Chapter 8 : Sr. Riquinho que come lesma

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Depois disso Sean não falou mais nada, apenas dirigiu até a saída da garagem. O silêncio permaneceu até entrarmos na avenida principal.

- Bom Emma, já está bem tarde e eu tenho certeza de que você ainda não comeu. O que acha de pararmos em algum lugar? Conheço alguns restaurantes muito...

- Não, - interrompo rapidamente - não precisa eu posso comer em casa mesmo. – Não queria ser chata, mas queria me prevenir. Estava morrendo de fome, porém não podia ir jantar com Sean, a gente se conheceu a menos de 1h, pelo amor de Deus!

E com certeza eu não tinha dinheiro para comer nos restaurantes que ele está acostumado a ir, ou em qualquer restaurante, se fosse um dogão talvez. Também não ia aceitar que ele pagasse a conta, poderia passar uma impressão errada – não quero te atrapalhar, eu nem estou com fome. Bem na hora pensei que podia ir ao DogBurger's perto de casa. Tuck, o dono da barraca, vendia o melhor lanche do planeta. Pensando no lanche meu estômago me traiu, fazendo um barulho bem alto e foi óbvio que Sean ouviu.

Porque a noite podia sim ficar pior.

- Não é isso que seu estômago me diz. Ficaria honrado de ter a sua companhia – pela primeira vez depois desse tempo de silêncio Sean me olhou e sorriu – Vamos?

- Tudo bem, talvez eu possa estar com um pouco de fome. Só um pouco...

Seu sorriso aumentou – Ótimo! Conheço um restaurante que faz o melhor escargot de Nova Iork, é aqui perto. Conheço o chef e podemos

- Esca-oque? – interrompo sorrindo – Você tá falando daquela lesma do mar que o povo rico come? – pergunto meio alto demais.

Sean começou a gargalhar, colocou até a mão no estômago. Não entendi o porquê da graça, ele deveria achar engraçado me chamar para ir comer lesma e ainda achar isso super normal ou até mesmo legal!

Ele ainda ria quando me respondeu - Escargot Emma. É um molusco e uma delícia, você deveria provar. É o melhor prato do Amélie.

- Tanto faz, vem tudo do mar. Erg... Nojento quem como isso? Sério? Eu disse que estava com fome não desesperada!

Sean voltou a rir, como se eu estivesse fazendo uma piada. Estava me sentindo uma idiota.

- Muitas pessoas Emma, é um prato muito caro. Algumas pessoas gastam uma fortuna por ele.

- Pessoas doidas né?! Esses riquinhos que gastam dinheiro para ficar comendo lesma e ainda acham isso super legal. Vai entender. – Digo sincera.

- Bem, acho que me classifico em um desses doidos, riquinhos – agora Sean me olhava com graciosidade, como se eu fosse uma criança fazendo birra. Seu sorriso ficou ainda maior.

- Sinto muito... - começo.

Aquele sorriso de Sean para mim não era mais de desejo nem malícia. Ele me olhava com alegria, e sorria com inocência como um amigo. Parecia mais calmo e solto, diferente de como estava há poucos minutos. Conseguia ver mais o homem por de trás daquele terno. Então ele parou de sorrir e me olhou preocupado.

- Perdoe-me Emma, eu estava brincando.

- Eu estava dizendo – o interrompo novamente – que sinto muito por você nunca ter provado uma comida de verdade, Sean. Isso é realmente uma pena.

Seu sorriso reapareceu. O olhando, rindo desta forma, não consegui conter meu próprio sorriso, então eu ri junto com ele. Tentei segurar com meus lábios, mas não consegui.

- Então, nada de Escargot? – perguntou.

- Não, nada de lesma do mar, eu quero comida de verdade!

Sempre sua Luce (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora