Parte II - Hora de dormir

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Dean

Eu devia instalar um alarme na porta de entrada da casa. E só eu saberia a senha. Assim, se April resolvesse bancar a rebelde eu poderia impedi-la. Como eu pude voltar a dormir logo depois de pegar-la tentando fugir? Acho que não achava que ela fosse estúpida assim. Mas ela é uma criança, vai sempre fazer coisas estúpidas.

Se ela tivesse alguma idéia de como meninos são... E não é nenhum conforto lembrar de como eu era quando garoto. Afinal, assim foram os homens e assim sempre serão. Ainda bem que eu sou um homem. Pelo menos isso é melhor do que aturar um...

Só que April não merece passar pela desilusão de conhecer o mundo como ele é. Quer dizer, ela caça monstros, mas sorte dela que ainda não teve a chance de ter que lidar com os monstros da vida, eles são os piores; não dá para simplesmente caçar-los, é preciso enfrentar-los. Ela é minha menininha. Eu tenho que protegê-la. Não posso entregar-la para o mundo real. Não posso fazer isso com ela.

E, além de não querer que ela saia machucada, também quero muito acabar com esse filho da puta que se aproveitou dela. Não importa como, não importa com o que, mas eu vou matá-lo. Ela é minha menininha. E eu não estou nem um pouco afim de dividí-la com nenhum garoto tarado que acha que só por ter saído com ela por alguns dias tem o direito de passar uma noite com ela. Nada disso! Eu passei catorze anos receoso de fechar os meus olhos e alguma coisa acontecer à ela. Toda vez que ela ficava doente ou machucada eu é que passava a noite acordado com ela, lendo histórias até ela adormecer. Não nenhum Tyler, eu.

E agora ele pensa que vai simplesmente roubá-la de mim? Mas não mesmo.

Flashback on

- Didi? - a voz doce e suave de April roçou em meus ouvidos e me despertou de uma soneca em cima do livro de matemática do segundo grau. - Acorde. Da última vez que você dormiu estudando o papai brigou com você, e eu não quero que ele faça isso de novo não, Didi.

Um sorriso se fez em meus lábios ao me encontrar com os olhos brilhantes de April. Com apenas quatro anos minha menininha já cuidava de mim. - Obrigada, princesa.

Suas sobrancelhas se curvaram e ela colocou as duas mãos na cintura - Princesa?

Ri - Ah, me desculpe. Princesa não, rainha.

Ela me deu um sorriso satisfeito e me abraçou, sentando-se no meu colo. Aqueles pequenos bracinhos ao redor de meu corpo me confortaram de uma forma tão boa que quase pude esquecer de todos os problemas.

- Didi? - Aquela voz doce sussurrou em meu ouvido novamente.

- Sim, minha rainha?

- Quando o papai vai voltar?

- Ele... Ele vai demorar um pouquinho...

- Não gosto de quando ele vai embora. Mas, quando ele volta, está sempre cansado demais pra brincar comigo. E ele está sempre machucado. O que papai faz, de verdade?

- Eu já te disse. Ele é um super herói. Ele mata os monstros.

- Mas os super heróis não ficam cansados.

- Ele... - suspirei - é um tipo de super herói diferente. Agora venha, está na hora de dormir.

- Eu já disse, hora de dormir é quando eu fico com sono.

Dois irmãos e uma vida sobrenaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora