66°

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Narração de Bela:

Bela: Miguel?
Miguel: Bela? Não sabia que você tinha voltado. - diz me olhando fixamente
Bela: Cheguei ontem à noite.
Miguel: Eu vim falar com a Lua... - diz sem graça
Bela: Ela já foi para a loja.
Miguel: Ata, então vou até lá - diz passando a mão no cabelo.
Quando ia fechar a porta, ele me chama novamente.
Miguel: Seu cabelo ficou maneiro. - sorriu e eu retribui
Bela: Obrigada, decide mudar um pouco.
Miguel: Vou ser direto. O nosso tempo já acabou? - pergunta esperançoso
Bela: Er... Acho melhor termos essa conversa depois.
Miguel: Tudo bem então. Acho que já vou indo - ele da um sorriso amarelo e sai andando. Solto a respiração que estava prendendo e fecho a porta.
Você precisa conversar com ele Anabela, deixa de ser imatura. Eu mudei e tenho que por em prática essa minha mudança. Mas agora eu não consigo.
Me jogo no sofá novamente e logo meu celular apita. Era uma mensagem do Biel.

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WHATSAPP

Biel: Está em casa já?
Bela: Ahham, cheguei ontem de noite.
Biel: Entendi. Não não nem poder ir ai te ver gatinha, to trabalhando agora.
Bela: Tudo bem, a gente se vê no torneio de surf hoje.
Biel: Já é, flw

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Não sei o porque, mas senti um alívio por ele não vir até aqui. Cliquei na janela do Miguel e o desbloqueei, a última vez que ele havia visto foi há 17 minutos. Eu ia mandar uma mensagem para ele, mas achei melhor não. Não queria parecer bipolar demais.

Narração de Japa:

Vitória era extremamente chorona. Não parava um minuto. Ela chorava por fome, por sono, por tudo. Em todos os momentos parecia que alguém a estava enforcando.
Eu já não tinha mais disposição para nada e quase não tinha a ajuda do Caíque, não é que ele não me ajuda, mas ele voltou a treinar e tudo está nas minhas costas.
Eu quero voltar a fazer a faculdade e não sei o que eu vou fazer ao certo. Me jogo na cama após amamentar a Vitória pela quarta vez no dia. Eu sinto como se meus olhos tivessem vida própria e que fossem se fechar a qualquer momento. Eu ainda não me recuperei muito bem da cirurgia na perna e toda vez que eu andava, eu sentia muita dor. Pego meu celular e vejo às horas: 08h:27min.
Eu queria tomar um banho, mas tinha medo que a Vitória acordasse e ficasse sozinha por muito tempo.
Fechei os olhos com força e sinto minha mente relaxar completamente.
Acordo em um sobressalto com o choro fino invade o quarto. Encaro a babá eletrônica e por pouco não começo a chorar.
Me levanto lentamente e saio do quarto, entro no quarto e ela está até vermelhinha de tanto chorar.
Japa: Oh, minha filha! - me aproximo do berço e a pego no colo, a sacudindo de leve - Não é possível que você esteja com fome. - ela para de chorar imediatamente ao ouvir minha voz e fica me encarando com seus pequenos olhinhos negros, como se minha voz a acalmasse. Começo a cantarolar uma musiquinha e aos poucos ela vai se relaxando completamente. Como ainda vejo seu biquinho manhoso, me sento na poltrona que tem ali e dou mamá para ela, que aceita de bom grado. Minha filha é uma máquina devoradora de leite. Ela fecha os olhinhos, mas não deixa de sugar meu mamilo. Passo meu dedo por sua cabecinha e fico a acariciando.
Assim que ela dorme, verifico sua fralda que está limpa e a coloco no berço. Ela agora dorme como um anjo. Saio do quarto sem fazer barulho e ia tomar um banho quando ouço o som da campainha. Desço a escada e abro a porta. Tenho certeza que fiquei pálida ao ver meus visitantes.
Japa: O que vocês estão fazendo aqui?

Simplesmente Lua ❄Onde histórias criam vida. Descubra agora