam com que me sentisse mal, eu só fico triste pelas lembranças que não tive, pela oportunidade perdida de ter uma família.

-Eu sempre achei desnecessário dizer "sinto muito", pois você não sabe pelo que a pessoa está passando, portanto você não sente de verdade, mas acho que no seu caso eu sei, porque quando eu me imagino sem minha mãe... Perdê-la para a morte... Sua situação foi bem mais traumatizante que a minha, mas, mesmo assim: sinto muito...

Ele sorriu, fazia muito tempo que não conversava com ninguém sobre esse assunto, era bom conversar com ela, era bom está perto dela.

Ela se levantou e se aproximou do garoto, agora estavam frente à frente, joelhos colados.

-Você vai conseguir salvar a sua mãe, vamos achar o livro e você vai acabar com as trevas. Eu não posso prometer isso, mas prometo que darei a minha vida para te ajudar, eu devo isso a luz, filha da lua. Você não está sozinha nesta guerra - ele disse, olhando fortemente a garota.

Ela tocou de leve o seu braço, envergonhada.

-Não quero que morra por mim, pelo contrário, quero que você viva, quero que todos saiam bem dessa jornada, os únicos que têm que morrer são os seres das trevas, eles atravessaram o caminho errado. E vão pagar por isso.

Ela não se reconheceu ao dizer isso, mas não mentiu. Eles irão pagar.

-Eu tenho certeza que sim.

Eles trocaram sorrisos tímidos, e não precisava falar nada. Ela sabia que podia contar com ele, e ele se conformava em ouvir apenas sua respiração, a centímetros da dele.

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⏰ Última atualização: May 11, 2016 ⏰

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A décima filha da lua - Filhas da lua (VL.1)Onde histórias criam vida. Descubra agora