Forte [FEMINISTA]

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Eu carrego a história
Por minhas veias
A cada batida do meu coração
A cada lágrima
A cada vitória

A história de mil mulheres
As bruxas, cujos feitiços eram pedidos
As loucas, cujas loucuras eram súplicas
E as "vadias" cujos corpos esbanjavam sensualidade

As empregadas, que sustentavam a casa
As garçonetes, que serviam-lhe com um belo sorriso
E as "piriguetes", cujas sinuosas curvas eram destacadas pelas sombras da noite

Sou branca de cabelos lisos,
Sou negra de cachos rebeldes,
Sou dama, sou donzela,
Sou guerreira, sou uma delas.

Cujas vozes mudaram o passado,
Presente
E futuro

Sou uma criada que já foi molestada,
Uma estudante, com a saia amassada,
Sou uma professora, com o rosto espancado.
Sou a superação de violências, abusos e penitências.

Não, não sou perfeita,
Não sei cozinhar,
Passar e nem lavar.

Afinal, fui criada pra MIM,
E não pra você.
Cujo corpo me agrada,
O cabelo então,
Nem se fala.
Sou poderosa, desde o meu nascimento.

Não lhe peço favores,
Não quero privilégios,
Apenas o direito de ter
Direito sobre mim mesma.

A todos os sutiãs queimados,
Maridos desacreditados,
Filhos bem cuidados,
Noites passadas em claro,
E corpos bem representados.

Agradeço,
Pois sem teus gritos,
Tuas lutas e tuas glórias,
Não poderia estar aqui,
A escrever esse relato.

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