Quando se perde um amor

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Acordei na minha cama vestida com minha camisola, não me importei com quem havia me trazido até ali nem com quem havia me trocado. Pois assim que me lembrei do dia anterior uma dor aguda atingiu meu coração. Eu nunca havia sentido nada daquele tipo. Ele não havia aparecido, ele não me queria mais. Eu não vi mais sentido em nada, passei horas e horas chorando. Não me importava mais nada, pois o homem que eu amava, que nunca havia descumprido uma promessa, desde as pequenas e bobas até as de extrema importância, havia me deixado só.
Com o passar do tempo várias pessoas bateram na porta do meu quarto, mas não me importei com quem era que estava batendo. De todas as vezes que batiam eu simplesmente tampava meus ouvidos e gritava " Vai embora, não quero nada, nada ! Nunca mais vou querer algo. Me deixe morrer em paz !
Ja eram três da tarde quando alguém entrou em meu quarto sem permissão.
— Querida, você tem que se alimentar, Sabe,existem outras maneiras de morrer, melhores e com certeza sem dor, do que morrer de fome. _ Eu estava com a cabeça coberta, mas identifiquei a voz suave de minha madrinha na hora.
Tirei a coberta da cabeça, e olhei para ela. Assim que viu meu rosto ela deu um pulo de susto.
— Querida ! Seu olhos estão tão inchados ! Acho que vamos precisar de uma boa maquiagem para amenizar os estragos.
— Não quero maquiagem _ Sentei e comecei a comer o sanduiche que ela havia trazido de forma voraz_ Não quero mais nada. Na verdade quero uma coisa sim, morrer.
— Que pessimismo ! Ta bom, me fala o que aconteceu.
— O Sebastian aconteceu !
— Como assim ?  Ele te rejeitou ?
— Digamos que sim.
— Me explique direito.
— Ele me pediu em casamento ...
— Aaah não me diga que você rejeitou e agora se arrependeu !
— Deixa eu falar.
Ela fingiu fechar a boca e me olhou paciente.
— Eu aceitei, e claro que aceitei. Ele me prometeu vir aqui fazer o pedido, mas ele não veio.
— E ... ? O que mais aconteceu ?
— Só isso. Mas ele nunca me fez esperar. Ele sempre cumpre o que diz, sempre ! Se ele não veio e porque desistiu. Eu sabia que era bom de mais pra ser verdade.
— Querida você não acha que está sendo melodramática de mais não ? Ele nunca te deu motivos pra duvidar dele, não e ? E os pais dele também não vieram, talvez tenha acontecido algo, só confie e espere, ta bom ? Eu não posso resolver isso, mas posso te dar cafune.
Eu fiquei meditando no que ela disse enquanto ela me fazia um cafune. Ficamos em silêncio durante um tempo até que bateram na porta. Ouvi a madrinha responder, mas não prestei atenção no que estava acontecendo, pois estava absorta em pensamentos.
— Querida, voce ouviu ? O Sebastian está lá em baixo te esperando.
Pulei da cama no instante que ouvi aquilo.
— Madrinha o que eu faço ? Tenho que me arrumar !
Ela me deu um vestido lindo, preto e simples. Nem reparei de onde ela havia tirado ele. Nada me importava a não ser o fato dele estar lá em baixo.
Assim que eu estava pronta, corri para as escadas, onde me recompus e desci lentamente como se não fizessem questão de fazê-lo. Ele estava na sala do trono me aguardando, me observou descer sem dizer nada. Assim que eu estava no penúltimo degrau falei :
— Ah, e voce ... _  falei com uma voz fria e sem emoção. Ele corou com o que eu falei mas se recompôs rápido.
— Eu tinha que vir.
Me dirigi aos tronos e me sentei no do meu pai.
— Tinha e ? Não imagino o porquê disso.
— Pare com isso Lily ! E me deixe explicar.
— Pois fale ou morra tentando.
Ele me ignorou e continuou.
— Eu sinto muito mas não me casarei com você.
Meu coração se despedaçou mas eu continuei firme, teria tempo depois para chorar, sozinha no meu quarto.
— Ok, agora que já falou pode ir _.indiquei a porta.
— Pare de fingir que não liga, eu estou vendo seus olhos inchados.
— Quanta modéstia, príncipe Sebastian. Não chorei uma só gota pelo senhor. Chorei e choro pelo meu pobre gato que faleceu hoje.
Ele deu um sorriso brincalhão.
— Você não tem gato.
Me levantei irritada.
— Claro que não tenho, meu Senhor. Pois morreu hoje ! Não sejas tão insensível._ ele revirou os olhos e novamente me ignorou.
— Voce não quer saber o motivo ?
— Se o Senhor quiser contar.
— Fui escolhido como encantado, meu destino agora está entrelaçado a uma bela princesa e uma vida feliz para sempre.
— O quê ? _ Aquilo era demais pra mim, eu sempre sonhara em ser uma encantada.
— Por quê a surpresa ? Voce devia estar feliz por mim.
— Ah estou sim _ minha voz estava com um quê de choro_ Espero que seja muito feliz, na verdade nem preciso de fazê-lo já que e certo que serás.
— Pois agradeço mesmo assim seus votos _ ele falou irritado.
— Mas quem sabe eu me case antes. Sabe, fui pedida por Phillipe em casamento, e ele disse que não desistiria até que eu dissesse sim._ falei irritada.
— Que ótimo _  ele falou de forma rude.
— Otimo mesmo ! _ eu já estava gritando.
— Vou embora então, preciso me preparar para partir.
— Adeus então, e não volte mais.
—Não voltarei !
Ele saiu, me deixando sozinha. Assim que ele sumiu de vista eu atirei um vaso na parede. Me sentei nas escadas do altar dos tronos e comecei a gritar e chorar.
Minha madrinha com seus cabelos rosas esvoaçante e seus olhos azuis preocupados veio correndo descendo as escadas.
— O que foi meu amor ?
— Ele virou encantado ! Eu o perdi para sempre !
— Oh, querida eu sinto tanto !
— O pior e que eu não posso fazer nada. Tenho que ver ele com outra e ainda sorrir.
— Você lutaria por ele se pudesse ?
— Sim ! Mas eu não posso fazer mais nada.
— Acho que podemos fazer algo.
— Como assim ?
— Querida, você ja leu vários contos de fadas, o que e mais poderoso nas histórias ?
— As fadas, claro.
— Também, mas no caso não podemos contar com elas. Eu estou pensando mais no beijo.
— Como assim ?
— Se você beijá-lo minha querida acho que pode mudar as coisas.
— Como você sabe disso ?
— Por quê ja fui uma fada, fui expulsa porquê discordei de certas coisas.
— Você não pode fazer um bibidi bobedi buu e desencantar ele ?
— Sinto muito querida. Mas não posso usar magia.
— Ele falou que ia partir, e eu não sei pra onde.
— Tem como saber para onde ir, você tem que roubar a história dele na central das fadas.
— Você ta brincando, né ? E impossível fazer isso.
— Não, não e ! Esse local não e muito protegido, eu lhe darei o mapa. Não será fácil, mas se ele vale a pena.
— Vale sim, mas ele ja tem história pronta ?
— A história e escrita assim que nasce. Eu sugiro que parta agora mesmo, para alcançá-lo antes que ele encontre a princesa.
Me levantei e concordei. Fui para meu quarto me arrumar, meu coração batia rápido e tinha borboletas no meu estômago. Mas eu estava decidida. Vesti uma calça de couro com cintura alta e uma blusa branca leve e com manga comprida. Coloquei uma capa preta com um capuz.
Minha madrinha me esperava no estábulo com uma mochila.
?
— Aqui tem mantimentos, cobertores, dinheiro e o mapa da central alem de um espelho mágico para podermos conversar.
— Obrigada. Me deseje sorte.
— Claro que desejo, minha querida.
— E meus pais ?
— Te procurarão sem descanso. Mas estarei aqui cuidando deles.
Confirmei com a cabeça.
— Até mais.
Sai para a noite quente de verão. Lá fora estava o Billy me aguardando com roupas de viagem montado em um cavalo.
— Pronta ?
— Você não achou que a Marrie ( que e o nome da minha madrinha ) iria te deixar ir sozinha, né ? Serei sua guarda, seu escudo e seu ombro amigo nesta viagem. Então se quiser chorar ja sabe onde.
Ele sorria, era óbvio que estava feliz em viver uma aventura.
— Então vamos.
Saimos do castelos e fomos a excitante aventura que nos aguardava lá fora.

Desencantados ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora