Cidade Dos Portais

Frio

Eu bati forte na porta do quarto do Zayn. Bati tanto que o nó dos meus dedos ficaram vermelhos, tamanha minha força. Não consegui parar de chorar e já havia molhado todas as malditas cartas.

Eu poderia esperar até amanhecer pra tirar essa história a limpo, poderia chamar o Zayn discretamente e conversar a sós com ele, mas eu havia sido enganada esse tempo todo, chorei a morte de alguém que não estava nem ai pra mim. Chega de controlar minhas emoções.

-Mas o que... Mila, o que houve?

-Paloma quero falar com o Zayn! Agora!

-Desculpe mas ele ta dormindo... Aconteceu alguma coisa? Você está péssima.

Não ia dar tempo pra explicar então, eu abri mais a porta e adentrei feito um furacão no quarto. O Zayn realmente estava dormindo e não acordou com a confusão que eu estava fazendo, e numa tentativa desesperada para acordá-lo, peguei um jarro de flores que estava ao lado da cama e joguei água na cara dele.

-MAS O QUE?

Ele sentou-se na cama, obviamente assustado, nervoso e sem entender o que se passava ali.

-Malia, o que deu em você?

Joguei os papéis no colo dele e observei seu rosto mudar de furioso para perplexo.

-Onde você...

-Ele tinha namorada não tinha Zayn? Ele tinha uma namorada esse tempo todo e me enganou! E você sabia disso! Porque não me contou? Porque deixou ele me fazer de tonta?

Paloma pegou uma das cartas e não conteve o choque. É, eu fui corna... Na verdade, fui amante do Harry esse tempo todo, o Zayn sabia e não contou pra mim e pro azar dele, o Harry estava morto então ele era a única pessoa que eu podia descontar toda a minha raiva.

Nunca desejei tanto que o Harry estivesse vivo. Para que eu mesma pudesse matá-lo! E não seria tão rápido quanto cair de um penhasco.

Zayn passou a mão no cabelo e suspirou fundo.

-Paloma... Fica com a Mila, faz ela se acalmar um pouco. Vou trocar de blusa e já venho conversar com ela. - Paloma assentiu e o Zayn se trancou no banheiro. Eu sentei na cama e deixei o choro vir, acompanhado de altos soluços.

Ela não tinha muito que fazer, apenas acariciou meu cabelo e segurou firme minha mão. E eu chorei, chorei, e me odiei por estar derramando uma cachoeira inteira por quem não merecia nem uma gota d'água.

O Zayn saiu do banheiro e sentou-se ao meu lado.

-Primeiro: Prometa que não vai drenar todo o ar do meu corpo, não vai atirar coisas em mim e nem vai me bater!

-Pro... Prometo Zayn. - Eu funguei e limpei as lágrimas na manga do meu vestido.

-Quando o Harry fez seu décimo quinto aniversário, o rei deu uma grande festa. A guerra estava no inicio, mas mesmo assim, nosso mundo já estava em desequilíbrio, e ele estava obcecado pela idéia de encontrar a princesa perdida. O rei não gostou muito dessa idéia mas não impediu que o Harry começasse a te procurar.

"No dia da festa, ele estava conversando com alguns camponeses que tinham mais detalhes sobre sua história. A Lydia era filha de um deles e acabou se intrometendo na conversa, dizendo que o Harry era louco por acreditar numa princesa que ninguém sabia se estava viva. O jeito altivo que ela falou com ele, fez o Harry... Se interessar por ela. Ele gosta de desafios."

Ah... Tenho certeza disso! Canalha imbecil.

-Eles começaram a conversar escondido, eu era o intermediário deles. Quando o rei descobriu que o Harry estava interessado numa menina comum, proibiu os dois de se falar. Claro que não adiantou muito porque o Harry viajava pra onde ele quisesse e toda noite ia se encontrar com a Lydia.