Leslie

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Capítulo 1

Da janela do meu quarto dava para sentir a brisa e o vento que vinham e pairavam por ali. Eu estava exausta de ficar presa naquele cômodo que, embora estivesse decorado com meu gosto, estava completamente vazio e sombrio, rodeado por sentimentos depressivos deixados ali por não ter mais ninguém para compartilhar aquilo, além da música. Eu raramente saía, e meus pais nunca passaram uma imagem clara o suficiente de Deus para mim. Mas eu sabia, que apesar de tudo, não estava sozinha, e que podia contar com Ele sempre que precisasse.

Faltava apenas uma semana para começar as aulas e, naquele ano, eu não estava entusiasmada para isso. Talvez por já estar traumatizada pelas expectativas mais uma vez decepcionadas, embora soubesse claramente que eu não devia criar expectativas. Mas eu não mandava em minha mente, ela agia por conta própria. Resolvi sair do meu quarto para tomar um ar, quando ouvi o barulho da porta.

Meus pais haviam saído, então fui atender. Quando abri a porta, era um cara que trabalhava no colégio que eu estudava, vestido com uma calça jeans e uma camisa por baixo de um casaco de couro marrom. Estava com uma carta na mão, na qual me entregou:
--- Bom dia, Leslie. Seus pais estão em casa? Entregue isto para eles. Nos vemos daqui uma semana, não?
--- Creio que sim! -- eu disse, tentando ser simpática.
Fechei a porta e sentei no sofá da sala, abrindo o envelope. Era um bilhete da escola, escrito com letras de forma.

"Caros pais ou responsáveis,
Venho por meio deste, comunicar a vocês que as aulas de seu(a) filho(a) começarão no dia 20 de fevereiro e, como chegou alguns alunos novos, haverá mais alunos esse ano. Portanto, os uniformes demorarão um pouco mais para chegar.
Atenciosamente: A Direção"

Não sei ao certo o motivo, mas enquanto lia, senti uma leve aceleração no peito na parte que falava "chegarão alguns alunos novos". Talvez tivesse sobrado uma certa esperança em mim de que esse ano pudesse ser diferente. De qualquer forma, preferi não alimentar essas esperanças, para não ser decepcionada novamente.

Deixei o envelope com o bilhete no sofá e subi para o meu quarto. Peguei meu casaco que estava pendurado na cabeceira da minha cama, fui em direção a porta da sala e saí. Fui sem rumo procurar algum lugar que me trouxesse paz e tranquilidade, embora não conhecesse nenhum e achasse que realmente não existia nenhum, não naquela cidade.

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