Maybe Someday

Capítulo 06

Sabe quando o seu dia está muito triste e você pensa: "Só falta começar a chover."

Até a mãe natureza é uma traidora. Mas para a minha sorte o carro de Bellamy parou na minha frente não muito antes da chuva começar, e eu entrei sem hesitar.

— Oi — disse assim que me sentei e fechei a porta.

— Oi — respondi, mas não o encarei. Olhei para frente, observei as gostas batendo na janela cada vez mais forte. Eu estava chorando e o céu também, relacionamentos são uma merda.

Senti algo fofo me cobrir e percebi que Bellamy havia colocado uma coberta sobre mim.

— Obrigada — agradeci. Ele não disse nada, e ligou o carro.

Tentei olhar para a janela, me concentrar na paisagem da Arca. Vi várias pessoas correndo da chuva, porque ninguém estava preparado para uma chuva de verão.

Eu normalmente gosto da chuva, do som que ela faz, do conforto que ela traz. Mas no momento o som da chuva só me deixava mais triste, era como aquela música que começava a tocar e você se lembrava de todas as coisas que mais desejava esquecer.

Não sei se triste era a palavra certa para me definir naquele momentos. Eu estava triste? Sim, estava. Mas também estava frustrada, magoada e me sentindo traída. Quis tanto voltar naquele restaurante e contar toda a verdade para Raven, ela merecia saber a verdade. Podia não a conhecer, contudo acredito que ninguém merece passar por isso.

Olhei para Bellamy enquanto dirigia. Sua testa estava franzida, em outro momento aquela expressão teria sido engraçada, ele parecia pensar em algo que não era o caminho de volta para casa.

Soltei um suspiro e encarei a janela mais uma vez, antes de voltar meu olhar para ele.

— Desculpe — disse.

Bellamy me encarou, confuso, mas rapidamente voltou seu olhar para a estrada.

— Por...?

Mostrei um sorriso fraco, mesmo sabendo que ele não estava olhando.

— Por não ter ouvido seu instinto masculino.

O homem soltou uma risada, e eu gostei muito de ouvir aquele som.

— Está tudo bem — falou. — Mas sei um jeito incrível para te fazer sentir melhor.

Arqueei a sobrancelha, curiosa.

— E o que seria esse jeito incrível?

— Frozen yogurt!

☼

Tinha certeza que se Bellamy Blake fizesse uma lista de coisas que eu não sabia dele essa lista ia ser maior do que a lista dos livros que eu (tenho) quero ler antes de morrer. A verdade é que eu mal o conhecia, e por mais que ele se parecesse com Octavia em alguns aspectos, os dois também pareciam ser o completo oposto um do outro.

Nunca, em trilhões de anos, eu iria imaginar que Bellamy, o policial/irmão super protetor/fã louco de história que assiste documentários do History Channel, era um adorador de ursinhos coloridos no seu frozen yogurt.

— Então — comecei. — Que tipo de adulto de vinte três anos enche seu frozen yogurt de balas de goma?

— Que tipo de criança enche o seu frozen yogurt de frutas? — retrucou.

— Ei! — protestei. — Eu tenho dezessete!

Bellamy pareceu surpreso.

— Sério? — indagou fingindo estar incrédulo. — Nem notei.