Parte I - A janela quebrada

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Dean e Sam estavam se revezando pra ficar comigo no hospital. Mas os dois sempre passavam a noite. O médico disse que eu vou receber alta em cinco dias, mas vou ter que repousar pelo menos duas semanas, pra não correr risco. O quê ele não sabe é que eu corro risco de qualquer jeito. Com uma criatura esquisita a solta, querendo me matar, não faz muita diferença eu repousar ou não.

Depois do quê aconteceu, Dean não quer que eu trabalhe com eles nesse caso. E isso é momento de briga o tempo todo agora. Ele fica dizendo que eu vou acabar morrendo, e eu falo que eu estou em perigo de qualquer jeito, e a discussão só piora. Sam apoia Dean, é claro, o quê me deixa ainda mais aborrecida. Se fosse com eles, com certeza não ficariam sentados esperando matarem a coisa. Eu acho que eles só não saem para resolver sozinhos, quando eu estiver dormindo, por medo de que eu acabe fugindo do hospital atrás deles. O que eu realmente faria. Se alguma coisa quer me matar, é claro que eu quero ajudar a impedir.

Graças ao Sam, estamos descobrindo muito sobre essa criatura (cuja tem um nome muito estranho):

"Glimks são agéis e geralmente matam suas vítimas com suas garras muito afiadas. Diz a lenda que, quando pessoas, eram guiados pela vingança, sem pena ou remorço de matar. Quando morreram, seus espíritos não sossegaram, por conta de sua tão violenta vida, e eles se transformaram em uma criatura das trevas. Sua aparencia obscura, simboliza o quão sombrio, seus olhos grandes e vermelhos simbolizam o sangue de suas vítimas, e sua garra, simbolizada todas as armas que ele já usou para matar, tanto que agora é como parte de seu corpo." Sam lê, com o notebook em seu colo.

"Diz alguma coisa sobre controlar pessoas?" Dean apoia o tabuleiro de damas em cima da cama.

Sam fica um tempo encarando o aparelho, tecla ali, mexe ali, tecla de novo, coça a testa e finalmente anuncia que não há nada sobre.

Dean arruma as peças. Estamos jogando isso faz três dias, mas não há muito o que fazer em um hospital.

"Então não é nada que já não sabemos" Dean finalmente termina de arrumar as peças e começa a jogar sem anunciar, sabendo que eu não vou contestar porque ele ganhou a última partida.

"Espera, isso é novidade: Glimks podem ser derrotados por apenas duas coisas: sangue de suas vítimas e sua própria garra. E podem ser retardados por sal e ferro." Sam lê.

"Fácil, então. Só quebrar a garra dele e pronto" Dean dá de ombros, e faz sinal de que é minha vez de jogar.

"Não acho, Dean. Aqui diz que o único jeito de quebrar sua garra é esmagar com alguma coisa muito forte e pesada. Como vamos fazer isso? Ele não vai simplesmente ficar parado lá!" Sam fecha a tampa do computador, parecendo preocupado.

Eu finalmente faço minha jogada, e Dean logo em seguida faz a dele, me deixando com raiva por ser assim tão rápido e eu ficar um tempão pensando.

"A gente vai dar um jeito" Dean fala, mais confiante impossível "A gente sempre dá" Eu fico pensando em qual das alternativas de movimento eu escolho. Ele olha de relance pra bandeja que as enfermeiras trouxeram com minha comida, abre um pote que ainda tinha um resto de alguma estranha mistura, a qual eu desisti de tentar comer, pega a colher que eu deixei ao lado, e enfia na boca. Sua cara é tão engraçada que eu não consigo segurar o riso.

Dean cospe no pote a mais nojenta mistura em sua boca, cuspindo freneticamente a própria saliva no ar.

"Cara, isso é nojento" Sam olha com repugnância pro que parecia vômito agora, no pote.

"Acredite, não é mais nojento do que o quê eu acabei de comer. Se só sobrar no mundo aquele negócio e o meu cuspe, cara, meu cuspe vai salvar a sua vontade de comer alguma coisa novamente" eu e Sam rimos, e ele levanta "Eu vou sair e trazer comida de verdade. É claro que os pacientes não vão melhorar, ficam dando essas bostas em forma de comida!" ele abre a porta e sai, reclamando sozinho.

Dois irmãos e uma vida sobrenaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora