Alguns dias haviam se passado. O inverno havia começado, mas nenhum floco de neve caiu, o que era incomum para a cidade onde eles moravam, o concurso iria começar em alguns dias e as aulas também iriam parar para o intervalo de inverno.
Ib estava na escola escrevendo algo em seu caderno quando Garry entrou para dar aula. O dia da competição de artes estava chegando e ele queria perguntar a Ib se ela iria desistir ou participar mesmo. A aula correu normalmente, mas ultimamente Garry percebeu que Ib estava mais distraída, geralmente pensando em alguma coisa desconhecida. Ao término da aula, quando quase todos os alunos tinham saído da aula, Garry foi falar com a pequena menina.
Garry: Ib, o que foi?
Ib olhou para ele e de imediato corou, seu coração acelerou e ela disse: Na... Nada... ~Ele ia falar algo mais, mas ela disse rapidamente se levantando: Preciso ir para o refeitório... ~Ela correu tão rápido quanto uma "Lady vermelha" da galeria.
Garry apenas ficou olhando confuso. Garry voltou a sua mesa vendo as tarefas de casa dos alunos. Ele foi olhando as pinturas e viu que todos fizeram bons trabalhos em pinturas, quando viu uma pintura que lhe deu arrepios. O nome da pintura era "Noite de pesadelos". Na pintura havia um corpo masculino todo preto no chão como se estivesse morto, um feminino bem menor tentando acordá-lo e várias mãos escuras indo em direção deles.
Garry suspirou e disse: Os pesadelos dela também não pararam... Então não sou o único... ~Ele olhou pela janela e disse triste: Mas eu sou um adulto posso viver com isso e resistir, ela é só uma garotinha isso deve realmente assustá-la, e ela nem sequer pode dizer que não é real... Porque tinha sido muito real.
Garry disse com olhos tristes: Isso é muito perigoso, isso pode causar cicatrizes incuráveis para Ib... O que eu faço? ~Ele pegou em seu bolso um pacote de cigarros e seu isqueiro, o mesmo que foi usado para queimar Mary. Então ele acendeu o cigarro e esperou as ideias clarearem.
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Ib tinha dormido muito mal nos últimos dias, cada vez um pesadelo pior que outro, em geral todos terminavam da mesma forma: Garry morria e ela fica presa para sempre no mundo fabricado. Em geral ele morria por culpa dela, por que ela perdia sua rosa e ele dava a dele em tronca, ou por que ela confiava em Mary e muitas outras coisas. Ib não queria que Garry a visse tão fragilizada por isso correu, mas se sentiu culpada e voltou para vê-lo. Ao chegar a porta da sala o viu de costas olhando a janela com um cigarro em sua mão e cantando uma música bem triste.
Garry murmurava: Escondido no nevoeiro... Onde a escuridão se encontra com o luar... Vou cantar a sua melodia até a manhã chegar... Viveremos a sós... Pegue minha mão e deixe-me mostrar.... Que não haverá tristeza quando a manhã o sol raiar. ~Ib apenas o ouvia sem dizer nada, ele nem sabia que ela estava atrás dele o olhando. Então ele terminou falando: Essa é minha sinfonia quando a noite decai.
Garry ouviu um barulho atrás dele e se virou preocupado, então percebeu que Ib o estava olhando e sem perceber derrubou sua lancheira.
Garry então disse: Ib desculpe eu não sabia que estava aqui. ~Ele foi até ela e ajudou a pegar as coisas que caíram da lancheira dela, tinha barrinhas, doces e frutas. Eles pegavam as comidas e colocavam na lancheira, não perceberam que quando restou apenas uma maçã eles foram pegar e suas mãos se tocaram. Seus olhares se cruzaram quando suas mãos se aqueceram com os toques. De imediato, era como se o mundo tivesse parado, eles apenas sentiram um frio passar pela porta da sala e olharam para fora... havia começado a nevar.
Ib disse: Que lindo... ~Ela olhou para a neve e em seguida para Garry.
Garry disse: Sim é lindo... ~Foram palavras simples que eles disseram um para o outro, pareciam não significar nada, mas de alguma forma os fez se sentir bem, eles se abraçaram fortemente ainda agachados. Garry disse calmamente: Ib por que me ignorou hoje mais cedo?
Ib disse chorando: Eu estou com tanto medo Garry... Tenho tido tantos pesadelos... Meus pais estão tentando me ajudar, mas não consigo parar... Tenho medo que a cada esquina "ela" possa estar lá para me arrastar de volta àquele mundo horrível. O medo nunca para...
Garry a interrompeu: Também tenho medo...
Ib continuou: O medo nunca para... Só quando estou com você... Só me sinto segura com você. Posso ir para sua casa hoje? ~Ela se aninhou as braços dele. A amizade deles havia sido forjada na dor e era mais forte do que eles pensavam. Garry não sabia o que dizer era tudo tão incomum.
Garry queria dizer sim. Por que ela também afastava seus pesadelos, mas ele sabia que não podia, Hanna o havia advertido, e apesar de Rosy e Ele serem amigos e a muito tempo se conhecerem era muito incomum uma amizade de um jovem adulto com uma garotinha, podia ser interpretado errado por pessoas indiscretas.
Garry disse gentilmente: Desculpe minha flor, mas acho melhor não...
Ib disse baixinho: Mas as férias vão começar e eu vou ficar um mês sem te ver... Eu estou com medo, não quero ficar sozinha. ~Ela tremia violentamente.
Garry disse com carinho: Você ai ficar bem. Seus pais vão te proteger...
Ib disse preocupada: Mas e você? Não vai ficar sozinho? Eu devia chamar seus pais...
O sorriso gentil de Garry quebrou, gentilmente acariciou o cabelo de Ib e disse: Eu não tenho pais Ib... Bem eu tive, mas eles se foram...
Ib disse com inocência: Para onde?
Garry sorriu amargamente e disse: Eles não tinham muito tempo para mim, mas foram bons pais. A um tempo foram para um "lugar bem melhor"...
Ib não entendia, seu coraçãozinho doía não entendendo, se os pais dele foram para um "lugar melhor" por que não levaram Garry com eles? Os pais deviam amá-lo, quem não amaria? Então por que não levaram ele para o lugar bom? Ela olhou para ele com olhos complacentes ele estava sempre sozinho... Será que ele se sente amado? Se sente só? Ela não o queria triste.
Ib sussurrou abraçada a ele: Eu... Eu amo você Garry... ~Ela não soube porque disse isso e nem os muitos possíveis significados de suas palavras, mas sentiu Garry endurecer como uma pedra e ele se afastou dela rapidamente, ele a olhava com olhos arregalados, Ib imediatamente sentiu frio subir por sua barriga, ela estava tão confortável e aquecida, com Garry o frio estava longe, mas agora estava com muito frio. Ela tentou se aproximar para abraça-lo novamente, mas ele se afastou ainda olhando para ela em choque.
Garry disse com um olhar de pânico: Não...
Isso fez Ib tremer de medo.
Continua...
