Sofás

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- Você tem que me ajudar.

Olhei para a porta e a Irisha adentrava o meu escritório se jogando no sofá, colocando uma pasta na mesinha de centro e atirando os sapatos altissimos para cima.

Sempre assim, abusada e mimada.

Desde que os pais perderam os seus irmãos na invasão da embaixada, ela foi tratada como se fosse uma preciosidade, cercada de mimos e vontades. Ela nunca soube o que é um não e trata muita gente como se fossem seus empregados de terceira linha. Isso inclui nossos primos que são gerentes e executivos da S&Y.

Somente eu e a Patrícia não abaixamos a cabeça. Fomos criados juntos, e conhecemos as manias e manhas dessa bela mulher. Esbelta, olhos claros e tom de pele que puxou do pai Edgard. Da mãe só herdou o porte e o belo corpo, porque a educação e a humildade, passem longe.

Profissionalmente ela é muito boa, mas pessoalmente, é um desastre como ser humano.

Com a Patricia, ela chegou no limite e brigaram feio. Motivo? A Irisha não consegue ouvir as verdades que merece ouvir, ainda mais se tratando do Marido, o Rodolph.

Comigo.... sou o único que a mantém na linha, e consigo fazer com que ela saia do seu mundo e tenha alguns minutos de lucidez. Se ela está aqui, é porque provavelmente, está a ponto de explodi o mundo e não a ela.

- Ajudar em?

Larguei os papéis sem paciência em cima da mesa e a olhei, atirando os óculos de leitura em cima de tudo. Minhas dores estavam retornando e eu preciso relaxar, mas para isso tinha que colocar minha prima para fora.

- Papa e Mama eles não podem me deixar aqui sozinha. Eles não podem ir para aquele fim de mundo... Como eu vou ficar? Se eles forem para o Brasil eu juro que...

A interrompi...

- Você jura??? Não acredito nisso, você está louca?

- Claro que não Thomas, pelo, amor de Deus.

- Não é o que parece, você está sem controle.

- Controle, quem pode manter a sanidade assim? Eles querem largar tudo aqui, no primeiro mundo e se enfiarem no meio do mato, por causa do Hadick.

Aproximei minha cadeira de rodas de onde ela estava .

Balancei a cabeça rindo.

- Você está com ciumes?

- Ciúmes? Claro que não... Papa já está velho para ficar voando de um lado para outro e se a saúde dele piorar? Lá não tem bons médicos.

- Irisha, cresça- gritei.

Ela me olhou com cara de choro, se sentou no sofá e eu sentei ao lado dela, apoiando meus pés na mesa de centro, com ajuda de meu braços. Sem movimento algum das pernas algumas tarefas simples são herculanas. Mas tenho um excelente estado físico da cintura para cima, sustentando bem o resto do meu corpo inútil.

Sentei e acomodei minha cabeça no encosto olhando o teto, tentando dispersar a dor que começa a formigar de cima para baixo, da planta do pé até a cintura. Como se realmente eu as sentisse. Na verdade, o que sentia eram ... nem os médicos sabia, o que eram

Fechei os olhos e tentei esquecer aquela dor, mas senti a Irisha sentando em meu colo. Uma perna de cada lado, beijando meu pescoço.

- Irisha... Eu sou homem e você é uma bela mulher, você sabe muito bem que nosso grau de parentesco, não é brochante para mim.

- Sei muito bem, e lembro disso.

Uma noite.
Uma droga de noite... A encontrei bebada na porta de minha casa. Pedi ao William que a colocasse no quarto de hospedes. A Margô me ajudou a banhá-la e vesti-la. No meio da madrugada senti alguém embaixo de minha cobertas me excitando, me estimulando, com a boca. Quando acedi a luz era ela, que não se assustou, estava mais que sóbrea. A avisei que não ia parar, ela não se importou. Transamos duas vezes, sem culpa, ou medo.

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