Capítulo 23

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A viagem até o hospital de Birmingham passou como um borrão em minha mente. Haviam pouquíssimos carros nas ruas, o que facilitou nossa chegada até lá. Eu não conseguia pensar em mais nada, só rezava para que tudo terminasse logo e da melhor maneira possível. Alfonso se dividia em dirigir e segurar minha mão para tentar me acalmar. Trocamos poucas palavras, até porque ele me conhecia muito bem para saber que naquele momento eu não conseguiria falar muito. Assim que chegamos corri pelo hospital até avistar minha mãe, caminhando de um lado para outro em meio aquele grande lugar frio e branco.

- Mamãe! - eu corri até ela e a abracei com todas as minhas forças. O choro que antes estava controlado, voltou com toda força - ele vai ficar bem, mamãe. Eu sei que vai... - ela afagou meus cabelos

- É claro que sim, querida. Acalma-se, por favor - seu carinho e suas palavras não me enganavam. Ela estava com medo também. Eu me afastei e ela avistou Alfonso que estava atrás de mim. - oh querido, que bom que está aqui! - Alfonso prontamente abraçou minha mãe que desabou em seus braços.

- É claro que estou, Mari.Não deixaria vocês sozinhos nesse momento. - ele suspirou e eu apenas encarei a cena, enquanto limpava minhas lágrimas - Como ele está? Os médicos já falaram algo? - eles se afastaram para conversar

- Ainda não vieram me dar notícias. Parece que ele sofreu um principio de infarto. Graças a deus a ambulância chegou rápido, se não...eu não sei o que poderia ter acontecido. - ela limpou uma lagrima teimosa em cair.

Eu então me sentei em uma das cadeiras e apoiei meu rosto em minhas mãos. Eu não queria pensar no pior. Não queria ser pessimista. Mas parecia impossível naquele momento. Foi então que senti os braços fortes de Alfonso me envolvendo, eu me desmontei e me permiti encostar em seu peito. As lágrimas chacoalhavam o meu corpo e encharcavam sua camisa de malha. A única coisa que ainda me mantinha sã eram as mãos protetora do meu ex marido, me ninando e me acalmando.

- Não chore, baby...tudo vai ficar bem, meu amor. Henrique é um homem forte. Nós sabemos disso...- ele sussurrava em meu ouvido incessantemente e aos poucos eu ia conseguindo me controlar mais.

Minha mãe sentou ao nosso lado e então a grande tortura da espera tomou conta de todos nós.

...

Esperamos por uma hora e meia até que um médico chamou pelo nosso nome de família. Prontamente nos apresentamos. Eu tomei a frente para falar.

- Vocês são a família do senhor Puente? Só posso dar notícias a família...

- Sim, eu sou sua filha. Essa é minha mãe, esposa do senhor Puente e esse é o meu...- eu encarei Alfonso - meu marido. - ele se posicionou ao meu lado e nós voltamos a encarar o médico - o que aconteceu, doutor? Como ele está?

- Bem, o senhor Puente sofreu um principio de infarto. Demos muita sorte quanto ao atendimento rápido e preciso da equipe. Ele passou por uma série de exames para nos certificarmos sobre tudo. E agora ele se encontra bem, não houve nenhuma seqüela.

Os três conseguiram respirar. Aliviados. Felizes. Abençoados.

- Podemos o ver, doutor? - minha mãe perguntou

- Ele está sedado. Só deverá acordar amanhã de manhã. Precisaremos conversar sobre as mudanças que deverão ocorrer para que isso não se repita. O senhor Puente deverá tomar medicamentos regulares, mudar sua rotina e sua alimentaçã, é claro. Hoje ele ficará em recuperação e deverá ficar em observação durante o dia de amanhã. Se tudo correr bem, eu o darei alta depois de amanhã. Voltarei antes disso para me certificar de tudo e termos a conversa necessária. - Alfonso deu um passo a frente e cumprimentou o médico

- Muito obrigado, doutor. - o médico sorriu levemente

- Por nada. Nos vemos amanhã. Boa noite! - e então nós nos despedimos dele.

Assim que ele saiu eu suspirei e finalmente consegui sorrir ao abraçar minha mãe.


Até logo...Onde histórias criam vida. Descubra agora