Capítulo 22

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Já eram quase dez horas da noite quando meu celular vibrou e eu sorri ao ver na tela a informação da chegada de uma nova mensagem. Em menos de um minuto já havia respondido e desejado uma boa noite à Ryan.

Desde nosso encontro, há alguns dias atrás, nós não havíamos deixado de nos falar ou por telefonemas ou por simples mensagens de texto e confesso que isso estava me deixando bem feliz. Eu me sentia uma adolescente descobrindo a paquera e o flerte novamente. A grande diferença é que agora eu já era uma mulher de quase 27 anos e em processo de divórcio. Eu suspirei e após deixar meu celular novamente no criado mundo, voltei minha atenção à televisão. Ou quase isso. Pois assim que a palavra divórcio surgiu em minha mente, um nome diretamente ligou-se à ela.

Eu não falava ou se quer tinha notícias de Alfonso há dias. Desde a última vez que estivemos juntos em seu escritório. Bem, eu só não estava tão preocupada, porque ele havia me mandado alguns emails sobre o nosso projeto juntos. Emails bem formais, secos e diretos. Nenhum "Oi", "Como vai?" ou qualquer coisa que indicasse que ele gostaria de puxar assunto comigo até mesmo só por cordialidade. Eu suspirei mais uma vez. A verdade era que aquilo me matava por dentro, mas eu não poderia admitir. Eu era dura demais na queda para me permitir pensar que sim, Alfonso me tratar dessa forma me machucava. Eu precisava reafirmar para mim todos os dias que não, eu não precisava mais dele. Peguei no sono com essa última frase em meus pensamentos.

...

Acordei de súbito com o telefone de casa soando estridente por todo o apartamento e como que em um presságio levei a mão ao peito para conter minha respiração aflita. Olhei no relógio e os ponteiros marcavam 2:15 da manhã. Meu coração já estava acelerado quando coloquei meus pés no chão frio e corri até sala para atender ao telefone.

- Anahí, minha filha...

Não foram necessárias muitas palavras para meus olhos já se encherem de lágrimas

- O que houve, mamãe ?

- É o seu pai, querida. Estamos no hospital. As dores no peito aumentaram e tivemos que chamar uma ambulância - eu escutei sua angustia e sua voz chorosa - eu estou tão preocupada...

- Estou indo para aí. Chegarei o mais rápido possível - mesmo com minha voz já saindo embargada, eu ainda consegui falar - não se preocupe, mamãe. Vai dar tudo certo. Meu pai vai ficar bem...- e então eu desliguei o telefone.

Minhas mãos tremiam. Minhas pernas tremiam. Eu levei uma mão a boca e percebi que meu rosto já estava tomado de lágrimas. Eu não conseguia pensar em mais nada. Em mais nada além de pegar o telefone e ligar para a única pessoa que eu precisava e queria ao meu lado naquele momento. O telefone chamou duas vezes e eu escutei sua voz rouca do outro lado.

- Alô...

- Alfonso, sou eu...- os soluços já estavam incontidos.

- Anahí, o que aconteceu ?

- É o meu pai...- eu não conseguia falar mais nada, o choro tomava conta de cada palavra que saia de minha boca - o meu pai, Alfonso...ele está no hospital. Eu...

- Estou indo para o seu apartamento. Vista uma roupa e iremos pra lá. Chegarei em dois minutos. - eu assenti como se ele pudesse me ver, já que meu cérebro já não respondia mais a minha vontade de emitir palavras.

Desliguei o telefone ainda trêmula e soluçando e me dirigi ao quarto. Vesti as primeiras peças de roupas que encontrei no caminho, peguei minha bolsa e assim que terminei de calçar meus sapatos, ouvi a campainha tocar. Corri para porta e me deparei com a figura de Alfonso, em pé ,com seu olhar preocupado e aflito.

- Anahí...- ele falou meu nome, mas não precisou de mais nada para eu me jogar em seus braços.

- Me abraça...por favor, por favor... - enquanto eu o implorava, eu me enrosquei em seu corpo como se para tentar aliviar a dor que transbordava em meu peito - eu estou com tanto medo, Poncho... - minhas lágrimas encharcavam sua camisa, enquanto eu sentia seus braços me apertando cada vez mais.

- Calma, baby...vai dar tudo certo. Eu estou com você... - ele então beijou meus cabelos e um branco tomou conta de minha mente assim que escutei sua frase.

Ele estava comigo. E eu precisava dele sim, mais do que nunca em minha vida.


Até logo...Onde histórias criam vida. Descubra agora