Confissões - Parte 1 (1ª Rev - 15/11/16)

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Três capítulos em 1 semana - Uhuuuuuu.

Beijos

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Sentei em um banco depois de andar alguns minutos secando minhas lágrimas.

Boba.

Idiota.

Romântica.

Tola.

Já ouvia o "eu te disse do Douglas" ou "eu te avisei" do Marcos.

O desespero da Família do Thomaz quanto à ele é evidente, apesar do motivo ser uma interrogação.

Por quê?

O que sua mãe, sua irmã, seu avô escondem?

O que o próprio Douglas não me contou, mas que mesmo assim me mandou não confiar neles?

Eu sou o analgésico que ele precisa. E quanto a mim? Qual é minha prescrição? Isso faz menos sentido ainda.

Sou um nada em relação à poderosa família Scott-Young.

O pessoal na certificação deixou isso bem claro.

Nas aulas eles sempre duvidaram que eu realmente iria trabalhar no Segundo Império Inglês. Exceto o Jack e a Adila, os outros sempre soltavam piadinhas. Até que um dia o motorista de um dos executivos que estava na turma reconheceu o Jimmy e ele confirmou para quem eu e o Jimmy trabalhamos. Isso se espalhou na certificação e as pessoas pararam de me olhar atravessado, querendo que eu conseguisse oportunidade de reunires com alguns dos executivos.

A minha resposta mental era: "Vá se foder!". Mas eu sou educada e dizia:

- Vá catar coquinhos - em português.

Eu até preferia que continuassem me encarando como uma mentirosa.

Mas agora estou aqui em um dos cartões postais da Inglaterra, chorando por que não ouvi a razão. Fui dar "ligança" à porra de minha ai.... deixa para lá.

Ela não tem culpa, a dona que é louca.

Sou uma analista de sistema, louca, nerd e carente.

A droga toda é essa Ceci. Sua eterna carência, quando vai aprender?

A ironia é: se eu salvar ele, quem me salva?

Ouvi um som de alguém se aproximando, sabia que era ele sendo empurrado pelo Oliver, estava em uma área gramada, com algumas pedras, de difícil acesso para sua cadeira sem um esforço extra.

- Obrigado Oliver.

- Senhor estarei aqui perto, é só acenar.

Ele fez uns minutos de silêncio, me observando. Suas mãos descansavam impacientemente nos encostos da cadeira e seus dedos da mão direita brincavam com os botões à sua disposição.

- Quando tive a certeza que não andaria mais, fiquei um mês em casa sem ver ninguém. Nem mesmo abria as cortinas. Não sabia de fazia sol, se chovia... Só tentava acabar com o estoque de bebidas do mundo. Estava na casa dos meus pais e minha mãe todos os dias ia ao meu quarto e limpava a bagunça que eu deixava. Ela mesma, sem empregados. Não dizia uma palavra sequer. Apenas limpava tudo.

Ele respirou devagar.

- Um dia meu avô apareceu e mandou que eu parasse de humilhar minha mãe daquele jeito. Se eu queria morrer, que morresse em minha casa. Depois que ele saiu peguei o telefone, liguei para uma imobiliária e comprei a casa que moro hoje. Enquanto adaptavam a casa resolvi procurar fisioterapia e meios de me voltar a andar, mas parecia que um passo que dava para frente, dois eram dados para trás.

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