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Acordei com um barulho metálico batendo contra as grades da minha cela e levantei com o ódio no olhar.

— Bom Dia Flor do Dia — Roger falou arrastando as palavras, segurando uma xícara térmica, donde ele batia nas barras de metal e fazia aquele som infernal ecoar pelo ambiente.

Reclamei e tampei a meus ouvidos

— Você é um ser do demônio!

— Vamos lá, é meu último dia nesse inferno, seja legal uma vez na sua vida — ele falou irônico.

Levantei e fiquei sentada na cama, cheguei até a grade e ele deu um passo para trás, gosto quando os eles fazem isso, é a fraqueza deles, o medo. Sinto o cheiro de longe.

— Parabéns! Vai sair do inferno mas vai ficar sozinho! Você não tem amigos, sua família inteira morreu! — o olhar dele era de puro ódio, eu sorri — Você já tem 63 anos Roger, não tem mulher, nem filhos, admita ninguém te quer. Você é só um fantasma ninguém vai lembrar de você quando morrer, você é tão invisível quanto eu...

Ele ficou com raiva e tentou socar pra dentro da grade, mas eu cheguei pra trás.

— Tá com raiva? — provoquei e encostei casualmente na parede do outro lado — Você tem a chave, entre aqui e tente a sorte  — ele trancou o maxilar acirrando seus olhos para mim — Ou tem medo? — provoquei

Ele tirou a chave do bolso mas uma mão agarrou o pulso antes que fizesse qualquer movimento.

— Quer que ela fuja de novo? — disse a voz grossa.

—Diretooorrr — cantarolei — Quanto tempo...

— Já pode ir, o garoto novo já chegou. — o diretor dispensou-o com um aceno de mão.

— Adeus Roger, até nunca mais — eu despedi com um aceno de mão exagerado, super feliz.

— Espero que esse garoto dure — disse o diretor passando a mão pelos cabelos.

— Não vai ser uma surpresa se não durar não é diretor. Depois dos meus últimos 9. — me vangloriei

— Em primeiro lugar, você fez 5 deles enlouquecerem, 2 desistiram e os outros 2 se aposentaram. Como você faz isso?

— Eu sou impossível. E vocês continuam tentando, que amor. — eu falei — E como está sua filha?

— Numa cadeira de rodas, onde você á colocou. — ele disse olhando para o corredor.

— Ah é, aquele tiro foi certeiro! — brinquei

Era na verdade triste, há muito tempo, uns 4 anos, teve um farsante que estava se fingindo de policial para tirar uma amiga minha daqui, o diretor estava com a filha dele, Camille, de 16 anos, no refeitório. Então os tiros começaram, lutamos contra os policiais, eu iria atirar no policial mas eu acabei acertando na coluna vertebral de Camille por um infeliz acidente.

— E como a Cami ficou? — perguntei irônica, eu era a criatura fria aqui, não podia demonstrar que foi um acidente, ou que me sentia triste por isso, ou o respeito se esvaia, era assim que funcionava.

— O sonho dela era ser bailarina, e você estragou isso. — ele disse, sua raiva era eminente. — Você não tem coração? Sentimentos ?

— Ops — falei fingindo culpa. — Acho que perdi algo assim a muitoooo tempo

— Enfim aí está ele — o diretor pegou no ombro do garoto — Esse é seu novo policial.

Ele era jovem, na verdade jovem demais, inexperiente, vai ser fácil acabar com ele.

— Clarissa esse é Lucas,seu novo guarda pessoal.

— Hum — olhei com desdém — Não vai durar uma semana — sussurrei perto do Diretor.

— É o que vamos ver. — ele responde de volta me desafiando

— Você quer fazer uma aposta com o demônio? — tentei apostar, sendo completamente ignorada

— É um prazer — Lucas disse sorrindo completamente alheio da minha conversa aos sussurros com o diretor.

— Awww ele é educado — fingi fofura — Aposto um pão de queijo tamanho família que ele não dura 2 dias. — sussurrei de novo pro diretor.

— Apostado — ele sussurrou de volta — Vou deixar vocês a sós — E foi embora.

— Então — pendurei meus braços na grade da minha cela — Novato, quantos anos tem?

— 25 — ele respondeu

— Nossa, muito novo. Como te deixaram entrar aqui?! Parece um bebê num brinquedo de terror.

— Bom Treinamento e uma paciência enorme. — ele sorriu

— Isso porque não me conhece — falei o desafiando — Vamos ver

— Você não é má de verdade — ele falou e meu sorriso desapareceu — Você apenas tem uma história triste.

Pessoas não são más de verdade. É um quesito psicológico. 

—Você não sabe nada sobre mim —-ameacei

O barulho estridente vindo do refeitório soou alto nos meus ouvidos e fez um eco enorme na minha cela

— Ah!-tampei os ouvidos, alarme de almoço.

— Hora do lanchinho — ele falou sorrindo e balançou as algemas na minha frente.

— Se falar lanchiNHO de novo eu mato você — eu disse e ele riu, pegando as chaves da minha cela no seu bolso

O Policial e a Prisioneira {MINI} (COMPLETA) Onde histórias criam vida. Descubra agora