Capítulo #17

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#Ni
Quando olhamos para porta, eu não podia acreditar, era Manu, ela estava pasma e eu sem ação. Pude perceber o sorriso malicioso e de certa felicidade de Ágata. Sai da cama e fui em direção a Manu:
- O que ta fazendo aqui? - perguntei, meio sem jeito.
- Eu.. Não importa, eu já estou indo, desculpa, sua mãe me pediu pra subir, mas eu não sabia que não estava sozinha, desculpa, eu já to indo. - pude perecer os olhos de Manu cheios de lágrimas, aquilo doeu em mim. Ela desceu as escadas, olhei pra Ágata e disse que precisava falar com Manu, ela  apenas fez sinal de positivo com a cabeça e eu então fui atrás de Manu.
- Espera, Manu. - falei a segurando pelo braço. - Olha eu.. - ela me interrompeu.
- Não fala nada, ta bom? Eu prefiro não ouvir o que você quer me dizer, eu prefiro não ter que ouvir que tudo isso é minha culpa, que você está me dando o troco, pela minha mentira, porque eu já estou sofrendo o bastante, pra ter que ouvir isso tudo de novo. - ela falou chorando. Eu acabei não me segurando e chorando também. Ela então chegou mais perto e nos olhamos, como da primeira vez, como quando ela ainda nem me amava, naquela noite em que me declarei pra ela, em que entreguei o colar, era o olhar mais lindo que já vi, seus cílios estavam ainda mais lindos, pois estavam molhados de suas lágrimas, eu a abracei fortemente, parecia ser o último abraço, quando nos afastamos, continuamos a nos olhar e falamos juntas uma pra outra: eu te amo. Minha vontade era de beijá-la e não largar nunca mais, de morar no abraço dela, que era o melhor do mundo, mas não dava pra esquecer o que tinha acontecido, ela colocou o colar com o grão de arroz em minha mão e foi embora, e não olhou pra trás. Fiquei olhando ela se distanciando, mas não fui atrás dela. Enxuguei minhas lágrimas, e subi pra falar com Ágata.
- Não precisa falar nada Ni, eu to indo embora, a gente se vê na escola. - ela me deu um beijo na bochecha e também foi embora.
Me peguei ali no meu quarto sozinha, sem saber o que estava acontecendo com minha vida, um final de semana q perdeu todo controle.

#Manu

Fiquei totalmente desnorteada com tudo aquilo, eu sabia que tudo era minha culpa, eu destruí tudo, e isso me deixava ainda pior, eu parei debaixo de uma árvore e fiquei ali, olhando pro nada e pensando em tudo, era impossível não chorar, por pensar que foram tão poucos os momentos que tive com a Ni. Eu sabia que Ágata não daria sossego e fiquei ali, pensando se eu deveria continuar na vida da Ni, ou sair de vez, pois com tudo isso que aconteceu, eu machuquei ela, e isso me doía também. Fui pra casa, ainda caminhando, quando cheguei meus pais estavam em casa e me perguntaram se eu estava bem, falei que sim, que tudo era apenas cansaço, mas que eu iria me deitar pra ficar bem. Passei o resto da tarde e da noite no quarto, o clima na galera estava bem estranho, por conta de mim e da Ni, a Talita me ligou e me contou os comentários da festa e como se não pudesse piorar, fiquei sabendo que estava rolando um vídeo do beijo que a Jú me deu na festa, ou seja, eu estava muito ferrada, meus pais não podiam sonhar que eu era lésbica, ou que estava me envolvendo com uma garota, minha vida só piorava a cada minuto. Minha mãe veio no meu quarto, logo achei que ela já estava sabendo do vídeo.
- Manu, oq está acontecendo? Você não saiu desse quarto hoje, aliás saiu e nem falou pra onde ia. - eu não queria conversar com minha mãe, eu sabia que ela não era homofóbica, mas tudo muda quando se trata de mim.
- Eu to legal, acho que bebi demais ontem, é apenas uma enxaqueca, jajá passa. - e dei um sorriso forçado. Já que ela estava ali, decidi tocar nesse assunto, só pra sentir um pouco da reação dela.
- Então Mae, eu li numa revista, uma história sobre uma garota que estava em dúvida se gostava de garotos ou garotas... Coisa estranha isso né?
- Bem estranho. - ela falou sorrindo. - Nessa idade, surgem muitas dúvidas, mas essa é uma que você tem que ter certeza, antes de expor pra sociedade, existe muita gente que não aceita, ou não entende, que julga e precisa ser muito forte pra aguentar tudo isso.
- Mas você me aceitaria, mãe?
- Não é questão de aceitar, existe muita coisa envolvida nisso, acho que é questão de tempo, mas iria ser um choque muito grande, pra mim e seu pai. - ela sorriu estranho, como se não tivesse essa possibilidade. Meu pai a chamou ela então me deu um beijo e saiu.

Minha lésbica vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora