Cartas Perdidas I

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Carta de fé

1 de Fevereiro de 2016, São Paulo - SP
Beatriz Evangelista Tavares, n° 3

Me disseram que eu deveria escrever uma carta pra qualquer pessoa, um familiar, amigo, colega, ídolo, qualquer um. E eu escolhi você.
Sabe porquê? Porque minha mente pensa em você todo dia, e sempre em tom de dúvida, eu sei. É complicado, saber que cuidas de mim, mas me deixa a mercê do mundo inteiro, que me ama, mas ao mesmo tempo gosta de brincar com o meu destino... eu não entendo! É complicado demais... é isso que chamamos de fé. Ter certeza que nos olha, cuida e protege, sem nem mesmo conhecermos Você, sem nem te tocar, mas sentir a cada sopro do vento em meus cabelos, em cada gota de chuva, a cada centímetro da minha pele e a cada raio do Sol, o astro rei. Muitos pregam em seu nome, falam por você... mas será mesmo que eles falam por você? Alguns talvez, mas outros pregam o ódio, o mesmo que crucificou seu filho, estamos praticando ainda.
O amor discriminado ainda, o próprio livre arbítrio esquecido, uma teia de mentiras tecidas em Seu nome, o que seria um pecado, mas apenas continuamos assim. Somos falhos, procuramos algo ao qual culpar, ao qual agradecer, e algo a qual nos apegarmos, ao qual podemos ter certeza que não estamos sozinhos no Universo, o que nos causa medo e insegurança. Tememos a solidão, tememos a falta dela, temos medo, e por isso somos assim, brutais, e selvagens entre nós mesmos, tememos as diferenças, tememos o amor, a felicidade e até a própria saudade. Digo, será mesmo que tem de ser assim? Por isso, fiz esta carta pra você, Deus, pra te mostrar, o quão mal estamos, mas o quão bem fingimos estar. É um pedido de ajuda. E eu entenderia se você apenas o ignorasse.
Mas realmente espero que tenhas o amor, que sentem por ti, que ele te preencha, que seja real e ajude-nos, pois nesse momento o que o mundo mais precisa é amor.

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