Acordei com o som alto do despertador.
- Mas já? Que droga... - Pensei, com preguiça de levantar da cama.
Não era justo, eu estava de férias ainda, e mesmo assim precisava acordar todos os dias as 6 da manhã.
- Tudo culpa do Caio. - Murmurei lembrando do meu irmão mais novo.
O Caio tinha 5 anos e era por causa dele que eu estava levantando aquela hora, para levá-lo ou treino de futebol.
Eu odiava futebol, não via nenhum sentido naqueles homens correndo atrás de uma bola, e o fato do futebol me fazer acordar todos os dias as 6 da manhã só piorava as coisas.
- Valériaaa!! Tá na hora! - Ouço minha mãe gritando lá fora.
- Já vai, já vai! - Respondi, finalmente me levantando da cama.
Fui direto para o banheiro e depois de um banho rápido eu já estava pronta, usando tênis, shorts e minha velha camiseta com estampa do Darth Vader. Meu irmão também já estava pronto e corria de um lado pro outro da cozinha comendo um pacote de bolachas.
- Senta pra tomar café, filha! - Disse minha mãe.
- Não, não, tô sem fome! - Disse pegando uma bolacha do pacote do Caio e o puxando pela mão. - Vem Caio, vamos logo!O campo de treinamento ficava perto de casa e logo chegamos, meu irmão logo largou minha mão e correu para junto de outros meninos. De longe eu vi meu pai conversando com uns garotos do outro lado do campo. Meu pai era treinador daquele time, um fanático por futebol que dedicava seu tempo para ensinar aos garotos do bairro a "arte da bola" como ele costumava falar.
- Bem que ele podia deixar de chegar aqui tão cedo e trazer o Caio com ele" - Pensei.
Já estava me virando para voltar para casa quando meu pai me chamou, olhei e o vi acenando, fazendo gesto para que eu me aproximasse.
- Ai não... - Murmurei.
Não gostava de entrar no centro de treinamento, era sempre cheio de garotos e o jeito como eles me encaravam me deixava vermelha. Mesmo assim, fui em direção ao meu pai. Como era de se esperar eu conseguia notar olhares em mim enquanto andava pelo campo, já estava arrependida de ter vindo de shorts.
- Oi pai! - Disse quando estava próxima a ele.
- Oi princesa! Tô tão ocupado aqui, você pode me fazer um favor?
Antes que eu pudesse responder ele me entregou uma pilha de papéis amontoados.
- Filha, preciso que você tire cópias desses papéis pra mim, a copiadora fica no fim daquele corredor, depois você pode deixar tudo na minha mesa do escritório ok?
Mais uma vez não pude responder, ele deu um beijo rápido na minha testa e se virou para continuar a conversar sobre estratégias de jogo com os garotos.Fui andando em direção a copiadora tentando organizar a pilha de papéis na minha mão, não pude reparar que de um outro corredor lateral quarto garotos vinham correndo em direção ao campo, não deu outra, esbarrei em um deles.
- Ah droga... - murmurei e me abaixei para juntar os papéis que haviam caído e se espalhado pelo chão.
Podia ouvir as risadinhas dos garotos e sentia que minhas bochechas deveriam estar começando a ficar vermelhas de vergonha. No meio das risadas ouvi uma voz.
- Desculpa, não te vi. - Olhei no chão a minha frente vi um par de chuteiras nas cores verde e roxa, ergui os olhos me levantando e vi que o garoto dono daquelas chuteiras estava parado ali com uma parte da pilha de papéis na mão. Eu estava com tanta vergonha que não consegui olhar no rosto dele, mas pela voz notei que diferente dos outros ele não estava rindo.
- Você tá bem? - Disse ele me entregando os papeis.
- Sim, obrigada! - Respondi pegando os papeis sem olhar para o garoto, tentando esconder a vergonha.
Ainda olhando para baixo, comecei a caminhar em direção a copiadora, ouvi quando de lá do fim do corredor os outros garotos chamaram o que esbarrou em mim.
- Ei Dênis, vem logo, cara!
Não olhei para trás mais ouvi os passos dele correndo em direção aos outros. Fiz as cópias o mais rápido que pude e deixei na mesa do meu pai como ele havia pedido. Só queria sair dali. Sempre fui uma pessoa tímida, e minhas bochechas sempre ficam vermelhas com muita facilidade, e para piorar, passar vergonha em publico parecia ser uma das especialidades da minha vida.
Não demorou para eu chegar em casa, agradecida por que o Caio voltava com o meu pai no final do dia, por hoje eu estava livre de ir naquele campo de treinamento, mas só por hoje...
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Verde e Roxo
RomanceAssim como duas cores completamente diferentes podem se unir e gerar outra cor, duas pessoas completamente diferentes podem se unir e gerar algo... Talvez até amor.