Dois irmãos e uma vida sobrenatural

Parte I - A briga

A enfermeira puxa o curativo em um movimento rápido, e eu aperto a mão de Sam ao sentir uma pontada de dor no lado esquerdo da minha barriga, aonde levei os pontos, graças a uma porcaria de caco de vidro. Sam parecia se sentir culpado por ter atirado no vidro do carro, por mais que eu tivesse dito um montão de vezes que ele me salvou. Ela coloca um curativo novo sobre o machucado, e diz: "Você está livre para ir. Mas tem que trocar o curativo de três em três dias, até os pontos se soltarem sozinhos. E tem que tomar o analgésico uma vez por dia, durante pelo menos duas semanas. Repouse e evite fazer muito esforço. Você ficou sem oxigênio por muito tempo, seu corpo ainda está tentando se recompor. Pode tomar um banho se quiser e pode pedir para alguma enfermeira trazer-lhe comida. Tenha um bom dia" e logo depois de dar um aceno de cabeça para Sam, se retira.

"O quê você quer fazer?" Sam, que está sentado em minha cama, entrelaça sua mão na minha, e me olha como se eu fosse uma criança. Ignoro seu olhar e tento levantar, com um pouco de dificuldade. Não lembro dos pontos doerem tanto assim. Será que eu esqueci de tomar o remédio para dor que uma enfermeira me trouxe ontem? Mesmo assim, quando Sam tenta me ajudar, eu faço sinal e digo que não precisa, e fico de pé, tentando por meu corpo reto. Ainda precisava ter um resto de dignidade.

"Eu, ham... Acho que vou tomar um banho" fico tonta, e ponho a mão na testa, e quando achei que fosse cair, sinto os braços de Sam envolta de meu corpo, impedindo que eu caia de cara no chão. E então decidi não ligar mais para meu orgulho. Afinal, é apenas Sam.

"April, para com isso. Você é minha irmãzinha, eu vou sempre cuidar de você, não me importo nem um pouco com seu orgulho." se Sam não me conhecesse desde que nasci, diria que ele lê mentes.

Dou um sorriso agradecido para Sam, e quando ia abrir a boca para agradecer, ele abana perto do nariz com a mão e diz: "Ai! Melhore esse hálito primeiro!" me colocando de volta no chão.

"O Dean está trazendo minhas coisas. A culpa é dele, não minha!" ergo as mãos pra cima, me direcionando para o minúsculo banheiro.

Deixo a água quente correr sobre meu rosto. E tudo que eu queria era ficar lá no chuveiro até aquele Glimk estar morto. Eu queria matá-lo, mas a preguiça era minha aliada no momento. Passei a madrugada acordada, preocupada com Dean. E por mais que Sam tenha prometido que ia ficar acordado comigo, ele dormiu uma hora depois. E tudo o que eu queria era recuperar aquelas horas de sono. Mas podia? Claro que não. Porque? Negócio de família.

Sam e Dean podiam achar que eu ia ficar de fora dessa vez, mas eu sou April Winchester. E eu vou matar essa coisa.

Fecho a água. Pego a toalha que eu usei nesses dias e me envolvo nela. Abro a porta do banheiro e dou de cara com Dean segurando o celular de Sam, que estava tentando recuperar.

"April, fala pro Dean que foi você que baixou "Sorry" no meu celular!" ele tenta pegar seu telefone, mas Dean passa rapidamente para sua outra mão. Claro que fui eu, quando o meu celular estava no concerto, eu queria ouvir música, e não havia nada de bom naquele celular do Sam, então eu baixei algumas músicas. Mas eu estava querendo me divertir, então sorri inocentemente e disse:

"Eu?" pegando a bolsa que Dean tinha passado em casa pra pegar e colocado algumas coisas que eu pedi.

"Sammy está virando belieber!" Dean caçoa, e logo depois Sam recupera seu celular da mão de Dean, com raiva.

"Quer saber? Vão se ferrar vocês dois!" Sam se joga na cama que antes eu reconhecia como minha, mas não mais já que eu vou dar o fora daqui.