A Anciã

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-Ta muito cedo George...

-Nada de preguiça princesa... Tem aula de etiqueta com o seu pai daqui meia hora, e a Paloma mandou avisar-lhe que vem hoje a tarde começar os preparativos do casamento. Já de pé mocinha.

Ele abriu todas as cortinas do meu quarto e a claridade ficou insuportável. Sentei-me na cama e observei-o escolhendo o meu vestido e o deixando em cima da minha cama.

O jeito que ele se movimentava... As coisas que ele falava e o jeito de agir, estava me deixando desconfiada que o George fosse gay. Mas não tinha intimidade suficiente para perguntar isso á ele. Levantei e me dirigi ao banheiro e fiz minha higiene matinal ignorando o canto alegre que vinha do meu quarto.

-Bom dia filha! Dormiu bem? - Meu pai beijou minha testa e eu sorri pra ele.

-Teria dormido melhor se certa pessoa não tivesse me acordado tão cedo... Pai, não tava no contrato que princesas não têm direito a dormir.

Ele deu risada e colocou suco no meu copo.

-George está tentando mostrar serviço filha, dê mais alguns dias e toda essa empolgação inicial vai passar.

Revirei os olhos e tomei um gole do suco. Era da fruta do fogo, meu pai sabia que eu adorava esse suco.

-Duvido muito... Ele tem uma aura de felicidade em volta dele que é impenetrável, duvido que fique triste por alguma coisa. Mas e ai, o que vamos aprender hoje?

Tentei parecer animada, mas eu odiava as aulas de etiqueta do meu pai. Primeiro, ele me fazia andar com um livro na cabeça por quase uma hora e meia e isso detonava minha coluna. Depois, mandava preparar um banquete totalmente exagerado e me ensinava a recepcionar os convidados e a me portar na mesa. Fazíamos tudo isso sem ninguém por perto, então, parecíamos dois malucos!

-O de sempre... Mas vamos ser rápidos hoje, Paloma está vindo pra vocês organizarem o casamento dela. Não acho certo ela deixar você Mila, Vamos ter que arrumar outra protetora e a família da Paloma morreu na primeira guerra. Não gosto da idéia de colocar outra família pra fazer sua segurança.

-Ela está feliz pai e eu quero que ela se case, ela e o Zayn merecem... Aliás, como foi que a Paloma foi parar no Alaska junto comigo?

Ele deu de ombros, pegou um pão e me fitou.

-Quem sabe? São os mistérios dessa dimensão...

Ele piscou pra mim e comeu o pão. Não duvido nada que ela estava engatinhando por ai e "sem querer" caiu lá no Alaska. Essa dimensão é maluca e eu não duvido mais de nada.

Vinte minutos depois do café eu estava numa sala enorme, com um livro que pesava pra caramba em cima da cabeça, um sapato de salto que faria até mesmo a Paloma cair e eu tinha que andar com postura por toda a sala.

Odeio minha vida!

-Precisa de ajuda?

Eu nunca fiquei tão feliz de ver a cabeleira loira da Paloma! Eu joguei o livro no chão e fui correndo abraçá-la. Nem preciso dizer que tropecei no vestido, tentei segurar numa estátua que estava perto de mim e levei nós duas para o chão.

-Mila! Você ta bem? - Paloma tentou segurar o riso, mas eu sabia que estava morrendo de rir da minha cara. Mostrei língua pra ela e estendi minha mão.

-Droga de sapato assassino... Espero que essa estátua não seja importante! - Olhamos por chão e vimos à estátua de bronze sem um braço e toda arranhada.

-Como você conseguiu sobreviver sem mim todos esses dias?

-Acredite Paloma, me faço essa pergunta todos os dias! - Ela balançou a cabeça e me ajudou a levantar a estátua e pô-la no lugar. Coloquei o braço em qualquer lugar, tirei os sapatos e fui guardá-los no quarto.

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