Sixth chapter of sandness

44 7 17
                                    

As minhas pernas tremiam, não conseguia parar quieta e estava constantemente a ver se os ponteiros negros do relógio de parede que tinham junto à sala de espera se mexiam.
Achava ridículo terem um relógio ali, aquilo só fazia com que as pessoas ficassem mais nervosas, mais fora de si. Pelo menos era o que estava a acontecer comigo.

Passaram apenas uns minutos desde que o Harry e a Mady se foram embora mas como estou ansiosa para saber o resultado da operação, estes minutos pareceram horas. Umas largas horas de espera e ansiedade...

Quando a única coisa que nos resta fazer é esperar, tento manter a minha mente ocupada a ler revistas cor de rosa ou panfletos que estão espalhadas pela sala de espera. Mas acabo por bufar em frustração e sento-me cansada na cadeira.


Nunca gostei de esperar nem de fazer esperar, acho que a espera quando se trata de algo positivo, não tens medo da espera, é bom, mas quando não sabes o que está por detrás da porta, hesitas em correr o trinco, pensas duas ou três vezes antes de abrir. Acho que é algo que nos é comum a todos e neste momento eu já corri o trinco, mas ainda estou a ponderar se o que vem é positivo ou negativo. E enquanto fecho os olhos, passam-me diversas atrocidades pela cabeça, porém, respiro fundo e tento manter o pensamento numa frase que a minha mãe dizia muitas vezes: o copo pode estar meio vazio ou meio cheio.

Ela dizia que temos que saber como queremos encarar as coisas, se pelo lado positivo, estando o copo meio cheio ou se pelo lado negativo, estando o copo meio vazio.

Eu acho que preciso de pensar que o copo está meio cheio porque pensamentos positivos transformam-se em energias positivas. Energias essas que espero que o Ashton receba e que continue seguro à vida.

*horas depois*

-"Jú tens que ir a casa, estás com um ar péssimo e duvido que essa cara faça bem ao Ash! Temos que o apoiar mas temos que nos manter fortes e bem por ele primeiro. Ele vai precisar muito de nós e sabes bem disso, por isso..." Harry interrompe-se quando repara no enfermeiro, que acompanha o caso do Ash, a dirigir-se a nós. Levantamo-nos os três abruptamente das cadeiras ruidosas daquela, agoniante, sala.

-"Sr. Enfermeiro... Nash? Como está o nosso amigo?" Só agora é que li o nome do enfermeiro, que acompanhava o caso do meu Ash, na sua bata e ele percebeu bem que eu não sabia o nome dele por causa da minha reticência ao dizê-lo, nem sei se o pronunciei bem, mas isso agora não é importante!

-"A operação já terminou, o médico ainda se encontra a dar explicações sobre a medicação e como deve ser vigiado a outros enfermeiros. Por isso não está ele aqui a dar-vos as notícias. Mas apesar das complicações que surgiram por causa do tipo de sangue, conseguimos que o Ashton deixasse de correr perigo. Neste momento encontra-se ainda anestesiado da operação e teremos mais informações quando ele acordar." Ao ouvir isto salto para os braços do enfermeiro a agradecer-lhe por conseguirem salvar a vida da pessoa mais importante para mim.

-"Este é o nosso trabalho, é a nossa função: Salvar vidas todos os dias." Diz o enfermeiro olhando para mim deixando um sorriso envergonhado formar-se na sua cara, apenas por uns segundos, voltando logo à sua postura séria e acabando com parte da minha alegria ao dizer "Só a partir de amanhã é que o vosso amigo pode receber visitas!"


Queria ter Amnésia | a.i. | hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora