Bônus - Nossa Srª Rainha de Cabo Verde

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Espero que o Alonso entenda. Ou melhor Zanira, não tem nada para se preocupar. Pensa bem.

Afinal o que pensas que vai mudar em sua vida? Ambos estão carentes. Não deitas com um homem desde a morte do Victor.

És somente uma secretaria na empresa, você e o Kelvin só se enrolaram esta noite por curiosidade. Amanhã você volta para sua casa, pega o Alonso no aeroporto, no domingo, jantam sob as narrativas das novidades de um menino de 9 anos, na segunda você volta a ameaçar seu chefe com sua demissão. E pronto...

Que porcaria.... Devia ter evitado a cerveja preta.... Eu avisei!

Para piorar, se lembrou de sua infância cantando a música da "Rainha da Morna", Sodade.

Estavas a falar em terceira pessoa, sob o travesseiro enquanto o Kelvin estava no banheiro.

Ele não devia ter me dado aquele beijo. Devia ter apenas aplaudido como os outros.

Senti o colchão descer um pouco e suas carícias em minha pernas, após lamber meus pés, subindo em minhas cochas.

- Esse travesseiro em seu rosto, só me faz ter ideias do que fazer com o resto de seu corpo, Zan.

- Temos que conversar Kelvin - não conseguia me mecher, nem ao menos retirar o objeto de minha cara.

- Amanhã - ele beijava minha barriga, lambia o local da cicatriz de uma das guerras que fui, enquanto eu era tentente - depois do almoço, conversamos Zan - ele avançava sob meu seio esquerdo nú - aliás, depois do jantar.

Ele tirou o travesseiro e me olhou com um sorriso enorme. Eu estava séria.

- Zan, vamos lá, curte comigo... Não foi o álcool que nos trouxe até aqui. O que há entre a gente, vem de muito mais longe...- ele segurou meu braços em cima da cabeça e montou em mim, travando minhas pernas.

- Fala algo, Zan...

- Eu não sei o que dizer, Kelvin... Eu.... - sorri, foi a melhor resposta que podia dar naquele momento.

- Então não diz, apenas curta...

O que podia fazer? Curtir ... Já estava lá mesmo... O Kelvin se mostrou completamente carinhoso, o que me deixou mais mole.

Não quero virar fofoca na empresa, vai ser dificil segurar as linguas maldosas se souberem que eu estou com um dos executivos da empresa. A secretária que deu o golpe perfeito ou coisa assim.

E porque isso me incomoda?

Porque já existem precoceitos demais sob mim: eu sou estrangeira, só fui aceita aqui porque meu pai é Inglês, segui uma das carreiras mais dificeis do mundo, comandando uma tropa e tudo no Oriente Médio. Mulher e negra para coroar meus estigmas de vida.

Minha família por parte de mãe é bem humilde, mas vivem bem. A família de meu pai é da classe operária no Reino Unido, com condições de vida favoráveis. Estudei muito em Praia para conseguir entrar em uma bo escola em Londres, sendo aceita na Academia Real Inglesa das Armas.

Lá conheci a Patricia, dividiamos muitas coisas além do quarto no internato.

Nunca soube da real origem da Pat, só descobri que era um Scott-Young quando assumimos as patentes de soldados e nossas designações. Ela não precisava estar lá e passar por metade das humilhações que passamos como cadetes. Mas ela nasceu para isso. Ela era a melhor recruta e soldado do campus.

Conhci o Victor entre idas e vindas das missões, nos apaixonamos e nos casamos em uma cerimônia simples no Iraque, tendo o capelão da tropa como juiz.

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