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Narração de Guto:

Eu amava meu novo trabalho. Eu mexia com as duas coisas que eu mais gostava; Crianças e futebol.
Eu não me arrependia nem um pouco de ter largado o futebol, afinal agora eu só tinha cabeça para a Lua e fazer dela a minha mulher oficialmente, mas ela era dura na queda e não cedia de jeito nenhum. Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca.
Estava ajudando um garotinho a se alongar, quando meu celular começa a tocar no bolso da bermuda. Peço para que ele continue a fazer os movimentos e pego o celular, me afastando um pouco para atender.

IDL

Guto: Lua?
Lua: Guto, você pode voltar para o hotel?
Guto: O que houve?
Lua: Eu preciso falar com alguém. Por favor, vem pra cá.
Guto: Se acalma, eu to chegando.

FDL

Encerro o treino e vejo a cara de tristeza no rosto das crianças, mas era a minha mulher que precisava de mim. Troco de roupa e bato o ponto, indo embora em seguida. Foi complicado chegar rapidamente no hotel, já que tinha bastante trânsito. Assim que chego, estacionou o carro e saio do mesmo. Entro no hotel e subo pelo elevador. Assim que chego no meu andar, entro no quarto mais que rápido e a vejo deitada de bruços, com o rosto tampado. O que mais me preocupou foi o fato dela estar tremendo de tanto chorar.
Guto: Lua! - me sento na cama e ela rapidamente se joga no meu colo, escondendo a cabeça no meu ombro enquanto chorava.

Assim que ela se acalmou por completo, afastou o rosto de mim e passou a mão no rosto para limpar os restos de lágrimas.
Guto: Quer me contar o que aconteceu? - pergunto colocando algumas mechas rebeldes que escaparam de seu rabo de cavalo.
Lua: Eu nem sei como te contar isso, porque eu mesma não sei ainda direito o que aconteceu.
Guto: Não estou entendendo.
Lua: Eu vi uma pessoa hoje e eu acho que era a minha mãe.
Guto: Sua mãe?
Lua: É, minha mãe biológica.
Guto: Mas... Como?
Lua: Não faço a mínima ideia.
Guto: Ela falou que é a sua mãe ou você reconheceu ela?
Lua: Bom, ela era a única pessoa que me chamava de Aninha, e ela me chamou assim. Eu não tenho como reconhecer ela porque eu só tinha 5 anos e só me lembro vagamente do rosto dela.
Guto: Ta vendo, vai ver bem é sua mãe mesmo. Qualquer um pode te chamar assim.
Lua: Mas é esquisito demais.
Guto: Não é não, vai ver ela é uma fã das suas roupas.
Lua: Ai, que vergonha! Eu sai correndo e nem deixei ela falar.
Guto: Só você mesmo, Lua.
Lua: Eu fiquei nervosa, tá.
Guto: Chega de falar nisso, né?
Lua: Isso. Vira a página. Não conta pra ninguém, ok?
Guto: Não vou contar, princesa.

Narração de Lua:

Acordei com um friozinho nas pernas. Olho pela janela e o sol já está se pondo. Pego o edredom e jogo por cima de mim e do Guto.
Ele dormia virado pra mim e parecia ter um bom sonho, já que estava com o semblante sereno. Aproximo minha mão de seu rosto e começo a mexer em sua barba cheia. Enfio meu rosto em seu pescoço buscando sentir o cheiro dele para voltar a dormir.
Meu pensamento ainda estava na mulher hoje cedo. Eu não conseguia deixar de me lembrar de seu rosto. Ela tinha olhos azuis opaco já que não tinha brilho, cabelos dourados escuros. Ela era bela, mas estava bem mal tratada e acabada. Eu tentava tirar isso da minha cabeça, mas não consigo de forma nenhuma. Eu perdi uma grande oportunidade, eu deveria ter ficado lá e esperado a resposta, mas sai correndo igual uma criancinha. Eu tenho medo dessa história toda volta à tona e acabar me desgastando. Eu não quero que ela e nem nenhum deles voltem para a minha vida. Minha mãe é a Marisol e meu pai é o Marcos, e nada iria mudar isso.
Eu to pensando em mim, mas o que mais me apavoraria seria contar para a Bela. Ela sempre foi a mais revoltada nessa história, tanto que ela nunca nem me fez nenhuma pergunta sobre eles. Ela não aguentaria ficar cara a cara com o passado dela e eu vou impedir isso à todo custo.

Narração de Lua:

Levantei da cama com disposição zero, mas queria dormir em casa hoje. Calcei minha sapatilha e fui no banheiro. Estava totalmente desorganizado, as vezes eu penso que não aguentaria viver na mesma casa que o Guto. Se eu quiser encontrar uma bola de futebol, pode ter certeza que vou encontrar no banheiro dele.
Me aproximou da pia e me olho no espelho. Eu estava com cara de soninho, até que não estou tão ruim. Abro a bica e coloco minhas mãos em forma de concha para encher, em seguida jogo no meu rosto. Pego a toalha de rosto que estava ali e enxugo meu rosto. Penduro a toalha novamente e me analiso novamente no espelho, agora apenas meu nariz está vermelho dando um contraste com o resto pálido. Que horror!
Saio do banheiro e pego minha bolsa em cima da cama, me sento em uma poltrona e vasculho minha bolsa até achar meu espelhinho, lápis e rímel. Assim que os acho, passo tudo para não ficar tão "apagada" e guardo tudo. Pego um batom rosa que achei ali e passo o mais fraco possível. Guardo tudo na bolsa e a jogo de volta na cama. Refaço meu rabo de cavalo e me levanto da poltrona. Dou um beijo na testa do Guto, pego minha bolsa e saio do quarto. Desço pelo elevador e depois vou andando para casa. Quando chego, entro e está tudo escuro. Mas logo vejo a Bela deitada em um colchão que estava estendido no chão, enquanto o notebook está ligado em cima da mesinha na Netflix.
Lua: Cheguei, coisada!
Bela: To vendo.
Lua: Cade a minha mãe?
Bela: Você só me pergunta isso, né? Como eu vou saber?
Lua: Nossa, vejo que a TPM chegou.
Bela: Sai daqui, Analua! - solto um riso e vou direto para o quarto.
Deixo minha bolsa na cama e troco de roupa para uma mais confortável. Pego meu celular e já tinha uma mensagem do Guto.

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⏰ Última atualização: Apr 14, 2017 ⏰

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