15 de Janeiro de 2016 - II
Zoey
" Obrigada por terem vindo, o meu pai ficaria muito contente de vos ver aqui... " murmurei para que todos me ouvissem. Quando ia continuar a grande porta castanha abre-se revelando Marie. O que é que ela faz aqui?
Ela olhou na minha direção com os olhos vermelhos e lacrimejados, eu franzi as sobrancelhas confusa e sai do altar.
" O que fazes aqui? " pergunto num tom calmo.
" Tal como tu eu tenho todo o direito de estar aqui! " falou rude, uma senhora que a acompanhava sentou-se ao lado da minha mãe. Os lugares da frente são apenas reservados para a família mais próxima.
" A senhora não se pode sentar... "
" Ele tem todo o direito de se sentar aqui. " a voz fraca da minha mãe fez-se ouvir.
" Não elas não têm o direito de se sentarem ai! Elas provavelmente nem sequer conheciam o meu pai! " Zayn levantou-se e calmamente se aproximou de mim. " Diz-lhes para saírem dali! " peço ao moreno assim que ele me abraça, como se me quisesse proteger de algo.
" Eu posso! " Marie gritou. " Ele não é apenas teu pai! É meu também! " a morena gritou fazendo eco dentro da igreja, arregalei os olhos sentindo as suas palavras ecoarem na minha cabeça. " Nós somos irmãs! " todo o meu corpo estremeceu ao ouvir as suas palavras.
Não eu não podia ser irmã daquilo, nunca na minha vida eu iria aceitar ser irmã dela. Eu recuso-me a aceitar isso, o meu pai nunca iria trair a minha mãe. Eu sei que ele sempre foi muito fiel a ela, ele sempre amou a minha mãe ele era incapaz de a trair com qualquer uma. Certo?
" Isso é mentira! " sussurrei e Zayn afagou os meus cabelos, encostou a minha cabeça a seu peito e agarrou-me firmemente contra ele. " O meu pai não era capaz de trair a minha mãe. "
uma mão de Zayn deixou de me agarrar e quando voltou ao encontro da minha cintura, senti que ele tinha algo nessa mesma mão. " Lê a carta que lhe dei. " Marie pede agora mais calma.
O moreno caminhou comigo para fora da igreja e assim que chegamos ao seu carro eu abri a porta e sentei-me com as minhas pernas para fora, ficando ele à minha frente entregou-me o envelope branco e eu abri-o com receio. Desdobrei a folha que se encontrava dobrada em quatro e logo reconheci a caligrafia torta do meu progenitor.
" Queridas Zoey e Marie
Provavelmente quando lerem esta quarta irão ficar confusas, provavelmente nem sequer se conhecessem. Ou então conhecessem-se e dão-se bem, eu espero. " começo a ler para que Zayn também oiça. " Tu Zoey principalmente irás ficar chocada, sempre me viste como um bom pai, mas eu nunca o fui... e bom a prova disso é a Marie. Eu tive a Marie um ano antes de ti, eu já era casado com a tua mãe, no entanto eu andava a trai-la com a Sarah... " solucei um tanto alto, e passei as costa da minha mão no meu rosto. " A verdade é que eu nunca amei tanto assim a tua mãe, mas fui obrigado a estar com ela, tu ias nascer e eu fui meio que ameaçado por parte do teu avô. Ou ficaria com a tua mãe, ou então iria preso por coisas que tinha feito no passado que só ele sabia... "
interrompeu-me. " Tu não precisas de ler a carta agora. " Zayn sussurra afagando os meus cabelos.
" Eu preciso. " sussurro e volto a minha atenção para a carta. " Querida não penses que eu não gostava de ti, pois eu amo-te tal como amo a Marie, vocês são as melhores coisas que me aconteceram na vida. Mas eu não me sentia bem com uma mulher que eu não amava realmente, dai as minhas saídas à noite, mas também eu não ia ter com a mãe da Marie, talvez eu nem sequer amasse nenhuma das duas, e apenas queria aproveitar a vida sem ter duas raparigas a dependerem de mim. " fechei os olhos com força. " Eu tinha uns dezassete quando a Marie nasceu, e dezoito quase dezanove quando tu nasceste, eu não me importava nem um pouco com vocês, eu pensei abandonar-vos com as vossas respectivas mães, eu pensei em seguir em frente sem quatro mulheres para me chatearem. Mas ai estava o teu avô, sabia tudo sobre mim, sabia todos os meus podres, podres esses que vocês não precisam de saber. E admito-te que quando o teu avô morreu eu vi-me livre, esperei que Marie completasse os seus dezassete anos e vendia, para que vocês não tivessem contacto uma com a outra. Vendi-a ao Zayn. " assim que li o nome do moreno o mesmo ficou tenso à minha frente. " Zayn tu sabias?! " inquiro completamente em lágrimas, ele assenti-o e eu neguei levemente a cabeça e voltei a minha atenção à carta. " Ele é um homem bastante rico, com bastante poder, ele poderia de uma certa forma dar uma vida a tua irmã, mas isso não aconteceu. A Marie fugiu várias vezes dele, e quando ele se fartou deixo-a por fim ir embora.... Um ano depois eu vendi-te a ti, eu descobri que tinha uma doença que precisava de ser tratada. E como sabes nós não tínhamos dinheiro, eu ia morrer se não me tratasse. E se estam a ler isto, então é porque o meu dia chegou. Eu provavelmente não utilizei o dinheiro que Zayn me deu como um meio de tratamento, mas sim para satisfazer o meu desejo de bebidas, drogas e prostitutas... "