70°

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Narração de Japa:

Eu estava a ponto de matar o Caíque. Não acreditava que ele havia me deixado sozinha para ir em um boteco comemorar a merda de um jogo. Fora que ele não estava nem me dando atenção. Posso estar sendo egoísta, mas preferia que ele não tivesse voltado a jogar. Eu sei que ele me perguntou e tudo mais, mas eu sei o quanto ele ama o futebol e eu jamais deixaria ele parar de jogar por minha causa.
Nesse momento estou no hospital com a Vitória. Ela estava bastante enjoadinha e com febre um pouco alta, por isso decidi trazê-la ao dr. Fábio que estava responsável por sua saúde.
Eu esperei até 00h:00 e nada dele chegar, por isso vim sozinha. Ele nem me ligar, ligou. Eu descobrir por acaso em um site de notícias que os jogadores decidiram farrear após o jogo. Eu estava cuspindo fogo.
Dr. Fábio: Bianca, eu mediquei a Vitória e ela conseguiu dormir um pouco. Você sabe que ela poderia a qualquer momento sofrer com problema pulmonares e isso está acontecendo. Ela já está bem, dei um medicamento à ela e deixarei ela de observação.
Japa: Que bom que ela está melhor. - digo me sentindo mais aliviada - Esse problema pode acontecer novamente?
Dr. Fábio: Infelizmente sim, como ela nasceu prematura e seu pulmão não estava pronto ainda, isso pode acontecer frequentemente. Como ela ainda tem somente 1 mês, não poderei fazer exames mais detalhados para saber se ela tem algum problema que irá à acompanhar para o resto da vida. Estou fazendo tudo que está ao meu alcance.
Japa: Obrigada. - digo sentindo uma bola em minha garganta.
Dr. Fábio: O senhor Caíque não veio acompanhar a senhorita?
Japa: Ele está ocupado. - digo sentindo a raiva subir novamente.
O Dr. se despede e se afasta indo atender outro paciente.
Ligo novamente para o Caíque e como da vez anterior, estava desligado. Eu estava decepcionada.

Narração de Caíque:

Eu estava doido para voltar para casa e ficar com a Bia, mas os caras decidiram de última hora e me arrastaram junto. Minha cabeça estava explodindo e eu só desejava um banho e cama, mas não queria fazer desfeita. Quando deu 01h:00min, decidi que já havia ficado bastante tempo naquele lugar, me despedi de todos e fui até o meu carro, destravei e entrei no mesmo.
Procuro meu celular que sempre deixo no carro e logo o acho jogado no chão. Não sei como ainda não havia quebrado. Ligo o visor e dou de cara com 7 chamadas perdidas da Bia. Puta merda! Eu me esqueci de avisar a ela. Ela deve estar louca atrás de mim e com razão. Disco o número dela e coloco o celular no ouvido, escuto chamar mas cai na caixa postal. Merda!
Coloco a chave na ignição e ligo o carro, dou partida e em poucos minutos chego na minha casa. Estaciono o carro de qualquer jeito, pois estava exausto para abrir a garagem. Saio do carro e tranco o mesmo, entro em casa e vejo tudo apagado. Elas com certeza estavam dormindo. Subo a escada e antes de tudo passo no quarto da minha filha. Dou de cara com o berço vazio, coço a cabeça e saio do quarto dela, entrando no meu em seguida. Mas estava vazio também. O desespero já começou a subir, pego o celular no bolso e ligo para ela mais uma vez e dessa vez ela atende.

IDL

Caíque: Graças a Deus! Aonde você está, Bi?
Japa: No hospital, Caio Henrique.
Caíque: Hospital? Aconteceu alguma coisa com a Vitória?
Japa: Aconteceu, Caio. Mas você não se importa né, nem foi pra casa. Vai ficar com seus amigos, é o melhor que você faz.

FDL

Narração de Japa:

Assim que desliguei o telefone, não me arrependi nem um pouco. Eu estava certa e com a razão. Eu larguei minha vida, faculdade e minha família para ter a minha bebê, não que eu me arrependa longe disso, mas eu larguei definitivamente tudo para cuidar da Vitória e o Caíque não move um músculo para fazer qualquer coisa por ela. Eu sei que ele não tem tempo, mas sair para beber e ficar sem me avisar ainda, e logo hoje que a Vitória passou mal. Eu já não sabia mais o que fazer com essa situação e acho que o melhor realmente era acabar logo com tudo isso. Fui interrompida dos meus pensamento com alguém me chamando, nem precisei olhar para saber que era o Caíque.
Japa: Tá fazendo o que aqui?
Caíque: Nossa. Eu vim ver nossa filha.
Japa: Ela está bem, tá. Pode voltar para onde você não deveria ter saído.
Caíque: Eu entendo que você esteja brava, Bi. Mas eu tenho como explicar.
Japa: Então vai, explica. Vamos ver se me convence. - digo cruzando os braços.
Caíque: Eu sai do treino hoje mais tarde porque eu vou ter um jogo importante, como havia dito para você e que vou precisar viajar, enfim. Fiquei treinando até tarde e depois nos reunimos e fizemos um jogo simulando e tal, quando terminei eles decidiram ir até um barzinho. Eu não queria ir, juro Bianca. Mas ficaria feio se só eu não fosse.
Japa: Pera aí que eu não estou acreditando nisso, Caio. Sai da minha frente, seu babaca.
Caíque: Bianca, por favor. Eu sei que agi errado e to arrependido de verdade, mas não estou mentindo quando digo que queria realemnte ir embora.
Japa: Não fala comigo, tá? Você não me ajuda em nada com a Vitória, só fica na merda daquele treino e ainda se acha no direito de sair para beber.
Caíque: Eu já pedi desculpas.
Japa: E eu já disse que não vou te desculpar e muito menos voltar para casa com você.
Caíque: O quê?
Japa: Não, não. Eu fico em casa e você que vai sair. Eu não quero nem olhar pra sua cara.
Caíque: Tá, mas a gente ainda vai casar? - vejo desespero em seu rosto e quase volto atrás, quase.
Eu estava extremamente magoada e não queria aquilo.
Japa: Você me mostrou que não tem condição de ser um pai. Então acho melhor eu ser somente a mãe da sua filha.
Caíque: Bianca, você não pode fazer isso comigo. Eu te amo, cara!
Japa: Eu também te amo, mas depois de hoje... - estalo a língua - a Vitória vai ficar em observação por hoje. Vou até a lanchonete, qualquer coisa me chama. - digo e saio sem olhar para trás.

Simplesmente Lua ❄Onde histórias criam vida. Descubra agora