Sonhos De Vidro (Hiatus)

a dor de Jeff

Quarto da Emms
Eu encaro a parede com um sorriso torto no rosto, penso em Jeff - que ultimamente é o foco de todos os meus pensamentos - nunca me senti tão completa, tao segura... tão amada. Estar com ele, junto dele é melhor do que qualquer outra coisa que eu tenha feito na vida.
Eu e Jeff estamos juntos oficialmente há 3 semanas, mas ainda me surpreendo com tudo isso.
Ele vai me levar pra conhecer sua mãe hoje. Estou nervosa, honestamente não sei se estou alegre, por constatar que ele realmente quer algo serio comigo, ou se estou ansiosa demais e com medo de fazer algo errado e ela me odiar. A família dele tem uma história tão - se não mais - trágica quanto a minha.
O pai de Jeff fugiu com uma prostituta quando ele tinha cinco anos, a mãe dele entrou em depressão e tentou suicídio duas vezes - por isso talvez ele entenda a dor que sinto em relação ao que aconteceu com Ben - depois disso ela foi internada em uma clínica psiquiatrica e Jeff teve q morar com a avó, que faleceu três anos depois por causa de um tumor no seio esquerdo. Depois disso sua mãe saiu da clínica e teoricamente passou a cuidar dele de novo. Na prática era Jeff que cuidava dela, e tinha que cuidar de si também, sempre com responsabilidades maiores do que todos.
Desço as escadas lentamente, cantarolando uma canção. A campainha toca, eu abro a porta. Jeff está parado diante de mim, eu fico na ponta dos pés e dou um beijo nele, caminhamos até a sua casa.
Jeff abre a porta, entramos e ele me leva até a sala. Sento no sofá, ele percebe meu nervosismo e segura minha mão.
- ela não morde, Emms. - ele susurra sorrindo
- eu sei que não - sorrio ainda nervosa.
Escuto passos, um sapato arrastando no chão de ébano, viro e me deparo com uma mulher.
Ela é simplesmente linda, seus olhos verdes um pouco mais escuros que os de Jeff estão em contraste com um vestido verde oliva, que a propósito acentua sua cintura e seu corpo ampulheta. Os cabelos negros dela estão bagunçados, com um desleixo aparente, mas isso nao diminui a beleza dele. A pele em um tom pálido, quase cadavérico e o sorriso que carrega tanta dor. Através dos olhos dela eu enxergo tanto sofrimento, tanta angústia, e mesmo assim ainda posso ver a doçura.
- você deve ser a Emms. - ela sorri gentilmente e me dá um abraço acolhedor.
- sim. E a senhora é a mãe do Jeff.
-me chame de Délia, querida.
- Délia - confirmo
Nos sentamos na mesa e comemos. Délia me fez algumas perguntas clássicas e contou histórias de quando jeff era criança, e de como eles eram felizes antes de tudo dar errado. Diferente de meus pais, Délia não empurrava a culpa da sua "tragédia" para o pai de Jeff, ela se culpava por tudo de uma forma até mesmo doentia, como se fosse a única a cometer erros.
Conversamos por algumas horas até que Délia pede desculpa e diz estar cansada, por isso ela se retira e vai para o quarto.
- enfim sós. - Jeff brinca
Nós vamos para o quarto dele e ele me mostra sua coleção de bonecos de ação.
- nossa! Eu não sabia que você curtia essas coisas. - eu rio olhando o mini darth vader ao lado do mini Frodo.
- não é o tipo de coisa que a gente diz no primeiro encontro, Emms.
- como assim?
- tipo "Oi, tenho dezesseis anos e tenho coleção de bonecos de filmes de nerd e sei falar elfico. Vamos se pegar?"
- eu aceitaria
- duvido
- é realmente muito nerd
- eu sei, Emms.
- você é nerd.
- eu sei
- eu amo nerds
- eu se... oque?
- isso é realmente incrível.
- não me diga que você gosta disso
- sim, eu sou uma garota estranha. Me processa.
- eu vou é te agarrar isso sim.
Nos encaramos por alguns instantes, Jeff se aproxima de mim e me beija. Ele circula as mãos pela minha cintura e me puxa pra perto do seu corpo, estamos em um momento incrível quando... o telefone toca. E é a Jess.
Eu atendo, ela está chorando.
- estou indo - digo e desligo
Jeff me encara curioso.
- o que foi?
- ela terminou com o Tobbie
- eles estavam juntos?
- não. Mas ela acha que sim. Tenho que ir.
Eu dou um beijo nele e caminho até a casa de Jess.