Ninth chapter of sadness

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Júlie POV

                  

"Como é que ele foi capaz de me fazer uma coisa destas?" Murmurei enquanto limpava as lágrimas, que teimavam em cair pela minha face, enquanto caminhava para encontrar a saída deste hospital. Com a pressa de sair daquele quarto, acabei por me perder nos milhares de corredores deste hospital...

"Porque é que todos os corredores têm que ter as paredes da mesma cor e milhares de portas? Eu só quero encontrar o elevador para sair daqui! É pedir muito?" Levantei os braços em rendição e reclamei, talvez demasiado alto porque uma senhora que estava a passar por mim, virou-se e disse: "menina o elevador fica ao virar da esquina. Siga naquela direcção e vire a direita, vai ver que encontra o elevador num abrir e fechar de olhos" dei-lhe um meio sorriso, o melhor que consegui e agradeci.

Fui na direcção que a senhora me indicou e de facto dei de caras com o elevador.

Finalmente consegui sair do hospital, mas não fui para muito longe, limitei-me a andar ás voltas até que acabei por me ir sentar num banco de madeira que havia num jardim meio sem vida, tal como eu me sinto, perto do hospital.

Não consegui ir para casa, continuo demasiado preocupada com a pessoa que me acabou de partir o coração em pedaços tão pequenos que nem sei como é que não morri ali mesmo, a frente deles.

A dor que sinto é como se me faltasse o ar nos pulmões, como se a minha própria pele me sufocasse... O que estou a sentir neste momento é tão indescritível que por muito que eu quisesse ir lá acima dar-lhe um murro na cara por me ter feito isto, eu não posso porque no fundo, eu sei que a culpa é minha. Eu nunca devia ter caído no erro de me apaixonar por um amigo meu, principalmente um amigo tão próximo como Ashton.

Fui uma imbecil por pensar que o beijo que demos e todas as confissões que fizemos naquele dia, tinham algum significado e que eu realmente fosse importante para ele. Eu cheguei a pensar que ele me amava... Eu fui tão estúpida e tão fácil de iludir...

Eu devo mesmo gostar de estar no fundo do poço... Depois de ter saído de uma relação complicada com o George, devia ter posto um travão nestas coisas do amor, mas em vez disso vou logo apaixonar-me por um dos meus melhores amigos!

Depois de ter estado, provavelmente duas horas a chorar, decidi levantar-me e enfrentar os meus problemas.

Limpei as lágrimas que ainda escorriam pela minha fase e limpei o nariz que pingava devido ao choro compulsivo. Levantei a cabeça, respirei fundo e contei até dez, até vinte e até trinta, até ter a certeza que conseguia segurar o choro pelo tempo suficiente até regressar a casa.

Voltei a percorrer o caminho que fizera anteriormente e entrei no hospital.

As pessoas que se encontravam na sala de espera, enquanto aguardavam noticias dos seus entes queridos, olharam praticamente todas para mim, mas não liguei e continuei o meu caminho.

"Quarto 78. Quarto 78. Quarto 78." Repeti três vezes para mim mesma, para me mentalizar que estava na hora de colocar a mascara para poder disfarçar tudo o que estava a sentir.

Entrei no elevador, carreguei no botão que me ia levar ao local onde assisti na primeira fila ao romper do meu coração. As portas do elevador fecharam e segundos depois voltaram a abrir.

Respirei fundo e suspirei. Isto está a ser tão difícil que as minhas pernas parecem querer ficar presas ao chão e o meu corpo parece não concordar com o que a minha cabeça decidiu fazer. Mas eu preciso de fazer isto, eu sinto que preciso de o enfrentar nem que seja para lhe mostrar que não pode brincar com o que sinto. Não sou um boneco e ele tem que perceber isso.

Os meus pés pararam de andar quando olhei para o número que estava escrito a negro no cimo da porta: 78. Coloquei a mão na maçaneta da porta, tentei ingerir o máximo ar que me era permitido e suspirei, deixando que o mesmo ar que tinha inspirado saísse livremente pela minha boca. Baixei a cabeça e abri a porta com a esperança de que apenas o Ashton se encontrasse no quarto. Porque se já era difícil ter que lidar com ele, muito mais difícil seria se ela ainda estivesse aqui.

-"Júlie!" O Ash falou e quando olhei para cima, vi-o com um ar espantado e a tentar tirar a máscara de oxigénio da cara, os seus olhos estavam vermelhos.

-"Olá Ashton. Como te sentes?" tentei agir o mais normal que consegui, mas falhei redondamente quando a minha voz saiu partida e com uma frieza que eu nunca pensei ser capaz de dominar.

-"Jú as coisas não são o que parecem. O que tu viste foi um mal entendido. Eu posso explicar..." interrompi o seu discurso de "as coisas não são o que parecem" quando levantei a minha mão em sinal para que ele se calasse.

-"O que eu vi? O que é que eu vi Ashton?!? É que não sei do que é que estás a falar, por isso nem sei que explicações me deves." ele olhou para mim incrédulo e eu continuei, "eu quero saber como estás, estavam todos muito preocupados contigo. A Maddy queria ter vindo visitar-te hoje, mas teve um exame na faculdade e como sabia que eu vinha pediu-me para depois lhe levar notícias tuas." tentei suar o mais calma possível, mas eu não podia mostrar-lhe que estive estas noites aqui a chorar por ele com medo de o perder.

-"Jú eu sei que foste tu que entras-te a pouco aqui e que viste a Sofia a beijar-me. Não precisas de fingir, eu podia reconhecer esse casaco em qualquer canto do mundo! Foi o casaco que eu te dei no natal. Por favor deixa-me explicar o que se passa. Eu só preciso que me deixes explicar e depois podes ir embora ou fazer o que quiseres..." a voz dele estava rouca e notava-se o esforço que ele estava a fazer para poder falar. Por isso coloquei-lhe a mascara na cara.

-"Respira com calma... Tens boa memória para algumas coisas mas pelos vistos não deve ser para todas as coisas..." falei fazendo-o perceber ao que é que eu me estava a referir e desviei o meu olhar para a janela.

-"Jú, por favor... Eu só gosto de ti, eu nunca gostei de ninguém como gosto de ti.

Eu tinha uma "semi-relação" com a Sofia que eu não tive tempo de terminar devido ao que me aconteceu, mas eu juro-te que tudo o que te disse naquele dia foi tudo o mais sincero possível. Eu falei-te com o meu coração! Eu sou um dos teus melhores amigos, era incapaz de te magoar desta forma. Eu não consegui evitar que a Sofia me beijasse quando tu entraste, mas a primeira coisa que fiz foi terminar as coisas com ela. Eu lamento muito que tivesses assistido aquilo..."

Não lamentas mais que eu, Ashton.

Queria ter Amnésia | a.i. | hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora