Light Blue, Dolce & Gabbana

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                                                                  ~ Castiel ~

A pessoa que enviou a mensagem perguntava se eu iria para a faculdade hoje. Respondi com um simples "Sim", eu não tinha muita vontade de ir assistir aqueles professores ministrarem algo que eu detestava, mas precisava passar desta fase, então não poderia faltar muito mais e como já não tinha ido ontem hoje precisava dar as caras. E pela briga que tive ontem com Scott — ou hoje, se levarmos em conta que a "lavação de roupa suja" iniciou às duas da manhã — Acho melhor não dar motivos para que ele se chateie mais.

Coloco meu "bebê" — como meu irmão a chamava — dentro da capa para evitar que acumulasse poeira, eu podia não ser organizado — notasse pela zona de guerra que era meu quarto — mas cuidava bem daquilo que interessava, ou da única coisa que interessava.

Sigo para meu guarda roupa.

Deslizo as portas de correr, abro a primeira gaveta e tiro de lá uma calça Jeans escura — estava amassada, como já previa — No momento eu não vestia nada mais que uma boxer cinza, odiava roupas me "prendendo" durante a noite então quando percebi que o sono embalava-me fiz questão de tirar minhas vestes para não correr o risco de acordar de um ótimo sono no meio da madrugada com roupas sufocando-me.

Pus a calça de modo desanimado e preguiçoso já que ainda não tinha acordado totalmente. De início recusei as blusas a minha frente, já que estava em casa não fazia questão de usá-las — por mim trilharia só de cueca pela casa — Scott não tinha este mesmo hábito, mas não me impedia de fazê-lo, porem alertava-me de usá-la quando houvesse visitas, e como já era previsto que certa garota de encantadores olhos âmbar daria uma passadinha aqui — como em todas as manhãs — revi meus conceitos e vesti uma blusa preta com uma caveira na frente e uma jaqueta de couro. Calcei meu tênis e depois num ato inconsciente — ou quase — tirei a corrente prateada que havia ficado por dentro da blusa. Lá estava um delicado pingente que consistia num par de asas angelicais, lembro-me perfeitamente de quem me presenteou com este colar e o que senti quando o recebi, foi o melhor presente que já ganhei. Levo aquele pingente a meus lábios e o beijo, era tudo o que tinha dela, tudo o que poderia ter dela.

"Um par de asas para um anjo" foi o que ela disse.

Na hora ri e desconversei, mas ela nunca saberá como aquelas palavras me tocaram, todos sempre diziam que de anjo eu só tinha o nome, que era na verdade um demônio, porem com ela era diferente. Ela não me julgava, só acolhia, não reclamava de meu jeitão fechado e grosso, até gostava dele. Acho que foi por isso que me apaixonei, ela era diferente das outras garotas — diferente de todo mundo — Ela não queria que eu mudasse, gostava da minha forma de ser, e eu a amo por isso.

Busquei a vida toda por conforto, e por muito tempo só tive um porto seguro em Scott, e foi então que ela chegou e abalou minha vida assim como minhas estruturas, e eu permiti... Não devia ter permitido.

Sentei novamente na poltrona e coloquei a corrente para dentro da blusa novamente, assim poderia senti-la perto do meu coração. Permito que meus pensamentos encontrem lembranças dos momentos em que passei tendo sua companhia, as mais belas recordações daquela garota que mantinha em meu coração.

— Droga, se fosse para sofrer assim eu preferia nem ter te conhecido — penso alto puxando meus cabelos com raiva de mim mesmo, de meus sentimentos renegados — Queria tanto te ignorar, mas é impossível, você é tão doce, tão amável...

Levanto-me novamente e abro a gaveta do criado-mudo, tiro de lá um pequeno amontoado de folhas unidas por uma capa de couro preta, aquele bloco de notas era meu refugio, só ele sabia o que se passava em meus pensamentos — igualmente os temores de meu coração, só para estas folhas contei da paixão proibida que prendeu-me pelos três anos anteriores numa jaula de culpa — Aqui eu escrevia músicas e minhas inspirações, por isso nunca caçoei das meninas que revelavam ter diários, afinal este modesto caderninho não é tão diferente, certo?

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