change your mind (c.y.m.) // muke

Eleven

              💦Luke's POV pt.1💦

Esqueci como se respirava quando li a tal mensagem. O que Michael queria fazer aqui? Principalmente depois de tudo que ele me disse no dia do trabalho de biologia, convenci a mim mesmo de que ele jamais iria querer algo comigo. Mas a mensagem estava ali, diante dos meus olhos, e não podia acreditar no que via.

Fiquei um século com os polegares imobilizados, sem ideia do que responder. Aquilo era uma piada, certo?

A tela do meu iPhone brilhava mais do que nunca, a luz fazia meus olhos arderem, como se dissesse "Anda, idiota. O que está esperando? Responda ele".

Porém imagens da noite que Michael fez eu passar a pior humilhação da minha vida voltavam à minha cabeça.

Tudo aquilo que ele dissera, sobre não precisar nunca mais vir a minha casa, sobre como a minha vida como gay era uma merda, como ele era intocável, tudo isso me deixava cada vez mais irritado.

Digitei um "não" áspero. Meu polegar estava quase pressionando o botão de "enviar" quando parei.

Me lembrei do episódio do shopping, quando ele riu da minha encenação de boquete. Quando ele se entregou pra entrelaçar seus dedos nos meus durante "Tear In My Heart". Quando ele disse que reparou nas coisas de pinguins que eu tinha no meu sótão e por isso me chamou de pinguim. E, o mais importante de tudo, quando me disse, sentado na calçada, que eu "até" era legal.

E se ele quisesse outra chance?

Eu sempre acreditei que todos mereciam segundas chances, para poderem concertar os erros que fizeram.

Michael havia se mostrado uma pessoa legal na tarde no shopping. Eu sabia que dentro daquele homofóbico cruel havia um pedaço que era amigável. Eu sabia que se eu desse uma chance pra esse pequeno pedaço dele, talvez as coisas poderiam mudar.

"Pode ser" digito rapidamente, enviando a mensagem em seguida.

Segundos depois aparece "visualizada" embaixo do balãozinho. Michael não diz mais nada.

💦

Eu estava jogando Zelda no meu Nintendo quando minha concentração foi interrompida pelo som da campainha. Antes que meu pai pudesse atender, gritei um "Deixa comigo!" e desci as escadas apressadamente.

Assim que abri a porta, senti meu peito apertar com a imagem que vi de Michael.

Ele estava vestindo uma jaqueta jeans toda encharcada, assim como seus cabelos vermelhos, o que me fez pensar que ele veio correndo na chuva. Sua aparência estava horrível, o que me deixou triste.

Senti meu coração quebrar em mil pedaços quando percebi que havia lágrimas em seus olhos.

- Posso entrar? - ele pronuncia após um longo tempo esperando.

Primeiramente fico sem palavras. Ver ele daquele jeito me deixou muito abalado, e eu não sabia como reagir.

- Hã, hã - afirmo, e Michael passa por mim, com a cabeça abaixada.

Assim que me viro para acompanhá-lo, me deparo com meu pai o fitando fixamente. Fuzilando Michael com os olhos.

- O que ele está fazendo aqui, Luke? - meu pai pergunta, sem nenhuma expressão na voz.

Eu o ignoro, passando reto pela sua frente, sem dizer uma única palavra.

- Vou querer explicações! - meu pai grita atrás de nós, quando já alcançávamos o segundo andar.