Capítulo #64

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Eu fiquei tão feliz ao vê-la acordar, a melhor sensação que já senti na vida, minha vontade era pular em cima dela, mas ela ainda estava bem fraca, então me contive em ficar só olhando pra ela, ela olhava ao redor, como se desconhecesse o lugar e tudo a sua volta, ela me olhou novamente, eu sorria como uma boba, porém ela parecia assustada ao me olhar, e isso começou a me incomodar, quando eu ia lhe perguntar se estava tudo bem, ela falou antes de mim:
- Quem é você? - ela não parecia está brincando, e isso realmente me assustou.
- Você ta brincando né, Manu? Bem engraçado isso!
- An? - ela não parecia está brincando, ela continuou me olhando como se não me reconhecesse mas também não me falava nada. Eu também não falei mais nada, ela já havia soltado da minha mão, passei um tempo a olhando como se não tivesse entendendo, mas ela não teve nenhuma reação, eu então me afastei da cama e fui em direção à saída, meus olhos já estavam cheios de lágrimas, se ela me esqueceu, eu sem dúvidas à perdi de vez, os pais delas iriam aproveitar pra tirar essa coisa de lésbica da vida dela, acabou de vez e eu nem posso fazer nada, abri a porta e ela então falou:
- Como é fácil te enganar, te odeio Ni!! - meu coração acelerou na hora, parecia não ser real, eu me virei e ela estava de braços cruzados com a cara emburrada, já eu estava com um sorriso de ponta a ponta, eu nem pensei corri e lhe dei um abraço apertado, esqueci até que ela estava no hospital:
- Te juro que se você não tivesse nesse hospital eu iria te matar de beijos!!
- Só de beijos? Haha
- Você realmente está boa!! Kkkkkk, Eu to tao feliz por isso, você nem imagina o quanto eu sofri esses dias, porque você fez isso? Eu fui do céu ao inferno em poucas horas, minha vida parecia ter acabado, nossa, não quero nem pensar nisso de novo.. - só de imaginar já estava quase chorando.
- Desculpa amor.. Eu estava morta em vida, eu não tinha ânimo pra viver longe de você, nada me deixava bem, meus pais não saíam da minha cabeça, não paravam de me encher, e ainda iam me mandar pra outro país, eu não estava feliz, só tinha vontade de morrer, minha única preocupação era ter que te deixar sozinha, te deixar sofrer, mas eu seria egoísta se te chamasse pra fazer isso comigo, seus pais são pessoas maravilhosas e não mereciam esse sofrimento.. - ela falou isso quase chorando, eu então lhe dei um abraço e ficamos em silêncio por um tempo, eu quebrei o silêncio falando:
- Que bom que não morreu meu amor.. Eu já estava pensando, se você se fosse o que eu ia fazer da minha vida?
- Você iria achar uma outra garota..
- Nunca!! Fala isso nem de brincadeira, não existe essa outra garota, eu pertenço à você e sempre vai ser assim! - demos uns pequenos beijos leves e calmos.
- Como vai ser agora, ein Ni? O que será que vai acontecer com a gente agora?
- Acho que não devemos pensar nisso agora, você precisa se recuperar e focar no vestibular..
- Nossa ta falando igual à minha mãe, vai me mandar estudar também? - sorrimos.
- Isso mesmo, precisa focar na sua faculdade Manuela! Haha
- kkkkkkkk idiota, meus pais te deixaram vim aqui numa boa?
- Sua mãe foi na minha casa, ela leu sua carta pra mim e pra minha mãe, foi tudo muito tenso, eu acabei acusando ela de várias coisas, foi um chororô só, mas no fim ela me pediu desculpas e prometeu que se você saísse dessa, ela iria nos deixar ficar juntas.. Maas eu acho que isso não vai acontecer, assim que cheguei seu pai ia me pôr pra fora do hospital mais uma vez...
- Sério, que meu pai te pôs pra fora daqui? Por isso fiz o que fiz, que drogaaa de vida!!
- Calma, amor.. Ta tudo bem agora.. - eu ia continuar a falar, então os pais de Manu entraram no quarto..
- Filha!? Você acordou! Graças à Deus..
- É, eu to melhor agora..
- Manuela, você quase nos mata de preocupação!
- Pai, eu ainda não estou tão bem assim ta.. - vi que eles precisavam conversar, então me despedi de Manu, que não queria que eu fosse, mas eu sabia que tinha que ir, prometi voltar à noite, o pai dela não achou muito legal, mas não falou nada, enquanto a mãe dela estava mais de boa e disse que seria bom que eu voltasse, até me surpreendi com ela, fiquei mais aliviada em saber que ao menos a mãe de Manu estava 'nos apoiando'. Sai do hospital, encontrei minha mãe me esperando, pedi pra que ela me deixasse no parque, eu estava precisando ficar um pouco sozinha, desci no parque e fui direto pra árvore que eu e Manu chamávamos de nossa, sentei lá e passei cerca de meia hora, pensando na loucura que tinha sido esses dias, ouvi alguém se aproximando e pra minha surpresa era um casal de mãos dadas, mal acreditei quando vi, era a Jú e Gabi, se aproximaram e pararam em minha frente, eu fiquei surpresa, não sabia que estavam juntas e essas foram as minhas palavras pra elas:
- To bem surpresa com o que to vendo, tudo bem com vocês?
- Tudo bem sim, nós ficamos sabendo da Manu.. Eu sinto muito, ela está melhor?
- Sim, ela já saiu do coma e já acordou também.. Uma pergunta, vocês estão juntas??
- Sim! Estamos!
- Ahh, que coisa, eu não sabia.. Tudo bem rápido ne?
- Sim, coisas da vida.. Mas enfim, a Jú tem uma coisa pra te falar, não é mesmo Jú? - eu não estava entendendo muito bem e a Jú parecia sem jeito pra falar.
- É.. Bom, eu queria te pedir desculpa..
- Desculpa? Pelo o que?
- É que... eu que falei pra mãe da Manu, que vocês estavam no ap da Gabi, e acho que causei uma confusão que poderia ter tirado a vida de Manu.. Me desculpa.. - eu me levantei enfurecida, não estava acreditando que ela tinha sido capaz de ir tão longe assim.

Minha lésbica vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora