Prólogo

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Alguns anos atrás...

— Não acredito que você me convenceu a isto! — Ele aponta para sua roupa.

— É o aniversário da sua irmã! — chamo sua atenção enquanto dou um nó em sua gravata. — Não é sempre que se faz dezesseis anos, Leo.

— E por isso tenho que ficar igual a um pinguim em um baile de máscaras? — Ele faz uma careta.

— Para um cara de dezoito anos, você reclama demais. — Termino o nó e dou duas batidinhas em seu peito. — Pronto, velhinho! Luana vai ficar encantada com você.

— Ela tem que agradecer a você, princesa. — Ele acaricia o meu rosto e mal posso evitar os arrepios que percorrem o meu corpo.

— Leonardo! — repreendo-o.

Ele me puxa para mais perto, nossos rostos estão a centímetros e meus olhos estão fixos na perfeição daquela boca. Fico tão presa àquela energia que nem percebo alguém entrando.

— Atrapalho?! — Milena, minha irmã, pergunta irritada.

— Não — ele responde com um sorrisinho de canto de boca. — Estava só agradecendo a Bia pela ajudinha com a gravata.

— A mamãe está te chamando — ela resmunga e saio antes que as coisas fiquem feias.

Não quero ser um empecilho na amizade da Milena e do Leo. Desde que me conheço por gente, eles são amigos e, por mais doce que ela seja, quando se trata da Alison ou de mim, mais parece uma fera enraivecida. Se ela desconfiar dos meus sentimentos pelo Leo, tenho certeza de que entrarei em uma verdadeira guerra.

Desço as escadas o mais rápido que posso e logo que chego à sala dos Hatcher, dou de cara com minha mãe me encarando. Hoje, um leão feroz seria um gatinho perto de Cláudia Albuquerque.

— Não acredito que precisei vir te buscar, Beatriz. — Ela enlaça meu braço. — Todo mundo já está arrumado, menos você, que decidiu ficar de papo. — Sua expressão furiosa me causa arrepios. Nem perco meu tempo discutindo e deixo que me arraste de volta para casa.

Todo ano, Luana praticamente obriga seus pais a gastarem uma fortuna com suas festas glamorosas, mas tenho que dar meu braço a torcer, pois, dessa vez, ela realmente se superou com o tema. Por mais encantador que um baile de máscara possa ser, fazer uma festa com esse tema no Rio de Janeiro é tortura na certa.

Por isso, aqui estou eu, sentada há mais de uma hora com a minha mãe, tentando fazer com que meu cabelo fique cacheado. Não sei se ela ainda não percebeu, mas isso é uma missão impossível. Estávamos quase perdendo as esperanças, e também a bunda, quando os inúmeros laquês, gel e cerveja finalmente decidiram fixar alguns cachos, não sei se por insistência dela ou pena de mim.

Pego o vestido delicado de cima da cama e deslizo pela cabeça. Ele é lindo e se adapta perfeitamente ao meu corpo. Para uma menina de apenas 16 anos, tenho curvas além da conta e tive medo de que o vestido ficasse um tanto vulgar. Mesmo não tendo decote, suas costas são completamente nuas. Dou uma olhada no espelho e mal posso evitar que meu queixo fique no lugar.

— Você está linda — minha mãe fala emocionada e um sorriso tímido escapa pela minha boca. — Vire-se!

Com cuidado, ela amarra a máscara em meu rosto e dá um último retoque em meu cabelo.

— Tem certeza de que tenho que ir assim? — Sinto-me nua demais.

— Você está linda. — Ajeita mais uma vez meu vestido. — Pare de ser boba e aproveite a festa. — Minha mãe me dá um beijo leve no rosto e sai do quarto.

Inquebrável - Um amor pode durar para sempre?Onde histórias criam vida. Descubra agora