Uma ceifadora sanguinária me adota

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Bem, como eu havia perdido minha mãe antes mesmo que eu pudesse chamar ela de mãe, fiquei por cerca de uns 2 meses naquele hospital. Meus avós não tinham condições e saúde pra cuidarem de mim, e foi depois desse tempo que, a amiga da minha mãe, Lindsey, decidiu me adotar como seu filho. Lindsey tinha um marido chamado Matthew. Eram um casal bacana. Não tinham filhos legítimos, porque Lindsey era estéril e não poderia usar seu útero. Foi também um dos motivos pelos quais ela escolheu me adotar.

O tempo se passou, e eu fui crescendo, chamando ambos de pai e mãe, convivendo com a família deles como se realmente fossem a minha. Mas uma imagem sempre aparecia nos meus olhos quando eu dizia "Mamãe". A imagem de uma mulher de olhos verdes, pele morena e cabelos pretos, usando uma touca de látex, sorrindo. Aquilo sempre me fazia piscar forte, como se fosse algo que era pra mim esquecer. Ainda bem que não me esqueci. Matthew era realmente um bom pai. Ele sempre esteve brincando comigo enquanto podia, sempre me agradando, sendo a melhor pessoa do mundo. Vivíamos felizes na Califórnia, em Santa Mônica.

Até que um dia, tudo aconteceu. O título aí já diz tudo. Estava de noite, e eu estava na varanda do meu quarto, olhando a rua. Não conseguia dormir aquela noite por alguma razão. Vestia meu pijama azul com ursinhos. A noite estava mais linda que em qualquer dia. As estrelas pareciam furos em uma grande tela preta, por onde saía uma luz maior. A lua, estava gigante e bem visível, sem nenhum sinal de nuvens. Foi aí então que algo estranho aconteceu. Uma nuvem de fumaça escura, com um brilho roxo começou a aparecer na minha frente. Franzi o cenho, meio confuso pelo o que acontecia. Então, de repente, uma mulher se formou da fumaça e da luz roxa. Ela tinha feições finas, amigável. Existiam presas em vez de dentes caninos, pra fora da boca. Seu cabelo era preto, quase tão escuro quanto o próprio céu. Vestia um vestido longo e preto, segurando um cetro roxo com uma grande esfera branca. Ela sorriu pra mim, erguendo o cetro. Eu fiquei vidrado com os olhos dela. Eles pareciam o próprio infinito.

-Então, parece que a serva do meu filho mais competente conseguiu te manter vivo todo esse tempo. É ótimo pros meus planos. - Disse a moça.

-Quem é a senhora, moça? Quem é seu filho? - Perguntei, confuso.

-Garoto, você ainda não sabe? Mas que maravilha! Contar eu mesmo sobre tudo ao meu sobrinho. - Disse a moça, animada.

-Você é irmã da minha mãe? - Perguntei, esperançoso.

-Sou irmã do seu pai, criança. Porém, eu não tenho muito tempo. Sua mãe já deve ter te contado histórias sobre deuses, sobre criaturas como o Minotauro, ou a hidra de lerna. Tudo isso, meu caro sobrinho, é tudo uma realidade que não foi lhe mostrada. Mas, eu estou aqui pra fazer exatamente isso. - Enquanto ela dizia, movimentava as mãos, fazendo uma espécie de tela no ar. Nela, imagens dá real mitologia apareceram. Fiquei encantado com elas, nem piscando.

-Eu sou Nyx, criança. Eu sou a deusa da Noite. Sou o próprio mistério e a magia. - Disse Nyx.

-Então... O quê? - Disse a ela. Nesse momento, apenas fechei os olhos. Abri-os novamente, mas, eu não estava mais na varanda. Não tinha estrelas, nem cidade, nem Nyx. Estava deitado em um sofá de uma casa estranha. A sala era bege com branco, com as mobílias em cor branca. Levantei-me coçando os olhos e então, Lindsey apareceu na sala, sorrindo pra mim.

-Olha, finalmente acordou, grandão. - Disse Lindsey, pegando-me no colo.

-On-onde estamos, mamãe? - Perguntei a ela, confuso.

-Nós estamos na casa da vovó, em Oakland. Você dormiu bastante. Até parece que morreu e voltou a vida. - Disse ela, rindo e, em seguida, fazendo cócegas em meu abdômen. Não consegui não rir.

Ela me largou no chão e começou a correr até uma porta de vidro, saindo dela e andando pela área gramada da pequena casa frontal. Segui atrás dela, vendo o resto da família, em um refeitório que havia logo após. Todos estavam ali, sorrindo e comendo um belo churrasco de porco. Entrei, acenando a todos enquanto ria. Por mais incrível, eu era a única criança daquele lugar. O resto dos meus primos, tinham 16, 17 anos. Me sentei do lado de meu avô, em um banco a frente de uma mesa, sorrindo pra ele. Seu nome era Nicolas.

-Vovô Nicolas, foi você quem construiu isso tudo? - Perguntei a ele, o olhando. Vovô Nicolas estava usando roupas florais do Hawaii, com um óculos escuro. Ele sorriu pra mim e afirmou com a cabeça.

-Foi sim. Eu, seu pai, seus tios e um pouco de ajuda da sua vó. - Disse Vovô Nicolas, sorrindo e olhando pra vovó. Ela olhou pra Vovô com uma vontade de querer bater nele. Todos do refeitório riram com a cena.

Depois que todos comemos, descemos até o lago que havia no final do terreno. Vovô fez uma fogueira, enquanto meus primos e meus tios pescavam peixes no lago. Estava sentado do lado de Matthew, enquanto ele me contava uma história sobre uma truta gigante.

-Você é um péssimo contador de histórias, pai. - Disse a ele, rindo.

-Hey, não desmerece. Eu acabei de inventar essa história. Devia era estar me agradecendo por isso. - Disse ele, apontando em seguida pra fogueira. Vovô Nicolas estava já assando 3 peixes. Sorri e me juntei a ele, pegando o primeiro peixe e comendo com cuidado.

O dia tinha sido agradável. Adormeci na própria grama em volta do lago. Mas, adormeci com medo de ter aquele sonho novamente. De ver Nyx novamente. Então, um toque me acordou. Abri os olhos e vi Lindsey sorrindo pra mim. Desta vez, eu estava num quarto escuro. Ela ergueu a mão em minha direção, e a segurei. Me levantei e olhei pra ela, espantado. Suas roupas estavam sujas de sangue e ela segurava uma foice em sua mão. Matthew entrou na sala em seguida, segurando um livro e um cetro quase igual ao de Nyx. Larguei a mão de Lindsey, assustado.

-Acalme-se, filho. Nós vamos te levar a um lugar seguro. - Disse Lindsey, me abraçando. Enterrei meu rosto em seu ombro. Quando ela me largou, estávamos em um local diferente. Existiam várias árvores e uma espécie de entrara grande. Virei-me olhando pra frente. Uma casa enorme estava ao final da descida.

-Bem vindo ao Acampamento Meio-Sangue, Mason. - Disse Matthew, colocando a mão sobre meu ombro.

The Old DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora