Uma boa proposta

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Acordei com medo de sair de casa, tendo um provável vírus por ai não seria o mais seguro a se fazer. Depois de muito insistir e explicar para minha mãe e irmã que elas não deveriam sair finalmente aceitaram.
-Então você também deveria ficar em casa querida. -falava a mamãe em tom preocupado.
-Eu preciso resolver assuntos importantes, mas volto logo prometo. Não fale sobre isso com ninguém mamãe, não tenho certeza de nada, e isso pode provocar certo desespero na população.
-Mas... - sai de casa para não prolongar mais essa conversa, já estava tudo explicado.

Eu e Liam decidimos faltar aula, em meio a tudo isso assistir aula de matemática não tinha nem uma importância.

-Dá pra me contar tudo logo?! - o Liam estava sentado num banco na praça, eu caminhava de um lado pra o outro inquieta.
Todo esse assunto me deixava muito anciosa, inquieta e amedrontada.
-Dá pra você se acalmar, por favor? -finalmente parei e sentei ao seu lado.
-Vai, fala logo.
-A Área B36 se tornou um centro de combate, tem muita coisa acontecendo lá, coisas bem importantes. Sei que você adoraria ir para lá certo? -disse olhando em meus olhos.
-Nossa, claro, mas isso é quase impossível. Além disso aposto que só têm homens lá, como eu me fantasiaria de homem? Tenho nem tamanho pra isso.
-Calma Megan -ele sorriu- Ninguém está falando para você se fantasiar de homem.
-Então oque isso tem a ver com oque ta acontecendo aqui?
-Você vai poder ir para lá, ver, nem que for de longe seu pai e seu amigo, mas para isso você vai ter que me apoiar numa mentirinha para meu pai.
-Ta bem... -fiquei meio que sem palavras- mas seu pai não vai me decaptar em praça pública por isso não né?!
- Não, se ele não descobrir.-Liam deu um sorrizinho abafado. 
-Se é pra ir para a B36 eu te ajudo nessa mentirinha. Mas é oque a final?
Ele se manteve quieto durante alguns segundos e finalmente disse:
-Namora comigo?
-Que?
-Não de verdade, só para meu pai. Ele diz que já estou velho demais pra não ter nem uma namorada. E que...  Se eu continuar assim vai me mandar logo para o exército. E...  Não tenho a mínima vocação para isso, já tentei algumas vezes, nunca deu certo. Ele acha que gosto de homens e não de mulheres sabe... Ele prefere me ver morto do que com um homem...

Fiquei meio perplexa com oque ele acabara de dizer, como ainda existem pessoas tão preconceituosas?!

-A...  Claro. Eu vou sim! Acho que fingir ser sua namorada não vai ser tão difícil. Mas.. Você realmente gosta de homens?
-Claro que não Meg - ele sorriu- só não achei a pessoa ideal.
-Mas e minha mãe e a Anna, Liam? E essa doença?
-Nem uma dessas caixas entraram na B36, mas não podemos leva-las conosco Meg.
- Não posso deixá-las aqui Liam. Se elas não forem também não irei.
-Olha-ele fez uma pausa pensativa- podemos comprar mantimentos para elas, pelo menos por algumas semanas, para que não saiam de casa. Se você ficar provavelmente será infectada, e elas também serão.
-Liam, eu preciso pensar, tudo bem?
-Pense, saímos daqui à quatro dias.
-Tudo bem-falei com o coração apertado.

Me despedi do Liam e fui direto para a casa da Alisson, o David me pedira para cuidar dela e era isso que eu estava fazendo quase que todos os dias.

Ao chegar já senti um clima estranho no ar, tinha um carro preto, cujo eu nunca tinha visto, parado em frente à casa.
Bati na porta e uma voz feminina diferente disse:
-Entre.
Abri a porta, a Alisson estava chorando no sofá, ao seu lado uma mulher morena com um olhar extremamente abatido como se já tivesse chorado por horas. Mais desconhecidos na sala, um homem com barba feita, cabelos loiros e olhos verdes talvez marido da morena, um jovem que aparenta ter uns 25anos com olhos verdes como os do pai e cabelos negros como o da mãe e finalmente um garotinho de uns 9anos com as mesma feições do irmão.
-Quem é você? -me perguntou o garotinho.
-Megan, sou uma amiga da Alisson. Você sabe porque ela está chorando?
-O titio ta no céu agora.
Tio? Isso quer dizer que o pai do David morreu? Meu Deus.
Entrei em total aflição. Espero que o D não saiba disso. Pobre David. Isso deve ser tão difícil. Jamais imaginei isso acontecendo.
Me dirigi à Alisson, e ficamos num abraço por bastante tempo.
-Minha nossa, e o D? Ele sabe disso? Como ele está? Não ter resposta é tão difícil, querida Meg. -disse ela num sussurro em meio aos soluços.
-O D está bem, Ali. Ele até subiu de posto, ele me enviou uma carta, mas disse que não poderá enviar mais. Questão de ordens da Área,  provavelmente. Fique calma.-disse em um tom suave.

Me dirijo à cozinha, precisava mesmo de um copo de água com açúcar, minhas mãos já estavam trêmulas.

Isso pode acontecer com meu pai. Pode acontecer com o D. Pode acontecer com minha mãe, com minha irmã. Fico imaginando o quão difícil seria para mim perder algum deles.

Em quanto bebo minha água o garoto mais velho entra na cozinha.

-E quem é você? -antes que eu pudesse responder ele me interrompeu- Amiga da Alisson? Provavelmente uma namoradinha do David- disse ele em tom de deboche.

Simplesmente o ignorei, não estava com cabeça para responder à ignorantes.
Me dirigi de volta a sala mas quando passei por ele fui impedida por uma mão apertada em meu braço.

-Me larga. -disse entre dentes, não queria alarmar ninguém na casa.
-Pobre garota- ele soltou um riso sarcástico- Oque quer? Esta grávida e espera que o David morra para receber dinheiro da velha?
-Cala essa boca.
- Vem fazer, sua golpista. Será que não vai querer dinheiro para ter uma noite de amor comigo? - não me contive, meti a mão na cara do garoto, porém ele revidou e com muito mais força que eu, cai.

Logo todos que estavam na sala já se encontravam na cozinha por conta do barulho do meu corpo chocando-se contra os armários baixos da cozinha.  -Oque está acontessendo aqui? -perguntou Alisson com um olhar de fúria para aquele garoto, que não respondeu.

Em quanto isso sua mãe me ajudava a levantar. Pelo menos ela era mais educada que o filho.

-O que te deu para levantar a mão à uma moça?-perguntou o pai do garoto.
-Mas ela me bateu. -disse aquele idiota firmemente.
-E você me caluniou, me ofendeu!- não consegui me calar.
-Pouco importa garoto! Ela poderia ter feito o que for! Não lhe dá motivos para agredi-la! As vezes me pergunto se você é realmente nosso filho. Você me envergonha.

Saí de lá me despedindo com um aceno de cabeça para o garotinho e sua mãe. A Alisson me levou até a porta.
-Desculpe-me querida.
-A senhora não teve culpa alguma. Até mais.

Ainda conseguia ouvir os gritos do homem com seu filho. No momento não sentia compaixão alguma por ele.
Meu ombro latejava. Uma forte dor penetrava minha cabeça. Sem contar a provável marca vermelha de cinco delos em minha bochecha.

-Alô? Meg?
-Me encontra no parque perto da minha casa? Eu já tomei uma decisão, Liam.

Precisei ser agredida para poder tomar minha decisão. Mas por algum motivo eu tinha certeza do que queria.
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Borboletta: Caminho Para A VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora