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Maio de 1659, Invernum

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Maio de 1659, Invernum.

A luz entrou pela fresta da janela mal colocada. O ar frio beijou a rústica cabana de madeira, fazendo Danies Schan se enrolar no tecido grosso e velho com que se embrulhava.

Logo, as vozes íam surgindo e brotando do lado de fora, fazendo com que a Cidade do Norte acordasse. Já conseguia ouvir o som do martelo do ferreiro ao lado, e o cheiro de pão e peixe das cabanas à frente da sua.

Danies levantou do chão, chutando os lençóis para longe. Semicerrou os olhos devido a claridade e preguiça, e foi até a cozinha, indo em direção ao pote de dinheiro. As Glais estavam ali. Sempre tinham de estar. Moedas grandes e encrustadas com o marcante símbolo de Invernum; a única coisa que seu pai tinha deixado antes de partir e deixá-lo sem uma mísera peça de roupa.

Tomou duas entre os dedos e deixou o objeto de volta. Calçou as botas grossas e sujas de limo, resultado do trabalho na floresta como lenhador. E pensar que, alguns anos atrás, estaria agora servindo-se na cozinha real com os criados, enquanto polia sua armadura.

O dia estava agitado. Aos poucos, as pessoas saíam de suas casas e voltavam à rotina. O dia seria extremamente produtivo com o evento exuberante que iria ocorrer mais tarde: A coroação de Glacia. O homem esperava que dessa vez, fosse de fato uma coroação.

Aproximou-se da barraca do pão, que apesar de notoriamente cheia, atendeu-o rapidamente. Não que ele tivesse privilégio, de jeito nenhum. Tinha apenas o temor das pessoas, o que, particularmente, era diferente. De qualquer modo, Danies odiava ser temido. Não via motivo para que o achassem perigoso, isso se você desconsiderasse a cicatriz enorme que possuía na cabeça raspada, e o corpo de quase dois metros de altura.

Após algumas trocas de mãos e olhares, ele retornou para a cabana com os dois pães enrolados no grosso papel marrom. Após fechar a porta, tomando o devido cuidado para que não acabasse se trancando novamente — o que acontecera semana passada, e não fora agradável ter que gritar pela ajuda dos outros.

Sentou-se à mesa, e orou baixo para os Quatro; gentilmente, agradeceu pela comida, e por ainda estar vivo. Prestes a engolir um suculento pedaço de pão, uma batida animada foi escutada na porta.

Danies subitamente se ergueu da cadeira, puxando em um só movimento o punhal da cintura. A textura de couro e aço à sua mão de manhã cedo fazia-o recordar dos tempos de cavaleiro... Com passos curtos e uma respiração descompassada, assim que se aproximou da porta, perguntou:

— Quem... é?

Trêmulo, apertou o cabo do punhal com força.

— Susy. — respondeu a voz quase que imediatamente. Uma voz inocente, e livre de maldades, o alívio em seu coração.

Danies sentiu os pulmões voltarem a trabalhar normalmente, o que era bom. Ele abriu a porta, permitindo a entrada de uma menina alegre e saltitante. Um misto de cabelos loiros foi visto, quando em segundos, ela se enroscou em um abraço firme com Danies; que retribuira.

Gelo - Uma Rainha Sem PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora