Allowing Yourself To Love [HIATUS]

Se Adaptando

Sinto uma pele gelada em contato com meu antebraço.

- Lauren. - Uma voz distante chama meu nome. - Lauren, acorde.

Se for Judith que entrou em meu quarto sem permissão, ela irá se arrepender pois não tenho aula hoje.

- Lauren. - Um suspiro cansado. -Lauren, você está viva?

Mas aquela não era a voz da minha governanta.

Antes disto eu estava no País das Maravilhas, bem diferente do que aquele que a menininha lourinha visitou.
Haviam pirulitos coloridos plantados no chão e árvores com balas de gelatina pelos galhos, um ótimo fato para compensar os doces inexistentes na casa de Marcus.

Ah, sim. Agora eu morava com Marcus e era ele quem me perturbava. 

- O que é que você quer? -Se estava mal humorada, piorei ao ver que não se passavam das três da madrugada.

- Preciso te pedir um favor.

Preparo meu psicológico para os favores de meu irmão.
Aos poucos fico sentada na ponta da cama, com o raciocínio ainda lento.

- Tom acabou de pedir para que eu voltasse ao hospital. -Ele explica. -Temos uma cirúrgica de última hora e bom, não posso recusar. Você sabe como são os médicos, nós fizemos um juramento e...

- Vá direto ao ponto.

- Preciso que leve Théo para a escola, eu só volto para o almoço. Pode fazer isso por mim? -Antes que eu pergunte como vou saber onde Théo estuda, Marcus interrompe minha futura fala - Ele sabe o caminho.

- Tudo bem.

Volto a cobrir meu rosto com o cobertor. Nunca senti tanto sono, e agora acredito nessa bobagem toda de fuso horário.

- Obrigada. -Marcus sorri aliviado.

Apago a luz do abajur e antes que Marcus saia do meu quarto diz várias outras coisas que ignoro.

Sinto dedos passeando pelo meu nariz e boca, como se tivessem "estudando" meu rosto.

A luz forte cega meus olhos por um instante, e quando enxergo nitidamente me deparo com um pijama de carrinhos.

- O que você está fazendo?

- Bom dia, tia Lauren. -Desvia o assunto.

Tenho a impressão de que ele usa um pouco de sarcasmo na forma em que pronuncia Tia. Talvez seja só impressão.

- Não quero você no meu quarto. Aliás, o que você está fazendo aqui?

- Na verdade, eu estava procurando o papai. -Ele explica. -Não o encontrei e vim ver você.

- Eu não tenho nada a ver com isso, seja lá o que for.

- Desculpe.

Sua expressão mudou rapidamente. Preciso ser mais amigável.

- É que eu pensei que você sabia onde papai estava, já que ele não foi me acordar hoje.

Droga. A escola.

De acordo com o horário de Théo nós só temos quinze exatos minutos.

Escovo os dentes ao mesmo tempo que prendo meu cabelo em um elástico, depois só coloco um moletom por cima da blusa. É por isso que prefiro dormir de blusa e calça ao invés de camisola, muito mais prático.

- Ei, o que você está esperando? -Vejo Théo sentado sem fazer absolutamente nada.

- O café da manhã -Dá de ombros.