Capítulo 31

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CAPÍTULO 31 – OS FILHOS DA NOITE NÃO SÃO GRANDES AMANTES DE ÁGUA, A PARTIR DE AGORA.



Florence, quando tinha seis anos, se afogou e quase morreu em uma piscina que era proibida para crianças. Ela chorou por tanto tempo depois que foi salva, porque estava com medo da sensação de quase morte. Aquela foi a primeira vez que chegou perto da morte.

E agora, olhando os olhares desesperados a sua volta enquanto a água começava a subir, parecia reviver tudo isso de novo. O que era realmente engraçado, já que embora estivesse mais velha, ainda tinha tanto medo da morte quanto quando era pequena.

-Alexander – ela gritou, com a voz falhando – Não sei o que fazer. Diga-me o que fazer. Faça alguma coisa.

-A primeira coisa a se fazer nesse tipo de situação é se acalmar.

-Me acalmar?

-As pessoas morrem afogadas porque se desesperam e a água acaba entrando nos pulmões. Eu sei que é difícil, mas primeiro faça isso.

Florence fechou os olhos, respirando fundo. Mas os gritos de desespero a sua volta e o barulho da água subindo, impediriam que qualquer progresso fosse realizado.

-Precisamos fazer alguma coisa, Woodley.

-Precisamos, de fato, agora nos resta saber o quê.

-Você não sabe?

-Ah... – Alexander olhou para os joelhos onde a água já estava – As paredes aqui são muito forte, mais do que um Filho da Noite poderia aguentar. Na verdade, elas foram construídas justamente com esse objetivo.

-Nos matar?

-Ninguém entra e ninguém sai... – ele cerrou os olhos - Na verdade, isso é muito estranho.

-Com certeza, nunca vi paredes...

-Não isso. A festa.

-O quê?

-Não me lembro de nenhuma festa dos veteranos nesse mês.

-Você não é exatamente social, Woodley.

A água subiu com ainda mais força, enquanto Alexander ficou em silêncio.

-Fomos idiotas! Isso era uma armadilha desde o começo! Droga!

-Foi, é?

-Não me lembro de ninguém organizando nada. Só lembro que, do nada, todo mundo sabia que ia ter uma festa.

-Melissa.

-Melissa.

-De qualquer jeito, não adianta nada saber disso se vamos morrer.

-Vamos, antes de cair em desgraça, dar uma olhada na porta.

Alexander caminhou em direção á multidão desesperada que estava na porta, com dificuldade por causa da água que subia. Florence o seguiu. Mas eles não tiveram muito sucesso. Ninguém parecia disposto a abrir caminho para os dois apenas verem a situação.

-Certo e agora? – Florence perguntou.

-Temos que pensar em algo em alguns minutos – Alexander respondeu.

-Quando essa água subir, vamos nos afogar em alguns minutos.

-Não em poucos minutos como os mundanos, mas sim.

-Quer dizer que temos mais minutos do que as pessoas normalmente têm?

-Sim – ele respondeu, sem prestar muita atenção; olhava ao redor procurando esperança.

Nascida nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora