Capítulo 16

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CAPÍTULO 16 - LÁGRIMAS

-Oh – Florence não conseguia pensar em algo natural a se falar. Se o que Alexander e ela desconfiavam fosse verdade, estariam falando com um assassino – Olá.

Alexander olhou de lado em sua direção, como se não acreditasse no que estava acontecendo. ‘’Sério, Willis? Sério mesmo?’’ ele deveria estar pensando.

-Como as coisas mudam, não é? – o homem continuou – Em um momento tudo é fogo e guerra e ameaças de mortes entre suas famílias e então, logo depois, paz e conversa. Seu pai não acreditaria em mim, Florence.

-Conheceu meu pai? – ela perguntou, fingindo surpresa. Alexander deu um voto de confiança pela tentativa, mas percebia muito bem os poucos talentos cênicos de sua colega. Ela estava trêmula.

-Oh, mas é claro – ele riu com os filhos – Nós éramos melhores amigos.

-Ele tem razão, Florence Willis – Alexander interrompeu – Seu pai e ele eram amigos. Fundaram até mesmo uma Irmandade para os excluídos e, segundo eles, injustiçados. Mas me diga, senhor, essa amizade foi reforçada pelo desprezo de ambos pelo meu pai?

O pai de Anna Jones cerrou os olhos em direção ao garoto, como quem olha para alguém que considera tão pouca coisa que nem mesmo sentia vontade de manter uma conversa amigável.

-Acho que havia me esquecido como os Woodley acreditam possuir a verdade – ele disse – Como eles levantam o nariz e olham para os outros de cima, acreditando que os de baixo não sabem de nada.

-Não acredito que esse seja um aspecto da minha família.

-Foi o que seu pai disse, antes de ser exatamente o que eu acabei de descrever.

-Bem, diferente do que pensa eu não estou conversando com Florence Wills por vontade própria.

-Oh, não?

-Não – Alexander escondeu as mãos dentro dos bolsos de seu casaco preto e pesado – Vim aqui para informa-la de que a mãe dela está no outro salão. Um pedido de Minerva. Como não sou obrigado a manter essa conversa que não me acrescenta nada, peço licença. – e saiu. Florence quis correr atrás dele e acertá-lo em cheio. Como ele pôde deixa-la?

-Dá para acreditar nisso, querida? – Ronald Jones disse a Florence, enquanto Anna parecia surpresa com Alexander – Ele definitivamente me lembra o pai. Aquele Comandantezinho metido a sabe tudo. Pois digo uma coisa, a verdadeira coisa, a mais importante, ele não sabia.

-O que é a verdadeira coisa?

-O valor de uma amizade – respondeu – Deixe-me explicar. Seu pai e o pai de Alexander Woodley eram muito amigos, mas o Comandante e ele acabaram se desentendo feio e seu pai se tornou meu melhor amigo. A família Woodley nunca gostou muito de mim.

-Você os conhece?

-Quem não? – ele riu, sem humor – Mas eu os conheço mais do que gostaria. O Comandante foi meio que obrigado a me apresentar a irmã e a esposa em uma festa.

-Obrigado?

-Algo para não parecer mal educado – ele deu de ombros – O caso é que senti o desprezo deles dois pelo olhar. Sabia muito bem que o Comandante havia envenenado a família contra mim. Com exceção, é claro, de Minerva.

-Minerva?

-Pode não parecer, mas Minerva é alguém doce, que gosta de dar chance as pessoas.

-Realmente acho que não estamos falando da mesma pessoa.

Agora ele gargalhou.

-Eu sempre digo a Florence o quanto Minerva é demais, papai – Anna comentou – Mas ela nunca me ouve, nunquinha.

Nascida nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora