Cinco - Madison.

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     Acho que estou começando a criar uma antipatia por Ametista —ou Anne, como me pediu para chama-la—, com suas palavras jogadas ao vento, e exigências estranhas, que ela não poderia fazer de verdade sem ofender alguém

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     Acho que estou começando a criar uma antipatia por Ametista —ou Anne, como me pediu para chama-la—, com suas palavras jogadas ao vento, e exigências estranhas, que ela não poderia fazer de verdade sem ofender alguém. E sim, essa raiva é principalmente por vê-la desaparecer em uma nuvem de vapor e arco-íris bem em frente a minha porta, onde todos os meus vizinhos poderiam estar olhando.

     Tudo o que estava acontecendo me deixava com a cabeça latejando, e o pensamento longe, procurando formas de me sentir melhor. A raiva que tentava segurar para não gritar pela casa inteira, era puramente culpa. Me sinto mal comigo mesma... Estou sendo obrigada a mentir para minha família, mas sei, que eu mesma escolhi isso... Se for para proteger mamãe e Wesley, estou disposta... Mas me odeio por ter aceitado algo assim, sem saber das letrinhas miúdas no fim do contrato. E é ainda pior saber que é verdade, e não apenas delírio da minha mente, como me obriguei a pensar até que vi que a Marca realmente estava ali.

     Preciso faze-los acreditar em tudo o que digo, preciso fazer parecer ser real, e não uma decisão combinada... Por mais que fosse exatamente isso. Esperei sem muita paciência, o coração palpitando, até que todos estivessem em casa, usando o tempo sozinha para pensar sobre tudo o que diria, todas as mentiras que teria que contar. Mamãe chegou do trabalho as sete da noite, e Wesley estava em casa um pouco antes, quase que me implorando para não contar que ele não esteve em casa. Mas eu realmente não estava me importando muito com esse ponto, o tempo que passei sozinha me deixava ansiosa para acabar com tudo isso rápido.

     Depois que ouvi minha mãe bater a porta do escritório, passei mais alguns minutos no meu quarto, dando voltas pra tentar controlar a ansiedade, até que enfim respirei fundo e decidi descer as escadas. Estava na hora. Wesley vinha no sentido contrario, subindo as escadas, e peguei o braço de meu irmão, arrastando-o novamente escada abaixo.

     — Vamos, preciso conversar com você e mamãe. Juntos.

     — Por que comigo? O que foi que eu fiz?— Ele perguntou, praticamente apavorado.— Madi, por favor, eu faço qualquer coisa!— Ele dizia, com uma voz, que para a idade deveria ser grossa, mas era aguda, o que o fazia soar como uma criança. Era extremamente engraçado, e isso fez meu dia melhorar um pouco.

     — Não é nada do que está pensando Wesley, é algo importante sobre mim, que preciso que esteja presente!— O puxei até o escritório da minha mãe, parando-o na frente da porta.

     — O que foi Madi?— Mamãe perguntou assim que entrei no espaço pequeno e entulhado de coisas embaixo das escadas, que ela usava como escritório, virando o rosto pra mim.

     — Tenho um comunicado a fazer. Na verdade, é mais um pedido...

     — Pelo jeito que você está falando parece até que vai sair de casa!— Wesley disse, rindo.— O que não seria nada mal...

    — Hum... Não exatamente. Eu...— Respirei fundo antes de dizer.— Eu quero fazer um intercambio.

   Por um momento quase imperceptível, em que o silêncio reinou pelo escritório, dava pra sentir a mentira que eu contava no ar, impregnando pesadamente. Segurei a respiração, lutando contra a vontade de morder os lábios, sabendo que aquilo me denunciaria.

As Sete Pedras (Livro 1) - Coroa de insanidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora