Capítulo V

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Enquanto isso há alguns quarteirões dali, Rafael saiu do hotel com Beatriz para levá-la em alguns pontos turísticos.
- O que está achando do nosso passeio princesa?- Perguntou Rafael.
- Estou curtindo muito, pois estou contigo. - Respondeu Beatriz automaticamente.
- Ótimo, passear com os amigos é muito bom e você percebeu como os pássaros estão alegres? E nem imaginam que a qualquer momento podem ser mortos, por um moleque atrevido. - Disse Rafael friamente mudando o assunto da conversa.
- Nossa como você é calmo em falar esse tipo de coisa, mas tudo bem, me diz o que você achou de mim? Eu sou a sua praia? - Perguntou Beatriz ansiosa pela resposta.
- Bia, adoro você como amiga, é somente isso, pois sou como um lobo, não me apaixono e não quero me machucar com você. - Disse Rafael.
- Entendo, mas você nunca teve um amor? - Perguntou Beatriz.
- Sinceramente não, meu pai me colocou em um colégio interno e eu sempre queria orgulhar ele com minhas notas. E um dia comecei a me aproximar de uma garota, mas foram somente alguns dias, ela me falara que eu era único e que era apaixonada por mim, deixei-me iludir até o dia em que estava saindo da escola com meu pai e a encontrei com outro garoto se beijando, foi duro pra mim, eu já a considerava única, mas fui enganado e daí percebi que o amor não está do meu lado e meu pai deu a chance para mim esquecer essa história, me retirou daquele colégio. - Disse Rafael com os olhos gélidos observando a delegacia.
- Não é bem assim, ela não te merecia e você nem tentou outra vez, o que deveria ter feito. - Disse Beatriz.
- Talvez, mas passou, já foi, nunca vou saber se conseguiria amar novamente. - Disse Rafael.
- Sabe Rafael, sinto que você recentemente está muito estranho, não parece aquele rapaz que conheci em um assalto. - Disse Beatriz.
- Me perdoe, acho que o fato de me deparar com o passado e depois ser divulgado para todos sem ao menos ter chance de explicar o motivo, é um pouco constrangedor. - Disse Rafael.
- Lógico, como não pensei nisso, você deve estar muito mal. - Disse Beatriz abraçando Rafael. - Me diga, o que estamos fazendo aqui perto da delegacia? Você está pensando em esclarecer o acontecimento à polícia?
- Não. Melhor voltarmos não acha? Creio que você queira comer algo, não é? - Perguntou Rafael, sorrindo finalmente para Beatriz.
- Não só eu, como você. - Disse Beatriz, retribuindo o sorriso.
Enquanto voltavam, Felipe resolveu ir ao hotel onde Beatriz estava, pediu informações sobre Beatriz para a recepcionista, ela simplesmente disse que a garota a qual ele se referia estava sim hospedada, mas não se encontrava no momento. Felipe esperou por uns dez minutos e decidiu que iria embora e voltaria mais tarde, mas antes de sair resolveu deixar um recado com a recepcionista, ela decorou quase tudo, mas Felipe lembrou que Beatriz não mandava muito bem com a tradução e poderia entender tudo errado e teve a ideia de escrever. "Beatriz, estive longe de ti, mas meu sentimento sempre te acompanhou e agora"... Mas Felipe parou de escrever no mesmo momento que viu Beatriz chegando com outro rapaz, ele simplesmente colocou a toca e deixou o bilhete em cima do balcão. Quando Beatriz chegou com Rafael, a recepcionista a chamou e entregou o bilhete. Rafael acompanhou a leitura de Beatriz ,então, ele surpreso tanto quanto Beatriz perguntou:
- Quem te mandou esse bilhete? Não tem remetente?
- Não, não tem. - Respondeu Beatriz automaticamente, nervosa pelo fato de não saber quem havia deixado o bilhete. Então Rafael optou perguntar à recepcionista.
-Mi può dire che ha lasciato questo appunto?- perguntou Rafael.
- Io non ti conosco, so che ha trascorso qualche minuto qui. - Disse a recepcionista.
- Era italiano? - Perguntou Rafael.
- Non lo so, ma parlava da tempo la lingua. - Respondeu à recepcionista.
- O que ela disse?- perguntou Beatriz acompanhando Rafael até ao um banco do lado da porta.
- Ela disse que não sabe quem era e que ficou alguns minutos por aqui, além disso, não soube me dizer se era daqui mesmo, mas, falava muito bem o idioma italiano. - Respondeu Rafael colocando as mãos na boca. - Só pode ter sido o Miguel.
- Mas, se fosse ele a recepcionista o reconheceria, você não acha? E por que você está com essa cara de quem corre perigo? - Perguntou Beatriz.
- Ele sabe muito bem disfarçar, mas tudo bem não é? Você que está sendo cantada e ninguém está em perigo, eu só estou pensando como ele não disse nada para mim. - Disse Rafael.
- É, poderia ter assinado. - Disse Beatriz.
- Tudo bem, vou subir, fique a vontade. - Disse Rafael segurando as mãos de Beatriz.
Rafael pegou o elevador e ao chegar no segundo andar, no qual ficavam seus quartos, foi direto ao quarto do Miguel, sem bater na porta, entrou e encontrou Miguel sentado em sua cama fazendo uma maquete da praça da cidade e com rispidez Rafael chamou a sua atenção.
- Levanta daí. - Disse Rafael puxando ele pela blusa. - Qual foi? Ficou apaixonado pela novata?
- Qual é cara? Me solta, e não tô apaixonado por ninguém. - Respondeu Miguel se livrando das mãos de Rafael.
- Não? A tá e aquele bilhete para ela? Achei que seu coração pertencia a Estér, mas percebi que ela o perdeu. - Disse Rafael.
- Entendi, só podia ser a Estér para inventar uma dessas. - Disse Miguel quase tranquilamente.
- Ela não inventou nada, eu vi, mas ela me disse que você tava com segredinho com a Beatriz, qual é? Você começou com isso, agora tem que terminar, não importa se você não quer, pois vai de qualquer jeito. Fui claro? - Perguntou Rafael, furioso e observando Miguel, mas ele não respondeu. - Fui claro ou não? - Perguntou mais uma vez, mais alto quanto da primeira.
- Sim. - Disse Miguel, e logo em seguida Gabriel chegou.
- Que gritaria é essa aqui? - Perguntou Gabriel.
- Hoje às vinte horas, na frente da delegacia. - Disse Rafael bem baixinho, Miguel apenas consentiu.
- Nada demais Gabriel. - Disse Miguel observando Rafael se retirar do quarto e batendo no ombro de Gabriel.
- Ele tava te ameaçando?- Perguntou Gabriel seriamente olhando para o corredor.
- Não, me esquece, sai daqui, me deixa só. - Disse Miguel o tirando do quarto e batendo muito forte a porta, ele derrubou tudo o que estava na sua frente e em seguida queimou sua maquete.
O restante do dia foi frio, torturador, cheirava morte para Miguel, ele não saiu do seu quarto após a visita de Rafael, não conversou com ninguém e nem ao menos se alimentou. Para Beatriz a tarde foi repleta de publicações nas redes sociais, Gabriel e Estér passaram a tarde jogando vídeo game. Enquanto isso, Felipe estava pensando em como encontrar-se com Beatriz, ficou muito tempo ensaiando algumas falas. E Rafael não se encontrava em nenhum lugar do hotel, o que gerou preocupação para Gabriel que até aquele momento não estava entendendo nada.
- Cadê o Rafael que não apareceu para disputar o campeonato conosco?- Perguntou Gabriel.
- Ele tinha que comprar algumas coisas pra hoje à noite... - Respondeu Estér.
- Hum. E o que o nosso saudoso amigo vai fazer hoje à noite. - Perguntou Gabriel.
- É hoje, o grande dia, o mais esperado por nós! - Exclamou Estér sorridente.
- Nossa, agora eu entendi, o porquê da discussão mais cedo, mas agora isso não importa, você parece estar ansiosa. - Disse com um sorriso sarcástico.
- Por que não? Isso é só o começo. - Disse Estér.
Já eram dezenove horas, Felipe desistiu dos ensaios e estava pensando em voltar para casa, ele pensava consigo mesmo: "Ela está com outro, o que faria ela me querer, se um dia ela já me deixou". Então, resolveu sair um pouco para distrair e pensar melhor na decisão.
Enquanto isso, Miguel se preparava para convidar Beatriz para dar uma volta. Ele se vestiu muito bem, tomou alguns compridos, mas ainda continuava nervoso, então, decidiu ir logo ao quarto de Beatriz.
- Beatriz abre a porta, sou eu, Miguel.
- Oi, nossa como está bem arrumado, aonde você vai?- Perguntou Beatriz.
.
- A pergunta seria, aonde nós vamos? Pensei em te levar para curtir essa noite lá fora. O que me diz? - Perguntou Miguel.
- Então foi você mesmo que deixou o bilhete?
- Que bilhete é esse? - Perguntou Miguel.
- Você é um cara sério, mas gosta de fazer brincadeiras, não é? - Perguntou Beatriz sorrindo para Miguel e fechando a porta devagarinho. - Vou me trocar, daqui a dez minutos estou de volta.
Esses dez minutos foram duradouros, Miguel observou Gabriel e Estér saírem de seus quartos e irem em direção ao elevador sem trocarem uma se quer palavra com ele, somente Gabriel deu um toque com seu dedo na própria testa e apontou para ele, depois disso esperou só mais um minuto e Beatriz já estava pronta.
- Nossa, como está linda, por que tudo isso? - Perguntou Miguel.
- Pois me sinto bem e estou com você. - Respondeu Beatriz.
- Ok, você pegou todos os seus documentos? - Perguntou Miguel.
- Sim. - Disse Beatriz conferindo a sua bolsa.
- Principalmente a identidade?- Disse Miguel.
- Sim, mas por que tanta preocupação? - Perguntou Beatriz.
- Só quero me assegurar. - Respondeu Miguel entrando no elevador seriamente e abotoando sua camisa.
Miguel consultava o relógio frequentemente e mudava sempre a direção tomada por Beatriz.
- Sabe, acho que ficar com você pode ser uma grande aventura, começar a me adaptar com o teu jeito... - Disse Beatriz sendo interrompida por Miguel.
- Desculpa, mas eu não posso fazer isso, eu simplesmente te convidei para sair, eu adoraria estar contigo em todos os momentos, mas não posso, não agora. - Disse Miguel com a voz rouca.
- Vocês são um pouco diferentes dos garotos que vivem na minha cidade. - Disse Beatriz sorrindo. - Mas entendo e, além disso, você disse que gostaria de estar comigo e creio que deve estar em uma relação complicada.
- sim, mas agora vamos por ali. - Disse Miguel apontando o dedo para a direção da delegacia.
- O que vamos fazer lá? Rafael me trouxe aqui mais cedo e não achei que seria o lugar ideal para um encontro. - Disse Beatriz.
- Lógico, mas de lá seguiremos em frente, duvido que você já tenha ido por lá. - Disse Miguel.
- Verdade.

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