XII

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A lama estava impregnada na sola da bota de Danies, que atravessava a estrada com o pesado carregamento de lenha nas costas

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A lama estava impregnada na sola da bota de Danies, que atravessava a estrada com o pesado carregamento de lenha nas costas. A cidade já voltara às atividades normais, e o som do ferreiro, o cheiro do peixe e frutas cítricas penetravam o ar úmido da cidadela; assim como a chuva incessante que caía na terra batida.

A tempestade que viera ao norte da floresta engolira as árvores e pessoas da região. A Cidade do Norte esquecera dos eventos de mais cedo, e já se aconchegava no papel rotineiro. Jacob chamara Danies logo após o prisioneiro ir embora, fazendo o Schan cortar lenha durante toda a manhã.

Agora, a levava até a casa dos Failson, um casarão escuro no fim da estrada. Danies odiava ter que fazer as entregas pessoalmente, mas o cavalo acabaria atolando com a carruagem no líquido espesso. Como não haviam alternativas, ele mesmo entregaria.

A chuva caía rápida e cruel, os pingos grossos atingindo o topo da cabeça do homem como flechas de gelo. Cobrira a lenha com vários tecidos, já que a madeira não podia molhar. Só esquecera de cobrir a si mesmo. Enquanto caminhava a passos rápidos pela estrada, a visão da carruagem ainda rondava sua cabeça.

O símbolo do lobo…

A bruxa

Merda. Danies odiava crer em superstições, mas aquela bruxa da floresta parecia certa até demais. De repente, lembrou que estava caminhando pela lateral da mata e acelerou o passo. Era exatamente por isso que odiava acreditar nessas coisas. Ficava apreensivo com uma simples estrada ao lado de um arvoredo.

O som de alguns pássaros era audível ao longe, sumindo dentre a imensidão da mata. Schan não conseguia imaginar como existiam tantas espécies de aves e animais, todos diferentes uns dos outros. Os Quatro realmente tinham a capacidade de pensar em coisas tão complexas e trabalhosas? Chegava a ser intrigante… Talvez perguntasse para um Orador mais tarde, assim que voltasse e a chuva parasse. Eles costumavam dizer que a chuva levava informações como um corvo, e sussurrava para os mais diversos inimigos.

O casarão de madeira escura e lisa se tornou visível à primeira curva, distribuindo uma sensação de alívio pelo corpo de Danies. O porto logo atrás da casa era visível, com algumas embarcações e patos flutuando pela água. A família Failson tinha uma Galé, que era responsável pela distribuição e carregamento de peixe da cidade. O resto saía e entrava pelos portos reais. Os Failson eram a salvação da população.

Bateu na porta duas vezes antes do subordinado deles abrir: um homem alto e com uma cabeça extremamente grande, as olheiras profundas e os olhos uma escuridão eterna. Danies agradeceu mentalmente por já estar debaixo de um teto, se não, deixaria a encomenda e iria embora o quanto antes.

Gelo - Uma Rainha Sem PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora