Capítulo 4 - Preciso chorar

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(EMA)

NÃO, eu não acredito que iria perder meu emprego. A companhia pornográfica de Roger era enorme e graças a ela consegui me estabilizar, não posso simplesmente demitida assim.

O que eu iria fazer? Começar a trabalhar em outra produtora? Mudar de cidade?

-Ema, acho que ele estava nervoso e falou da boca para fora- Ryan disse

- Não, você não conhece o Roger como eu. Ele nunca volta atrás, nunca- falei baixo e segurando as lágrimas

- A culpa foi minha, desculpe- disse

- Eu estou ferrada- falei triste

- Sinto muito- disse

- Não foi sua culpa- falei e o olhei- Tem como você ir embora, eu preciso chorar, e não quero que você presencie isso- falei rindo sem ânimo e ele negou com a cabeça

- Não vou te deixar só, você recebeu muito baque hoje- disse- E também, não consigo dirigir até minha casa!

-Eu aguento, eu tenho prática em resolver e fazer tudo sozinha. Quer que eu ligue para um táxi?

- Não vou embora, eu vou dormir aqui hoje. Você está mal e grande parte das coisas que te deixaram assim, fui eu que causei.

- Mas eu nem te conheço, eu te vi pela primeira vez hoje- falei e ele riu

-Mas já transamos. Não vou te roubar ou te estuprar, e te ver chorar não vai fazer eu te achar louca- disse e suspirei

-Isso é muito estranho, normalmente as pessoas se conhecem, depois transam e fizemos tudo ao contrário. - falei e ele assentiu- eu vou tomar um banho.

-Posso pedir uma pizza? - perguntou quando me levantei e assenti

- Se quiser tomar um banho, tem um banheiro no corredor- falei e ele pareceu confuso

- Eu não tenho roupa- disse

- Quer uma minha? - perguntei brincando e ele riu- tenho uma calça do meu pai, vou pegar para você!

(...)

Sai do meu banho me sentindo péssima, eu havia chorando horrores em baixo da água quente.

Vesti um short e blusa de dormir, calcei um chinelo, passei um hidratante e fui para a cozinha.

- Cheirinho bom- falei tentando parecer o mais bem possível

Ryan estava em pé arrumando a mesa. Ela havia colocado a pizza, taças e uma garrafa de vinho em cima da mesma.

Olhei para ele e percebi que estava com a calça de moleton do papai, ela tinha ficado enorme nele. Embora Ryan tivesse o corpo malhado, meu pai conseguia ser maior, mas por por músculo e sim por banha.

- Pedi um vinho em um restaurante aqui perto- disse vindo pulando em um pé só na minha direção.

- Só bêbado para me aguentar?- perguntei em brincadeira e ele me olhou sério

- Para de se diminuir, sua companhia é ótima- disse e revirei os olhos- desde que você não esteja atrás de um volante.

Ri e ela sorriu largamente.

- Que bom te ver sorrindo- disse e me olhou nos olhos-Eu percebi que você chorou. Seus olhos estão inchados.

Funguei e me sentei à mesa, com ele fazendo o mesmo em seguida.
Comemos nossa pizza de mussarela em meio a conversas e muitas taças de vinho.

- Porque você decidiu entrar nessa profissão?- ele perguntou

- Eu sou contra o machismo, eu luto pelos direitos das mulheres. Eu cresci em uma família religiosa e hierárquica, meu pai sempre achou que uma mulher tem que ter um dono, e procurou um para mim. Eu quis entrar na pornografia em parte para mostrar para o mundo que a mulher atual pode sim usar seu corpo, ela pode escolher isso e não deve ser julgada. - tomei um gole longo de vinho- Eu perdi minha virgindade muito nova e me apaixonei pelo sexo, eu amo sentir prazer, então quando conheci um produtor pornô uni as duas coisas com um salário razoável e ingressei de vez nesse mundo.

-Não se arrepende?- perguntou e suspirei

- Não, eu gosto desse mundo onde vivo, mesmo sendo julgada por todos, principalmente pelos meus familiares. - falei mordendo um pedaço de pizza

-Minha mãe no começo não aceitou bem, mas depois de um tempo acabou aceitando- disse baixo

- O invejo por isso- falei e ele sorriu- Porque decidiu ser ator pornô?

- Eu sou um fã do exibicionismo, quando era mais novo transava em festas e em grupos. Em uma dessas transas conheci Suelen, uma atriz pornô MILF que decidiu filmar enquanto fazíamos sexo. Graças a esse vídeo conheci uma produtora que me aceitou, eu fiquei deslumbrado. - disse

-Imagino- falei

Quando terminamos de comer, fomos para a sala e começamos a assistir um programa qualquer, minha cabeça estava distante.

Observei Naná deitada no tapete da sala e suspirei. Hoje o dia é um pouco menos solitário, amorzinho.

Bocejei e Ryan viu.

- Sono?- perguntou

- Sim- falei- Não tenho quarto de hóspedes, tudo bem para você, se dormir aqui no sofá? - perguntei me levantando

- Não tem problema algum. - disse e fui até meu quarto pegar um cobertor e um travesseiro.

Entreguei para Ryan e ele sorriu.

- Boa noite, Em- disse dando um beijo na testa

-Boa noite- falei baixo

-Se eu te ouvir chorar, corro no seu quarto na mesma hora- disse e apaguei a luz

-Sim, senhor!

(...)

(RYAN)

Me mexi no sofá e senti meu corpo inteiro doer, quanto tempo eu não dormia em um sofá.

Me sentei nele e ouvi meu pescoço estralar. Olhei para minha perna e notei que ela estava inchada e dolorida.

Fui praticamente pulando até o quarto de Ema, já que não aguentava colocar meu pé no chão.

Bati três vezes na porta do quarto mas não tive resposta, fiquei preocupado e entrei no mesmo, me deparando com uma cena linda: Ema estava jogada na cama com seus cabelos todos jogados em seu travesseiro branco, Naná estava ao seu lado dormindo profundamente.

Sai do seu quarto me vestindo com a roupa de ontem e lavando meu rosto.

Quando estava pronto voltei em seu quarto e ela continuava da mesma posição.

Me sentei ao seu lado e acaricei seus cabelos.

- Em, acorda- sussurrei em seu ouvido e vi sua nunca arrepiar

-Hum- disse abrindo os olhos e me olhando

- Eu já estou de saída, você está bem? - perguntei preocupado

-Sim- disse rouca - e você? Como está sua perna?

- Dolorida, mas está melhor- falei e beijei seu rosto - Tchau anjo, depois eu te ligo.

-Anjo?- perguntou sorrindo e assenti - to mais para capeta!

-Pra mim você é anjo- falei e ela sorriu mais

- Obrigada por tudo- beijou minha mão

- Eu que agradeço- falei beijando perto dos seus lábios-Tchau!

- Tchau- sussurrou e me levantei

(...)

(EMA)

-E vocês dormiram juntos? - perguntou Hayley batendo palmas

-Não. Ele só dormiu em minha casa- falei enquanto sentia suas mãos acariciavam meus pés.

- Você está gostando dele?- perguntou sorrindo

- Sim, como amigo- falei e ela bufou

-Não tô me falando assim. Eu estou perguntando se gosta dele como homem- disse e neguei

- Não consigo entregar meu coração a ninguém, eu não mais sofrer- falei baixo e lembrei dos meus pais, irmãos e amigos que me fizeram tão mal.

-Eu entendo amiga- disse e suspirei lembrando que teria que enfrentar Roger no dia seguinte.

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